BAILE DE MÁSCARAS

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Dois anos depois

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Dois anos depois


Ele tem cara de quem vai me pedir alguma coisa. Conheço essa cara. Conheço os trejeitos dele quando vai me pedir alguma coisa. Héron chega como quem não quer nada, zanzando pela redação, então para em frente à minha mesa, pega uma caneta e um pedaço de papel e começa a rabiscá-lo, querendo saber meu dia, como estou, o que comi no almoço ou no dia anterior.

Héron Poirier não é nenhum exemplo de simpatia. Pelo contrário. Um ano atrás, ele trabalhava em uma editora de livros, como editor. Analisava originais para publicação e era conhecido por suas críticas ferrenhas e indelicadas. Os autores da casa praticamente o odiavam quando Héron editava suas obras, porque o homem realmente não perdoa nada. "Uma porcaria", "Meu sobrinho teria escrito algo melhor. E nem sobrinho eu tenho", "Como alguém considera isso um livro?" "Lixo transcrito em folhas", "Imaturo, infantil, mal escrito, horrível", "Enredo fraco, isso pra não dizer que é uma bosta". Essa são algumas das suas críticas. Claro que suas avaliações não se resumiam a apenas "lixo e porcaria". Já o vi criticando algumas obras com propriedade. Ele é inteligente e tem conhecimento de causa pra dizer se algo é bom ou ruim e dar dicas do que e como melhorar. Só é um babaca mesmo com as palavras. Mas nunca diz esse tipo de coisa diretamente com o autor, porque sabe que esse palavreado pode desanimá-los.

Mas não foi sua antipatia que o levou a sair da editora e vir parar em uma revista jornalística. Héron apenas recebeu uma proposta muito melhor e agarrou a oportunidade de crescimento financeiro. Para nosso terror, claro, porque o mesmo que ele fazia na editora, faz aqui, com os jornalistas. Comigo.

Apesar de ser um babaca, profissionalmente falando, é um cara legal, mas é longe de ser alguém simpático com quem quer que seja. Duvido que seja simpático até mesmo com a mãe dele. Por isso sei que quando está todo amável dessa maneira, alguma coisa quer e provavelmente é algo péssimo.

— Diz logo o que você quer de mim, Héron — digo com um suspiro, erguendo os olhos do teclado onde digito uma matéria e o olho seriamente.

Ele me dá um sorriso, sentado à borda de minha mesa, brincando com a caneta e o papel em mãos.

— Há quanto tempo você está aqui, Marie? — indaga, passando os dedos de um jeito meio sensual nos lábios e me encarando.

Ah, não, belezinha. Isso não vai funcionar comigo e a última coisa que farei será dormir com meu chefe. Reviro os olhos, volto a teclar e respondo:

— Uns oito meses.

Antes disso, eu trabalhava no Le Parisienne. Foi lá que cresci como jornalista. Me dediquei um tempo na coluna de política — um assunto que sempre me agradou —, depois me colocaram em assuntos internacionais, uma área que também me interessava muito, por isso não reclamei. Não era raro, por vezes, meu editor me requisitar para outras áreas e assuntos para matérias que sairiam apenas na versão on-line ou para outras redações que pertenciam ao jornal. Nessa época, meio que como freelancer, fui parar no continente africano para uma série de reportagens sobre a ação de um jovem e rico investidor e sua filantropia no continente. Passamos por alguns países da África durante os dois meses que lá estivemos, permanecendo mais tempo na África do Sul. A matéria escrita foi vinculada a uma das revistas jornalísticas pertencentes ao grupo Parisienne; a versão em vídeo virou documentário e está disponível em uma plataforma streaming.

(DEGUSTAÇÃO) PAIXÃO IRRESISTÍVEL (Amores em Paris | Vol. II)Onde histórias criam vida. Descubra agora