Acordo de manhã com uma dor de cabeça e decido passar por uma farmácia antes de ir para o centro de estágio. Levanto-me espreguiçando-me e vou até à casa de baho para fazer a minha higiene diaria. Volto para dentro para decidir o que vestir. Abro o armário e retiro de lá um vestido preto com renda a termina-lo, sorriu e tiro o meu pijama colocando direito debaixo da almofada. Deixo o vestido escorrer pelo o meu corpo e vou à sapateira para tirar as minhas botas pretas com tachas. voala.
Desço as escadas num passo apressado visto de tinha meia hora para entrar, não quero chegar atrasada logo do primeiro dia.
"Bom dia." Digo assim que entro pela cozinha a dentro. Vejo a minha deitada sobre a bancada. O meu instinto desperta. Corro para junto dela. "Mãe."
Ela mexe-se e levanta a cabeça para olhar para mim.
“Estás bem?” Olho para ela, tem um ar cansado e vulnerado. As lágrimas querem sair por ver o estado da minha mãe mas detenho-me.
“Estou bem, um pouco cansada. Os efeitos secundários, já sabes.”
“Eu levo-te ao hospital mas primeiro alimenta-te.”
“ Não querida, vai, eu apanho um táxi se te deixa mais aliviada, tens compromissos.” Diz quase a implorar.
“Ok... mas vou estar com o coração nas mãos o dia inteiro.”
“Não te preocupes, vai lá.” Sorrio e dou-lhe um beijo. Pego no meu batido, num pacote de oreos e uma maça. Vou direta ao bengaleiro pegando na minha mala e na minha camisa, caso arrefeça.
“Até logo mãe.” Saio porta fora já com as chaves do carro à mão pronta para entrar no carro. Está calor, o que não é muito frequente aqui em Doncaster, estamos em Agosto altura onde as famílias mais numerosas decidem tirar umas semanas de férias e irem para a costa ou para o estrangeiro apanhar banhos de sol e mergulhos. Eu nunca tive muito esse luxo, os meus pais nunca foram uns pais de gastar muito dinheiro sempre me diziam que só o gastavam para o dispensável, e sempre cresci com esse lema. Tive sempre com notas excelentes, nunca fui rapariga do tipo sociável, nem nunca tive namorados. O meu pai abandonou-nos quando tinha os meus dez anos e o cargo dele passou para o meu irmão mais velho Mark, não falo com ele desde que saí da universidade mas sei que a minha mãe tem falado com ele diversas vezes, mas recuso-me a dirigir-lhe a palavra foi outro covarde por nos ter deixado.
Estaciono o carro e pego nas minhas coisas que estão no lugar do pendura, uma vez só tem dois lugares. Fecho a porta e vou em direção a entrada abrindo a porta. Logo deparei-me com Paul a ler o jornal logo de manhã.
“ Bom dia Paul.” Sorrio.
“Bom dia Miss Benson. Pronta para o primeiro dia de trabalho?” Oiço-o enquanto começava a subir as escadas para o meu gabinete.
“ Já nasci pronta.” Gargalho. “ Ah outra coisa podia emprestar-me o jornal depois de o ler?” Digo parando e descendo as escadas de novo para que o pudesse ver.
“ Entregá-lo-ei daqui a pouco.”
Subi de novo e entro no meu escritório. Assim que entro inalo o cheiro proveniente do mesmo, novo. Coloco as minhas coisas na poltrona castanha e tiro de dentro da minha mala o meu iPod para ligar a aparelhagem que se encontrava no meio da estante. Artic Monkeys. Estava em modo aleatório, por isso, não sei o que ira tocar. Play.
“Arabella's got some interstellar-gator skin boots
And a helter skelter around her little finger and I ride it endlessly
She's got a Barbarella silver swimsuit
And when she needs to shelter from reality
She takes a dip in my daydreams
Dancei até à janela e abro um pouco para o ar circular. Deixo os meus cabelos esvoaçarem ao ritmo do vento e olho para baixo e vejo os rapazes a olharem para mim, pescoços direcionados para mim enqaunto deixavam um pequeno sorriso nos lábios possivelmente pela figura. Corei. Rapidamente, volto para dentro e sento-me na cadeira e levo as minhas mãos a cabeça. Que vergonha.
“Just might have tapped into your mind and soul
You can't be sure.”
Assim que o maravilhoso Alex Turner pára, oiço a bater à porta. Olho para a mesma e recomponho-me arranjado o meu cabelo e a roupa.
“Entre.”
“Posso menina Benson?” Pergunta Paul espreitando para porta.
“ Claro. Mas por favor trate-me por Mary, tenho só 22 anos.”
“ Peço desculpa…Mary.” Sorri. “Aqui está o jornal e aqui esta os relatórios dos jogadores do ano passado dê uma vista de olhos e faça os seus apontamentos." Fez uma pausa. “ Começaram agora os treinos, depois no final irei apresenta-la e amanhã começara à séria.”
“ Obrigado, Paul por tudo. “ Levanto-me e dou-lhe um abraço. Adoro abraços e ele merece.
“ Se precisar de algo. Chame-me.” Apontando para o telefone. Eu assenti e volta a sair da sala.
Olho à minha volta e direciono o olhar para o montão de papelada em cima da mesa. Grrrr. Lembro-me que ainda não comi e o alerta disparou. Mas antes de me por a trabalhar levo a minha mão ao bolso da minha mala.
Uma mensagem. Mark. Não sei se ei-de de responder ou simplesmente ignorar. Segunda opção. E volto a fazer o que inicialmente era para fazer, ligar à minha mãe.
“ Filha.” Responde depois de 3 bips.
“ Onde andas?” Pergunto olhando para as minha mãos enquanto me sentava na cadeira.
“ Acabei de entrar no hospital. Está tudo bem?” A pergunta voa por uns segundos.
“ O Mark mandou-me uma mensagem.” Digo rapidamente.
“ E o que disse?”
“ Ignorei.” Oiço um suspiro de paciência do outro lado e reviro os olhos.
“ Acho que já chegou a hora de deixares essa mania, tens o teu emprego de sonho, és feliz acho que só te falta fazeres as pazes com o teu irmão.” Faz uma pausa. “Ele tem saudades tuas.”
Tinha razão, uma estupidez minha, não falar com ele. Mas tinha as minha razoes, um mês depois de ser diagnosticado cancro na minha mãe ele decidiu imigrar para Londres, deixando-nos sozinhas, podendo ter ficado cá.
“Ok vou responder-lhe.” Suspiro.
“ Obrigado, querida.” Podia ver o seu sorriso de vitória.
Desligo e vou as mensagens. Carrego no nome dele e aparece uma meia dúzia de linhas.
“ Olá maninha, já lá vai um ano que não nos falamos. Eu sei que tinha opções mas Londres seria a melhor escolha para mim, vou passar uns dias aí com a Clara para colocar, as novidades em dia. Estou muito orgulhoso de ti. E sinto muitas saudades de tuas. Pumpkin. Mark xxx”
Sorrio ao ler a minha alcunha e as lágrimas ameaçam sair. Tenho de admitir também, sinto imensas saudades dele.