Eu estava voltando de uma viagem com minha família em uma das colinas do interior de São Paulo. Nós tínhamos ido pela segunda vez visitar minha avó que morava em uma pequena cidade turística.Era a primeira semana do inverno e as estradas para a cidade tinham sido frequentemente interrompidas por carros. Estávamos a uns cinquenta quilômetros da cidade a caminho da minha casa, porque a estrada estava congestionada por causa de um acidente que acontecera a poucos metros do nosso carro.
Meu nome é Isabela Begiota e tenho quinze anos. Eu me pareço muito com a minha irmã mais nova de quatro anos, Julieta Begiota. Fisicamente, sou negra de cabelo comprido encaracolado e adoro o meu cabelo!
Aparentemente fazia um frio de três graus fora. Havia uma fileira de carros parecendo uma minhoca de metal e uma floresta montanhosa que nos cercava ao lado.
Minha irmã dormiu enquanto estávamos esperando e meus pais conversavam no banco da frente. Entrementes, eu não tinha muito o que fazer, apenas esperava.
Eu distraída, às vezes olhava para a floresta que ficava a um metro do carro. De repente, quando forcei minha visão numa certa parte dela, vi uma silhueta escura, parecia que estava desnudada e, quando ela me notou, começou a andar, caminhando até o nosso carro!Eu olhei para os meus pais para ver se eles também estavam vendo aquela cena sinistra, mas eles não estavam e ela continuou andando. Então decidi cutucar minha mãe:
- Mãe! - chamei interrompendo a conversa com meu pai, tocando seu ombro.
- Oi filha, o que houve? - disse ela, de forma, serena.
- O que é aquilo na floresta caminhando para o nosso carro? - perguntei inocentemente, não ousei mais olhar para a floresta, apenas apontei.
- Onde querida? – perguntou voltando-se para olhar, e então meu pai também, e minha mãe falou novamente. - Mas eu não vejo nada, querida.
Meus pais se entreolharam.
- Lá mãe! Ali! – dei uma bufada e depois fui olhar.
Aquela pessoa não estava mais lá. Foi embora.
- Eu juro que havia alguém ali, eu juro!
- Filha, você deve estar imaginando coisas. Descanse um pouco - sugeriu meu pai.
Eu continuei olhando para aquele lugar onde aquela provável pessoa estava, mas ela realmente tinha ido embora. Então eu me acomodei e tirei uma soneca enquanto estávamos presos lá. Eu acho que dormi por cerca de uma hora. Quando acordei, meus pais estavam dormindo, roncavam. Estava muito frio dentro do carro, pois a porta do assento da minha irmã estava aberta. Julieta não estava no carro!
- Mãe! Papai! - bradei para eles, mas eles não pareciam ouvir.
Eu estava com o sinto de segurança e, de alguma forma, não queria soltar. Eu não sabia como e por quê. Então, comecei a tentar aproximar-me dos meus pais.- Mãe! Papai! Acorde! Por favor! Julieta sumiu... - eu já estava entrando em desespero.
Quando, finalmente, com grande esforço, consegui me livrar do sinto e balancei a cabeça da minha mãe.
- Acorde, mamãe. Acorde, mãe. Por favor - até então comecei a chorar.
Parecia que eles estavam em um sono profundo. Sacudi também o meu pai, mas nada dele acordar e foi aí que comecei a gritar o nome da minha irmã:- Julieta! Julieta! Julieta!
Era quase meia noite. O rádio do carro estava chiando. Meu celular desligado e os celulares dos meus pais estavam sem sinal. Então eu decidi sair do carro para pedir ajuda. Eu desci com medo. Estava ventando frio que senti minha pele esticada. Havia muita serração. Logo, fui buscar ajuda para o carro detrás. O vidro estava embaçado e decidi bater.