iii. APAIXONEI

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"Aceitei o fato de ter me apaixonado durante muitos dias, e de novo e de novo, sem mais delongas, aceitei apenas."


Dizem que ninguém sabe realmente quando nos apaixonamos, que é algo natural que você simplesmente sente sem se dar conta, mas você sabe que lá no fundo provavelmente cada pedacinho de seu ser talvez não é mais ou mesmo.

É esquisito e não há nenhuma explicação científica do porquê nos apaixonamos apenas nos apaixonamos, sem saber a razão e o sentido daquilo.

Queria poder dizer que dói demais sentir tantas coisas por você, por um certo tempo tentei criar coisas ruins na minha cabeça a seu respeito, defeitos seus e coisas que me fizessem parar de pensar em você, mas isso se tornou impossível. Não quero dizer que você é perfeito, que não possui defeitos, quero dizer que, nem mesmo os defeitos que você enxerga em si me podem me fazer parar de sentir todo esse amor que levo aqui dentro.

No início me questionei se aquele sentimento crescendo em meu peito era real ou apenas não passava de uma admiração e afeto por você, e eu não estava errada. Só que aquilo eram mais que admiração e afeto, por isso fui tão cautelosa por causa das experiências passadas, com o passar dos meses pude conhecer de verdade aquele garoto que fazia tanta confusão dentro de mim, e depois de algum tempo sem mais incertezas, consigo dizer com muita clareza que me apaixonei por ele.

Me apaixonei mais ainda quando vi o quão empenhado ficou em ouvir cada palavra que eu dizia com atenção e dedicação, até de pequenos vestígios das coisas que me atormentavam  porque não queria assustar você, aos meus gostos peculiares e opiniões sinceras demais. Senti do peito e alma que me apaixonei de verdade quando não conseguia mais ficar sem pensar em você a cada minuto ou hora, ou sem mexer em suas mãos, ou de observar pintando e desenhando com tanta facilidade e admiração que podia ser considerado poético, com os lábios rosados em volta de um cigarro de alguma marca barata, além de admirar seu sorriso que assemelhava- se a versos de desenhos e tocar em seu rosto.

Tentei ignorar esse sentimento ao máximo e ainda tento, andei lendo mais livros que o normal ultimamente, tentando achar uma forma de afastar meus pensamentos de você. Mas, claro essa se tornou apenas uma das minhas tentativas falhas, ainda que não fossem dedicadas todas as palavras nos livros pareciam escritas para você.

Era frustante tentar ignorar esse sentimento que foi ele que fez morada em meu peito, me vi totalmente perdida quando percebi que me apaixonei pelas músicas que me mostrava, e mais ainda, pela forma como me falava delas, como se ninguém captasse os sons como ele, e quando as ouvi, sentia como se cada batida iria entrar em harmonia com as do meu coração.

Eu me apaixonei mais ainda por ele.

Me apaixonei mais ainda por sua voz quando a escutei embargada de sono, ela rouca me fez arrepiar lentamente por dentro, sem nenhuma preocupação me atingindo por aquilo quando seus braços estavam ao meu redor e sentia a sensação de que poderia chamar aquilo de lar, me apeguei mais a você quando entramos em nosso mundo assim que colocamos os pés na cozinha de sua casa, e você desabafava sobre seus piores demônios as vezes a ponto de chorar e eu sentir apertos em meu peito e apenas beijava as lágrimas escorridas de seus olhos vermelhos pelas bochechas molhadas e dizia que você me tinha e tudo ficaria bem.

Quando eu me sentia tão a vontade e me deixei cantar sem medo algum uma de suas canções, e você riu comigo e fez aquele café que me esquentou por dentro até a alma. Me apaixonei pelo jeito que me tratava, como se fosse me cobrir ao redor dos seus braços e me deixar ficar ao seu lado e apenas sentir- me como se fosse flutuar. Me deixei sentir conforto quando notei que quando estávamos próximos, você buscava apoio em meus braços e eu em suas mãos.

Me apaixonei, sem muitas voltas, sem muitas dificuldades. Eu me apaixonei por tudo o que compõe. Apaixonei- me por todos os motivos que fazem de nós dois opostos.

Aceitei o fato de ter me apaixonado durante muitos dias, e de novo e de novo, sem mais delongas, aceitei apenas.


negrito: ana martins "livro das semelhanças."

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