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Harry Styles

Uma semana e três malditos dias desde que Maia foi embora. Eu não a vi partir então ela provavelmente o fez quando eu não estava por perto. A carta que ela deixou fica comigo e levo para todo canto que vou, o colar com pingente de bailarina está pendurado no retrovisor do meu carro junto com a aliança de Maia.

A aliança que eu coloquei em seu dedo.

O casamento que não lembro.

Ela deixou claro que queria a aliança de volta junto comigo e eu juro que precisei de forças e uns tapas do Oliver para não sair correndo imediatamente atrás dela.

Maia merece que eu lembre.

Cecília merece que eu lembre.

Não vou voltar com ela antes disso, é o mínimo diante de tudo. Depois de algumas consultas com um psiquiatra amigo de Martha fui diagnosticado com TEPT - Transtorno de Estresse Pós traumático, basicamente a experiência traumática de perder minha filha e ver Maia ligada a tantos aparelhos me expôs a uma situação negativa que despertou o mais primitivo dos instintos animais a dualidade: enfrentar ou fugir.

E eu fugi.

Não suportei perder minha menina e tive medo de perder minha esposa. É tão estranho pensar nelas dessa maneira mas me acostumei facilmente com a ideia. Depois de mergulhar num mar de lembranças com as fotos que ela deixou para mim, os objetos eu me senti familiarizado com tudo aquilo mas ainda não lembrava de nada o que resultava numa dor de cabeça latejante. Por vezes cai de joelhos e pedi a Deus que trouxesse as memórias de volta porque eu precisava ver minha esposa e pedir perdão por tê-la feito passar por um inferno.

Não entendo como Maia não me odeia. Eu me odiaria no lugar dela. Eu me odeio porra. Mas com isso ela só mostra porque eu me apaixonei por ela duas vezes, a mulher cheia de amor e paciência, a mulher que não desistiu de mim, de nós ,mesmo quando eu a abandonei.

Porque foi isso que eu fiz.

Eu a abandonei.

Enquanto divago sobre essa situação faço os últimos reparos na cerca de Oliver. O maldito sabia toda a história, quem era Maia e o que ela veio fazer aqui, depois de brigar muito com ele o que resultou em uns tapas na cabeça e golpes de bengala em minhas pernas eu o perdoei e entendi suas razões.

Maia era o inferno de convincente e ganhou o coração do velho.

Leandra e Brandon não sabiam, Oliver achou melhor que não soubesse para não haver interferência, por isso nada fez quando seu primogênito deu em cima de minha esposa descaradamente. Ele me pediu desculpas depois e alegou não saber. Deixei para lá. Leandra é uma ótima conselheira e se tornou amiga de Maia, desconfio que ambas mantenham contato. Leandra nada me diz.

Sentei na varanda depois de terminar a cerca e tomei um longo gole do suco de limão gelado preparado por Martha e enquanto eu descansava Oliver sentou em sua cadeira de balanço e eu me virei em sua direção me apoiando na lateral da escada da frente.

Oliver: Obrigado Harry sei que eu faria melhor se ainda estivesse em boa forma, mas agradeço seu esforço.

Harry: Eu sou médico e não carpinteiro.

Dei outro gole no suco refrescante. Sim, algumas memórias começaram a brotar aos poucos a medida que o tratamento avançava, mas ainda nada em relação a minha família.

Nossa família.

Oliver: Você vai lembrar Harry.

O maldito ainda lia pensamentos.

Harry: Espero que sim, eu tenho tanto que fazer para me redimir, sinto tanto a falta dela que meu corpo dói.

Oliver: Ela merece que você lembre, mas sem pressão.

Ele esboçou um sorriso torto e eu sorri de volta. O velho é como um pai para mim, vou sentir falta dele quando eu for embora, porque eu vou embora.

Eu vou voltar para minha casa.

Para Maia.

Nota:

Só mais um capítulo e o epílogo.

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Stigmatized - hesWhere stories live. Discover now