• 이 •

687 86 67
                                    

Aviso: 

Oi pessoal, tudo bem? Aqui é o Lucas, o autor, e eu to passando para avisar rapidinho que, como eu recebi muitos comentários na fanfic esses últimos tempos, decidi voltar a escreve-la. Eu reescrevi o primeiro capitulo, porque era algo antigo e quis melhora-lo, então quem quiser reler, fique a vontade, não mudei nada muito grave, mas ta bem melhor. Espero que vocês gostem de tudinho e esperem por mais! Boa leitura.


Park Jimin

          — Jimin? — A voz que cada vez se tornava mais conhecida foi a primeira coisa que ouvi ao despertar, era rouca e soava bem perto do meu ouvido, enquanto tocava uma música de fundo. — Seu celular ta tocando, Jimin.
          Com esse aviso percebi que a música tocando vinha do meu celular, por isso cocei os olhos em uma tentativa de abri-los e vi Jungkook sentado na minha frente segurando meu aparelho barulhento, então sentei de frente a ele, pegando-o de sua mão com um leve "Obrigado" falhado e então li no visor "Tae".
          — Alô? — Pigarreei na tentativa de melhorar minha voz falhada e rouca de quem acabou de acordar.
          — Minnie! Finalmente me atendeu! — Ouvi a voz de meu melhor amigo do outro lado. — Ta tudo bem? Você não mandou mais mensagens ontem, mesmo tendo dito que me ligaria! Fiquei preocupado! — Tae falava acelerado como sempre ansioso para saber de tudo. Esperei meu bocejo terminar para responder.
          — Desculpa Tae.
          Ia começar a me explicar, mas acabei olhando Jungkook sentado na minha frente. Seus cabelos bagunçados da noite de sono o deixava mais natural e menos irreal de tanta beleza, mas ainda sim extremamente lindo. Ele mexia nas unhas totalmente alheio e sua cabeça quase pendia se rendendo ao sono, não consegui evitar e ri fraco da situação dele, fazendo-o me olhar envergonhado, mas ainda sim me dando um sorriso simpático.
          — O que foi? Não vai contar o que rolou? — Tae perguntou provavelmente estranhando minha longa pausa e a risada aleatória.
          — Nada. — Respondi ainda risonho. — Só um minuto Tae. — Não esperei sua resposta, que mesmo com o celular um pouco longe, consegui ouvi-lo protestar e bufar percebendo que eu já tinha "ido". Tapei o microfone do celular, tentando abafar o que ia falar. — Deita aí e dorme mais um pouco. — Falei para Jungkook e ao ver seu sorriso preguiçoso com um assentido fraco e o piscar lento como resposta, tirei a mão do microfone e acariciei seu braço enquanto ele deitava e então me levantei da cama, andando para o banheiro, tentando ignorar os músculos fortes que tinha acabado de tocar e fechei a porta para poder deixa-lo dormir no silencio. — Voltei, agora repete tudo, porque eu não ouvi nada.
          — Estava falando com quem? — Tinha certeza que não era isso que ele tinha falado antes e pelo seu tom agora estar ainda mais intrigado, curioso e ansioso.
          — Ah... longa história Tae. — Suspiro pesado cansado só de pensar na ideia de ter que repassar as memórias do dia anterior e contar a ele tudo que tinha ocorrido.
          — Eu tenho tempo! Você sabe muito bem que eu quero saber de tudo que rolar aí nessa viagem. Eu perguntei ontem inclusive, mas parece que a senhora não tem mais celular. — Tae insistiu ao mesmo tempo que reclamava e brigava comigo, me fazendo desistir e ir direto ao ponto.
          — O Yoongi ta aqui também. — Falei rápido como se estivesse retirando um band-aid de uma ferida e em seguida tirei o celular do ouvido.
          — É o que!?!?!? — Tae gritou do outro lado da linha, como eu já previa. — Não, não... — Ele riu de nervoso e o que soava como raiva. — Você ta brincando né? É pegadinha, certeza.
          — Queria estar. — Confessei colocando o celular no ouvido novamente.
          — Espera... — Ele fez uma pausa dramática digna de um ator profissional de série dramática americana. — Pelo amor de Deus não me diz que foi com ele que você falou agora a pouco! Park Jimin, você não me decepciona desse jeito! — Pelo jeito abafado que soou o final de sua frase, conseguia visualiza-lo passando a mão pelo rosto.
          — Não né, Taehyung! Você acha que eu sou tão trouxa assim? — Paro um segundo pensando no que tinha dito e acrescento. — Não sou mais tanto assim!
          — Ainda bem que você admite que foi trouxa, por falta de aviso não foi. — Ele debochou rindo de mim aparentemente mais calmo.
          — Cala a boca. — Repreendo- o revirando os olhos, mas rindo um pouco com ele.
          — Já são nove horas, homem! Para de enrolar e me conta que macho é esse que ta aí, se não vai acabar perdendo o seu querido café da manhã. — Tae reclamou novamente, como de costume, mencionando a refeição e consequentemente fazendo meu estomago roncar de fome. Então me perguntei: "Será que Jungkook também está com fome?".
          Suspirei mais uma vez me preparando para contar tudo logo para podermos ir comer.
          — Talvez eu tenha feito merda... — Fiz uma careta receosa com a reação de meu Soulmate, mesmo sabendo que ele não a veria.
          — Park Jimin, sem pausas dramáticas por favor!
          — Disse a rainha das pausas dramáticas! — Reclamei do comentário hipócrita.
          — Eu posso, eu vou ser ator. — Disse convencido e debochado.
          — Ta bom, ta bom. — Eu ri fraco sabendo que provavelmente Taehyung roía suas unhas naquele momento curioso.
          Contei em todos os detalhes os acontecimentos de ontem desde que acordei, até a hora que dormi. Desde o momento da aventura do bacon, o suco desperdiçado, a raiva do Jungkook, o encontro com Yoongi, o meu plano vergonhoso e como Jeon dançou conforme a música nele, as coisas que reparei e conheci dele durante o resto do dia e sua aparição repentina na noite passada após meu banho. Logicamente também mencionei o fato de que ele era extremamente gato, tinha um sorriso lindo e como me deixava a todo momento.
          Eu não tinha expectativas altas sobre o que poderia rolar entre mim e Jungkook, afinal, ele estava apenas me ajudando, porque eu sou um fodido azarado e provavelmente está com pena de mim.
          — E ta esperando o que? Vai lá descobrir o que esse macho gostoso queria falar ontem! — Tae falou claramente mais animado e ansioso que eu.
          — Se você me liberar de ficar te atualizando como um diário. — Reclamo descendo da pia aonde tinha me sentado para conversar.
          — Liberado senhor. — Ele riu e então nos despedimos como sempre, com algumas cobranças da parte de Taehyung para que eu respondesse as mensagens pelo menos antes de dormir e para que eu tomasse cuidado, porque ele não confiava no Yoongi e também estava levemente receoso com Jungkook.
          Depois de desligar a chamada, deixei o telefone de lado na pia e aproveitei para escovar os dentes, lavar o rosto, ajeitar meu cabelo e colocar uma camisa e uma bermuda. Pensando enquanto isso, percebi que Tae tinha razão, sempre me deixei levar muito pela emoção e estava fazendo isso novamente. Precisava ser mais atento com o que estava acontecendo.
          Quando voltei para o quarto vi que Jungkook estava deitado ainda, de costas para o corredor de entrada do quarto, e pela respiração calma visível pela suas costas grandes e musculosa, estava dormindo.
          — Jungkook? — Chamei baixinho com medo de assusta-lo. — Jeon Jungkook. — Falei levemente mais alto, mas ainda assim não obtive resposta. — Meu Deus do céu que sono pesado do caralho. — Reclamei já irritado por estar com fome e estar me esforçando para não o assustar e ele não acordar por nada.
          Então minha paranoia atacou e o pensamento de que o moreno poderia ter morrido em minha cama passou por minha cabeça, me fazendo arregalar os olhos e aproximar minha orelha de seu nariz. Me arrepiei com sua respiração lenta e tranquila batendo em meu pescoço, me afastando rapidamente e suspirei aliviado com a mão no coração aliviado ao saber que ele estava vivo. Agora mais calmo, fiz carinho em seu peito ainda tentando desperta-lo.
          — Jungkook? — Chamei mais uma vez de forma bem calma, num tom de voz nem tão baixo e nem tão alto.
          Passando a mão pelo seu peito, senti como ali era uma área firme do seu corpo, assim como tudo que tinha tocado nele. Os músculos apareciam bem marcados por entre a gola e as alças da regata preta que usava. Eu já sabia que Jeon malhava praticamente todos os dias, mas não sei se ele se alimenta de forma saudável também.
         No dia anterior, tínhamos jantado juntos, mas não pude perceber seus hábitos alimentícios já que no buffet tinha comida japonesa e todo mundo gosta de comida japonesa, é impossível não gostar. E ao mesmo tempo, não é considerado uma comida saudável e nem uma comida "besteira".
          Jungkook ainda é um grande ponto de interrogação para mim. Ao mesmo tempo que parecia super estressado, irritadiço e raivoso no momento em que o conheci, durante o dia, se mostrou uma pessoa agradável e divertida. Até levemente tímido em certos momentos. Ao mesmo tempo que falava com paixão sobre pesos e coisas que eu não entendi de academia, falava com paixão sobre jogos. E eu ainda nem a sexualidade dele...
          Arregalo os olhos com o pensamento e ao mesmo tempo por reparar que ele estava acordado a algum tempo me olhando sonolento, mas com um sorrisinho de canto.
          — Me desculpa! — Peço com a voz estridente, tirando rapidamente a mão de seu peito e com o movimento brusco, acabo caindo para trás, de bunda no chão morrendo de vergonha com a cabeça abaixada. — Eu estava tentando te acordar a algum tempo... — Tento me explicar, mas sinto suas mãos em meus braços, então levanto a cabeça vendo que Jungkook, já tinha se levantado da cama e estava abaixado do meu lado me olhando... preocupado?
          — Você está bem? Se machucou? — Ele me examinava todo me puxando levemente pelos braços querendo me ajudar a levantar. Então mesmo que espantado com a iniciativa e a reação dele, segurei em seus braços (também duros como o peito) e levantei usando-o como apoio. — Desculpa, eu não tinha intensão de te assustar assim.
          — Não, tudo bem. Eu que estava distraído. — Respondi rapidamente ainda me segurando nele e ele me segurando, olhando-o atento ainda tentando entender o que tinha acontecido e ele também me olhava.
          O silencio que se instalou no quarto era ensurdecedor, mas minha cabeça ainda repetia várias vezes "Você nem sabe a sexualidade dele. Você nem sabe a sexualidade dele. Você nem sabe a sexualidade dele. Você nem sabe a sexualidade dele.". Novamente, percebi que Tae tinha razão. Eu poderia estar me metendo em algo perigoso.
          Quando eu tinha dezessete anos, me apaixonei por um colega de classe. Eu fazia de tudo pela atenção dele. Ria das piadas de mau gosto que ele fazia com os professores, com as pessoas da turma e até mesmo, de mim. Ele não era uma boa pessoa, mas eu não reconhecia isso na época.
          Me encantei por ele logo na primeira semana de aula, na aula educação física, quando o vi tirando a camisa para comemorar um gol que tinha feito. Ele levou bronca do professor, obviamente, mas respondeu com um sorriso convencido e disse "O que é bonito tem que ser mostrado, professor." E eu me derreti todinho naquele momento.
          Depois desse dia, em passava a semana inteira esperando pela quinta-feira, que era o dia que tínhamos educação física e torcia para que fosse futebol o esporte da aula. E sempre que era, sempre estava torcendo para que ele fizesse um gol e repetisse a comemoração.
          No fim daquele ano letivo, com a formatura chegando, decidi que falaria para ele o que eu sentia. Tinha certeza que ele nem me conhecia direito, só me conhecia nos momentos que queria fazer piada sobre meu rosto redondo e minhas grandes bochechas. Mas mesmo assim, acreditava que ele poderia corresponder meus sentimentos, dizer que sempre sentiu minha torcida por ele nas nossas aulas de educação física e que amava minha risada que acompanhava todas suas gracinhas. Eu nunca tinha tido uma decepção amorosa, então obviamente, não tinha noção da ferida que aquilo tudo poderia me causar.
          A dor foi profunda quando ouvi a risada que eu tanto gostava debochando dos meus sentimentos e do fato de eu ser um garoto apaixonado por outro garoto. Aquele dia com certeza tinha sido um dos piores da minha vida inteira. A minha sorte foi que eu nunca mais precisei ver ele novamente, então pude sofrer em paz por meses trancado no meu quarto, com medo de me abrir para qualquer um, de me aproximar de qualquer um ou me apegar a alguém. Até eu conhecer Tae e ele me ajudar a lidar com os meus medos e traumas.
          Se eu não tomasse cuidado, poderia cair nesse buraco novamente, com Jungkook. Ele claramente não debocharia do fato de eu ser gay, porque isso ele já sabe, mas ele pode sim ser hétero e se eu me apegar a ele, vai machucar de qualquer forma. E eu já não tenho estado muito bem para aguentar uma decepção amorosa novamente.
          — Jimin? Você se machucou? — Jeon me perguntou novamente me olhando mais preocupado que antes, então fico confuso, pois tinha certeza que já tinha respondido para ele que estava tudo bem. Ele percebendo minha confusão continuou. — Seus olhos estão lacrimejando... Tem certeza que não está machucado?
          Lacrimejando? Passei a mão nos olhos e senti as lagrimas escapando por eles, vendo as costas das minhas mãos molhadas. Ele tinha razão, eu estava a ponto de chorar. Era obvio que ele me olharia com essa preocupação, de repente eu estava quase chorando, aparentemente sem motivo nenhum.
          — Jimin? — Jungkook me chamou de novo me fazendo olha-lo. Percebi seu olhar curioso a espera de uma resposta, então balancei a cabeça tentando por os pensamentos no lugar.
          — Desculpa, não queria te preocupar. — Desviei o olhar e também me afastei levemente, fazendo com que não me segurasse mais e com a cabeça baixa, vi Jeon recolher os braços. Então suspirei e voltei a me explicar. — Eu não me machuquei, juro. Não sei o que aconteceu, desculpa de verdade.
          — Ei. — Ele se abaixou levemente para tentar me olhar, então levantei o rosto novamente e o vi sorrir simpático. — Chega de pedidos de desculpa, acho que nós dois já exageramos com isso.
          Somente assenti soltando uma risada fraca e me sentindo menos tenso, até capaz de sorrir de volta para ele, que sorriu ainda mais, provavelmente gostando da minha reação. E então minha barriga roncando me fez arregalar os olhos e corar envergonhado, enquanto ele só riu alto.
          — Também está com fome? Posso usar seu banheiro? Eu me ajeito rapidinho e vamos comer. — Jungkook falou quando sua risada cessou, apontando para o cômodo referido.
          — Pode. — Digo mais calmo e me sento na cama para dar passagem para ele e espera-lo. — E vai rápido mesmo, porque além de faminto ainda estou curioso para saber o que pretendia falar ontem.
          — Sim, senhor! — Ouvi junto com uma risadinha e a porta se fechando atrás dele.
          Finalmente sozinho naquele quarto novamente, deito (praticamente me jogo) na cama encarando o teto e percebendo que meu coração estava acelerado ainda por causa de toda ação e só agora estava começando a diminuir a velocidade.
          Era engraçado como minha vida parecia dar ainda mais reviravoltas a cada minuto que se passava. As vezes até me sentia o protagonista de um filme. Um drama? Um terror? Uma comédia romântica com um final deplorável? Não sabia dizer, mas tinha certeza que os cosmos se divertiam com o que viam.
          Fechei os olhos levemente com uma mão no peito respirando fundo tentando acalmar meu corpo de forma mais rápida para que pudesse manter a postura na frente de Jungkook.
          — Vamos? — Ouvi sua voz de repente fazendo meu relaxamento voltar para a estaca zero.
          Incrivelmente, já estava de pé com a mão ainda no coração que agora estava acelerado novamente. Será que eu, em algum momento conseguiria manter a calma perto de Jeon Jungkook? Ou será que o caos seguia também ele além de mim?
          — Vamos, vamos. — Respondi com um breve sorriso saído com ele do quarto.
          Trilhamos o caminho entre a natureza em silencio. Meu olhar estava vidrado em meus chinelos rosas em meus pés, pois não sabia para onde olhar ou o que falar com a minha companhia. E também porque eu tinha grandes chances de cair naquele caminho irregular de pedregulhos.
          Eu conseguia sentir o olhar de Jungkook as vezes em mim. Talvez ele estivesse se perguntando o porquê eu sou tão estranho, ou porque eu não estava falando nada, ou porque estava tão concentrado em meus chinelos. Só consegui suspirar com os pensamentos. Com o tempo ele perceberia em como eu sou uma pessoa complicada e desinteressante, e não perderia mais tempo tentando entender.
          Era algo recorrente nunca ser compreendido. Depois que tive meu coração despedaçado me tornei alguém mais retraído, pelo menos com quem eu não conhecia. E mesmo quando conhecia, eu demorava para poder ter intimidade, para me sentir confortável para ser eu mesmo e me apegar. Normalmente, até esse ponto chegar, as pessoas desistiam de mim.
          Era difícil lidar com minhas atitudes, meus pensamentos, minhas fraquezas. Acima de tudo, era cansativo. Sempre soube que todos eventualmente cansariam e se distanciariam, menos Tae. Ele tinha sido o único a ficar ao meu lado independente de qualquer coisa e por isso, eu era extremamente grato.
          Tae sempre me apoiou em tudo, nunca questionou meu jeito de ser, de agir, de pensar. Sempre me fez me sentir seguro para poder falar tudo que enchia minha cabeça e consumia minha energia. Sempre se dispôs a dividir o peso que eu carregava inconscientemente em minha mente. Eu posso ainda ser instável em muitos quesitos, mas é Taehyung que me deixa estável.
          — Pode pegar a comida primeiro, eu seguro uma mesa. — Jungkook cortou meus pensamentos, me fazendo piscar algumas vezes para ter certeza de que minha mente tinha voltado para o local em que meu corpo estava.
          Já tínhamos chegado no grande refeitório do resort, agora vendo as várias mesas na minha frente e a mesa central do buffet. Percebi também que Jeon estava com uma mão em minha cintura enquanto me olhava esperando sua resposta.
          — Ah ok. Obrigado. — Sorri grato para que ele não achasse que eu era maluco por estar tão atônito quanto tinha certeza que parecia.
          Ele somente sorriu de volta, apontou para mesa que pretendia sentar e se encaminhou até ela.
          Peguei basicamente a mesma coisa do dia anterior, mas dessa vez, senti um pouco de receio em pegar suco de uva. Então peguei um suco de laranja, para que caso derrubasse em alguém, não teria resultados tão trágicos.
          Voltando para mesa dessa vez, não tentei nenhuma artimanha, primeiro porque não queria mais um desastre (sim, estou traumatizado) e segundo porque Jungkook estava me encarando. Talvez não encarando, só me olhando despretensiosamente, mas parecia um encarar julgador como alguém que estava analisando o que eu poderia fazer para causar uma catástrofe.
          Quando me sentei, Jeon se levantou quase que imediatamente, me fazendo acompanha-lo com o olhar, analisando seu andar rápido e obstinado. Ele provavelmente se forçou a andar mais devagar a caminho do refeitório comigo, porque eu jamais teria conseguido acompanhar seu ritmo.
          Mantendo meu olhar nele, o vi pensativo olhando para as opções do buffet e quando seu olhar quase se encontra com o meu, desvio rapidamente, olhando profundamente para meu prato, como se fosse uma obra de arte muito difícil de ser compreendida.
          Dei uma última checada nele percebendo que seu olhar não estava se virando para mim e sim para a parte superior da mesa de buffet aonde ficava o sal, adoçante e utensílios. E então negando com a cabeça e passando as mãos no rosto, me sentindo patético, voltei minha atenção a comida, começando a me alimentar.
          — Sem suco de uva dessa vez? — Jungkook se sentou na minha frente com seu prato abarrotado de comida, sorrindo brincalhão.
          — Sabia que você não ia deixar essa piada passar. — Respondi com uma careta.
          — Melhor rir do que chora não é mesmo? E está tudo resolvido agora de qualquer forma, então sem ressentimentos. — Disse gesticulando com o garfo cheio de ovo mexido e o colocou na boca quando terminou a frase.
          — Não sei como consegue dizer isso com tanta tranquilidade, você parecia querer me matar ontem. — Tomei um pouco de suco enquanto o fitava.
          — Desculpa. — Disse depois de terminar de engolir o que comia. — Eu estava muito estressado com umas coisas e acabei descontando tudo em você naquele momento.
          — Está tudo bem. Como você disse, já está tudo resolvido. — Tentei tranquiliza-lo já que parecia levemente envergonhado. Sentindo o silencio constrangedor vindo, continuei a falar. — O que você queria falar ontem?
          — Ah sim! — Jeon falou com a boca escondida atras da mão grande e molhou os lábios com o café em seguida, era incrível como todo homem ficava bonito bebendo e apreciando café. Se eu tomasse café teria um colapso nervoso que estaria muito longe de ser bonito, pelo contrário, seria tenebroso. — Então, como eu tinha iniciado ontem, não faz muito sentido fingirmos estar namorando pelo resort e no final e inicio do dia, sairmos de chalés diferentes, concorda?
          Só assinto, por estar com a boca cheia e ele faz um sinal com a mão para que eu espere enquanto ele coloca mais um pouco de comida na boca, mastigando aparentemente com pressa para continuar a discursar. Aproveitando que eu tinha acabado de engolir a comida e tomado mais um pouco de suco, falei rindo fraco achando graça da cena:
          — Ta tudo bem, pode comer com calma, temos tempo.
          Jungkook sorriu fraco envergonhado e diminuiu o ritmo, indo com calma. Eu aproveitei para ir comendo também, quase terminando o prato, enquanto o dele ainda tinha pelo menos metade ou mais da metade.
          — Então — Ele pigarreou pronto pra continuar, me fazendo olha-lo e voltar a prestar atenção. — Se você não se importar, posso falar na recepção que vou fechar o meu quarto e que vou dividir o seu com você. Eu pago os custos adicionais! — Adicionou rapidamente, aparentemente meio nervoso. — Não precisa se preocupar com o custo, mas se você não quiser dividir quarto comigo, tudo bem.
          — Não vai ser muito trabalho para você? — Pergunto meio preocupado e receoso de ele estar fazendo coisa demais pela armação que eu inventei sem o consentimento inicial dele.
          — Não. — Respondeu simples e curto, desviando o olhar de mim, me fazendo estranhar.
          — Não?
          — Não.
          — Jungkook. Não mesmo? — Tentei mais uma vez percebendo que ele se segurava para não falar algo toda vez que eu insistia e depois de um breve silencio ele se manifestou após um suspiro:
          — Não mesmo. Eu vou ter que dar check out hoje de qualquer forma, Jimin. Eu estava me preparando para ir embora, mas decidi ficar para te ajudar.
          Arregalei os olhos com aquela confissão. Ele ia ficar mais tempo no resort por minha culpa, meu Deus, o que eu tinha feito? Além de sempre me atrapalhar, estragar meus planos, minha vida, lá estava eu atrapalhando a vida dos outros, que impressionante!
          Já estava enchendo minha cabeça com os um milhão de pedidos de desculpas diferentes que podia falar para o homem na minha frente, pensando em como dizer para ele que não tinha necessidade disso tudo por um estranho que conheceu ontem, muito menos para algo tão banal e fútil como era a situação. Eu era um caos e pior que tudo, trazia pessoas inocentes para o meio do meu caos.
          — Jimin? — Jeon chamou colocando sua mão sobre a minha, me olhando levemente preocupado e confuso, talvez percebendo a batalha que eu travava em minha mente depois do choque de suas palavras. — Jimin, não precisa desse alarde todo. Eu quero ficar mais, eu pretendia ficar mais, então não se preocupa, você não está me obrigando a nada, esta até me fazendo um favor se me deixar aproveitar mais minhas férias no resort no seu quarto.
          Processando aquelas informações e o calor da sua mão na minha, acabei provavelmente assustando o mesmo com o meu olhar atordoado, fazendo-o afastar a mão devagarinho, me olhando com receio.
          — Jimin? — Chamou novamente.
          — Você tem certeza? — Pergunto voltando meu olhar para os seus olhos, atento, fingindo que não tinha surtado e assustado ele brevemente.
         — Tenho, tenho sim. Você aceita fazer desse jeito? — Ele me olhava com expectativa e então senti que estávamos no mesmo barco.
          Eu podia estar completamente enganado, errado, perdido em meus pensamentos e suposições, mas me senti dessa forma. Senti que nós dois estávamos em um barco sozinhos em meio a uma enorme e perigosa tempestade e o jeito mais seguro de passarmos por ela ilesos, seria nos agarrando um ao outro.
          O pensamento me fez sorrir, fazendo o outro retribuir o sorriso quase que automaticamente.
          — Eu aceito.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 10, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Fucked Up Trip || JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora