UM

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Com os pés em solo firme, Midgard agora era sua nova casa. Com seus poderes, Loki decide deixar sua armadura para trás. Nunca mais lutaria as guerras de seu irmão e pai – assim pensava ele.

Não era sua primeira vez em Midgard, mas, ele se sentia perdido naquela estrada deserta e esburacada de algum país que ele não sabia qual era. No solo, a marca viking estampada pela bifrost ainda flamejando foi deixada para trás dando início a um novo Loki, o Loki humano.

Com seu novo traje, de acordo com o que ele havia visto em antigas visitas a terra dos homens, de forma mágica fez suas vestes asgardianas sumirem enquanto um terno bem engomado na cor marrom escuro vestia seu corpo esguio e pálido. Ainda perdido naquela estrada deserta, provou primeiramente do calor insuportável do sol com as primeiras gotículas de suor escorrendo pela lateral do rosto e molhando a gola do seu terno e amaldiçoou baixinho a existência daquela bola de fogo brilhante por propagar tanto calor.

- Em Asgard eu não passava esse sufoco, eu era um deus! – disse solitariamente para si mesmo – Não! Não fale mais sobre sua antiga vida, seu idiota, agora somos somente Loki, não o deus Loki.

Ainda com pesar no coração, Loki odiava ter que admitir que para ficar bem deveria se juntar aos humanos, pois não aguentava mais tanta rejeição. Ele sentia-se castigado e torturado de diferentes maneiras em Valaskjáf, sua antiga casa.

Ainda andando em meio aquele deserto de plantas secas, poeira e solo rachado ele finalmente vê indícios de população. Loki aperta seus olhos verdes para aguçar sua visão. "Desejaria eu ter os olhos de Heimdall agora" e mediante ao pensamento repreende-se logo.

O que via eram casas que faziam parte de um pequeno vilarejo e ouvia um idioma ainda não dominado por sua língua de serpente. Dominava somente o inglês e olhe lá. As pessoas o olhavam com curiosidade, ele com seu ego de deus pensava que era porque estava bem vestido, bem vestido demais para aqueles pobres coitados – literalmente pobres. Algumas daquelas pessoas encaravam sem a menor vergonha e até mesmo comentavam com suas risadas e caretas feias de acordo com a visão de Loki.

- Por que tanto me encaram? – resolveu ele perguntar em um idioma terrestre para ver se entendiam.

- Eles te encaram por que você se veste engraçado. – respondeu uma voz fina e ligeiramente irritante para Loki. E foi então que ele olhou para frente em direção a voz que era aonde o sol dominava com seus raios de luz intensos o fazendo por a mão em frente aos olhos para tentar enxergar direito.

Seu cabelo flamejava na luz, tingido pensou ele. Uma pirralha de roupas vulgares e cabelos vermelhos como o sangue, de pele ligeiramente bronzeada – um bronzeamento feio, já denominou ele, com olhos castanhos e cheia de argolas pelas orelhas e alguns espalhados pela face.

- Como disse? – tentou ele imitar a voz irritante que acabou saindo esganiçada.

- Você se veste feiamente. – disse a garota.

- Você é vulgar e eu não disse nada sobre isso. – a garota arqueia as sobrancelhas e cruza os braços esboçando um sorriso divertido.

- O senhor morreu e esqueceu de cair? Quem em todo Arizona é pálido como um defunto? E seu senso de moda, meu querido é ridículo! – a estranha diz debochada.

Loki estreita seus olhos querendo aniquilar aquela representação da vulgaridade apertando seu fino pescoço seboso com suas próprias mãos e jogar seu corpo flácido para Jormungand, a serpente do mundo, vulgo sua filha. Ele teria prazer nisso, no caos e na destruição, mas, se absteve a somente estreitar os olhos.

- Cale a boca humana idiota. – e então seguiu andando e recebendo os estranhos olhares.

Não havia nem uma hora que estava em Midgard e já havia se arrependido. Havia tempo de mais que não visitava o reino dos humanos e pelo visto, ficaram mais feios e mais mal educados, sem esquecer da vulgaridade.

Então ele estava no Arizona! Já era algum progresso. Decidiu então olhar como se vestia os rapazes desta geração e com repugnação escolheu continuar vestido do jeito antiquado. Foi então que viu uma tela colorida que passava imagens que se mexiam. Homens com uma roupa diferente porem semelhante da que Loki vestia, faziam poses engraçadas e estranhas para o deus. Ele se agradou com as roupas e então procurou um beco qualquer e vazio para poder vestir-se. Despiu-se das antiquadas e por míseros segundos a armadura brilhante de Loki estava lá, evitando que ficasse desnudo e então, pode reproduzir o terno atual e justo em seus músculos. Sentiu-se belo naquele traje.

Saindo do beco, avista logo uma movimentação estranha, pessoas gritando e correndo e lá estava ela, a garota dos cabelos flamejantes correndo em direção a Loki com seus sapatos gastos. Atrás dela, brutamontes corriam armados e gritavam aos quatro ventos algo que ainda era um total mistério para Loki. A garota parecia se divertir enquanto corria, esboçando um sorriso com seus dentes feios de acordo com a visão do deus, e então foi se aproximando cada vez mais, como uma tormenta, incomodando a todos, mas, Loki não fazia nada mais do que olhar os cabelos tingidos da garota queimarem na luz do sol. E com a tempestade que se aproxima levando tudo consigo, ela agarra a mão de Loki que se vê obrigado a ir junto com a garota. Ele a acompanha sem perder o ritmo e sem se cansar – vantagens de ser um deus – somente observando sua diversão ao fugir daquelas montanhas que eram aqueles homens. Virando uma esquina, ela o puxa bruscamente para um beco, fazendo os homens os perderem de vista, e então encarando um ao outro hipnoticamente, ela esboça aquele sorriso vulgar novamente fazendo Loki sair do transe.

- Meu nome é Valkyria. E qual o nome do senhor antiquado que deu um jeito no visu?

Valkyria... Como as Valkirias do seu reino.

- Meu nome é Loki. – diz um pouco atordoado. – Por que estavam seguindo você?

- Essa é uma longa história, Loki...

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⏰ Last updated: Feb 09, 2019 ⏰

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