Epílogo

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Oi

Meu nome é Hannah Backer. E sim, se pronuncia igual "padeiro". Ser criança nunca é fácil, ainda mais quando se tem um nome gozável. As crianças tendem a ser maldosas e a fazer piadas e olha que o meu nome nem é tão esquisto assim, aparentemente uma pessoa não deve ter um nome que possa ser associado com uma palavra já existente. Nomes, aparentemente, devem ter origem francesa ou italiana, tem que ser algo que as pessoas não pronunciem com facilidade. Se você tem um nome como esse, parabéns! Você provavelmente não deve ter passado sua infância inteira ouvindo uma série de piadinhas horríveis. Eu disse provavelmente. Porque crianças são más algumas vezes e devem ter achado algum outro motivo para fazer graça com você. Dizem que é o ciclo natural da vida. Eu nunca achei cabimento nesta alegação.

Era uma quarta feira como outra qualquer e o Paul estava mais uma vez fazendo graça com o meu nome e derrubando os meus óculos para me ver pegar, não o julgo, ele revidava nos outros a ofensa que sofria dos irmãos que o fizeram ficar conhecido na escola inteira como "Fat Paul", apenas porque ele tinha bochechas grandes e uns quilos a mais. Nada de mais. Nada que deveria ser julgado ou ridicularizado.

E então o garoto novo se levantou, andou até mim, pegou os meus óculos e me entregou.

- Backer é um nome muito bonito na verdade! - Foi o que ele me disse pela primeira vez com um sorriso. Daqueles de criança. Sem mostrar os dentes, mas que ocupam a nossa cara inteira.

Seu cabelo loiro encaracolado caía pelo seu rosto com perfeição, a pele tinha um tom de bronzeado natural que só tornavam seus olhos, de um azul quase acinzentado, ainda mais chamativos. Ele era lindo, ainda é. E eu, com apenas seis anos, entendi naquele momento que eu nunca mais encontraria alguém tão bonito.

- Sou Andrew! - Ele prosseguiu já que eu estava muda. - Andrew Martin.

- Hannah - E não existia mais Paul ou brincadeiras. Só eu, ele e o sorriso dele que era o mais doce do mundo inteiro. Ainda é.

E sem a minha permissão ou dizer uma palavra, Andrew pegou a minha mão e saiu me puxando para longe dos garotos maus e em direção ao escorregador.

Nos tornamos inseparáveis naquele dia. E também foi nesse dia que eu me apaixonei por ele.   

O som do meu coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora