Epílogo

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Nunca tinha me interessado em visitar cidade aquáticas, mas vim fotografar Xitang foi minha melhor decisão. Aqui é calmo e tem muitas atrações turísticas, basicamente andei pela cidade inteira e só me restava olhar os corredores cobertos que tem quase mil metros de comprimento, estou tendo otimismo que vou conseguir tirar ótimos fotos de lá.

Tudo bem que sempre que eu estou otimista acontece completamente algo para tirar minhas expectativas, mas hoje estou de humor ótimo, nada vai me atrapalhar a tirar foto com a minha mais nova câmera fotográfica. Trabalhei por anos até poder juntar dinheiro suficiente para poder viajar pelo mundo e poder comprar uma câmera, que custou mais do que imaginava, trabalhei tanto que já estou com quase trinta anos, sem esposa, sem filhos, sem casa própria, mas tá tudo bem, eu tenho minha câmera comigo e o ótimo apoio da minha família.

Andar por uma cidade que quase não tem carros é ótimo, minimiza minhas chances de ser atropelado, acontece que estou sempre boiando nas paisagens que nunca olho por onde ando. Quando chego no bosque que possuía o corredores cobertos vi que era um lugar bastantes grande e florestal, óbvio, o céu estava cinza mostrando que logo iria chover, então me apressei para tirar as fotos. A paisagem cinza deixava tudo mais interessante na minha opinião, esse clima é realmente incrível, me preparando para ir embora percebi que tinha um grupo de pessoas que estavam todas de terno, eles conversavam em tons altos.

— Senhores, mostrarei onde a contrução precisa de reparos, me acompanhem, ela fica do outro lado da cachoeira. — eu não sou de ficar me metendo em assunto de ninguém, mas em nenhum lugar me avisou que continha uma cachoeira aqui, se tem preciso registrar. Eles todos foi por uma direção que não tinha no mapa do bosque, todos tinham um rosto sem sorrisos apenas expressões vazias e usavam ternos chiques, que isso não seja algum tipo de culto, por favor.

Um senhor de idade estava na frente  enquanto todos os seguiam, a pessoa que estava mais atrás e afastado era um garoto pálido com uma cara de tédio, e bem atrás, espiando, estava eu. Quando as pessoas começaram a sumir da minha vista, eu já estava começando a fazer as minhas orações por achar que era um culto maligno com feitiçarias, mas eles só estavam atravessando uma ponte estreita com no mínimo uns dez metros do chão, de boa, espera!, o quê?.

Meus olhos quase pularam para fora quando vi que a ponte tinha no mínimo quinze metros de comprimento até chegar do outro lado, e nem um metro de largura , fazendo o que só pudessem atravessar duas pessoas por vez, uma na frente da outra, lá em baixo estava a águas da cachoeira, que estava escuras e feroz, provavelmente por causa da chuva.

— Vamos. — um homem de cabelos curtos e grisalhos fala para o cara que estava do seu lado, ele assente e os dois foram atravessar a ponte, que na minha opinião estava bem acabadinha. Quando eles dois atravessaram apenas acenaram e sumiram do meu ponto de vistas.

— Nossa vez. — não tinha notado até então que aquele garoto quieto com cara de tédio estava ao meu lado. Por mais que estivesse  todo sério suas mãos tremiam loucamente.

— Ah, claro. — espera, talvez ele esteja achando que eu trabalho na mesma empresa que ele, ou talvez eu seja o cordeiro de sacrifício dessa ceifa de homens de ternos. — Você primeiro. — o garoto apenas deu de ombros, ele não parecia nenhum pouquinho bem, e minha alma saia do corpo toda vez que a ponte rangia ou balançava.

— Você pode por favor parar de tremer?. — ele para no meio da ponte e olha para mim que estava atrás dele. Mas não era eu que estava tremendo, e sim ele.O garoto suspira e movimento suas pernas novamente, mas assim que pousou seu pé,uma madeira de baixo do mesmo se quebrou.

— Droga, essa coisa não foi fiscalizadas não?.

— O que está dizendo?, nós viemos fiscalizar. — me olha confuso mas antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, outra madeira de baixo de seus pés cedeu, antes que ele pudesse cair por completo, agarrei sua mão direita.

— Que droga, quando eu acho que meu dia vai ser bom, me acontece isso.— me desespero tentando puxá-lo pra cima. — Droga, droga, droga. — ele não era tão pesado, possuía um corpo de um adolescente de dezoito anos e era magro, porém meus braços já estavam doendo, olho por todos os lado procurando alguém que pudesse me ajudar, mas ninguém.

— Se acalme, você tem capacidade, se não tivesse não seria contrato. — olho para baixo, ele parecia pior do que eu na verdade, sua pele pálida como jade, e os olhos verdes claros mostravam terror, agonia, tudo de ruim.

— Acontece que eu não fui contrato.

— O quê!?. — vejo ele ergue as sobrancelhas.

— Eu sou um fotógrafo. — estava me preparando para apontar para minha câmera que estava no pescoço.

— O que você está fazendo!? — ele grita — Continua me segurando, eu tô vendo sua câmera!. — se eu soltasse minhas mãos para mostrar a câmera pra ele, o mesmo cairia, faz sentido.

Com uma mão seguro firme o pulso do rapaz, me abaixo um pouco para com a outra mão eu possa tentar pegar na calça dele, pra vê se fica mais fácil puxá-lo, mas ainda não alcançava então me abaixei mais.

— Consegui. — me alegro quando agarrei seu cinto, mas antes que eu pudesse percebe que me pescoço estava muito erguido, as cordinhas que compunha minha câmera saiu, foi tão rápido que não pude segura-lá e em segundos ela sumiu das minhas vistas sendo engolidas pelas águas turbulentas.

Nunca tinha me interessado visitar cidades aquáticas, mas vim fotografar Xitang...foi a minha pior decisão.

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