Capítulo I

6 0 0
                                    





Estava escuro, as arvores dificultavam enxergar o que realmente acontecia, seria preciso chegar um pouco mais perto, pois, alguns arbustos atrapalhavam o avanço mais era possível ver três vultos indo em sua direção, ele julgou ser gatos rolezeiros, não podia parar, estava lá a um bom tempo, curtia o momento, mas a iluminação do coreto o denunciava, por sorte não tinha mais ninguém, com auxilio de uma lixeira, que a julgar por seu estado tinha uns dez anos de uso, seu membro pélvico mediano roçava sua borda, sentia o êxtase do ilícito, com o aparelho celular em mãos podia eternizar aquele momento – Foi quando deu errado.

— Polícia! Mãos para cima! – disse o homem fardado e continuou estagnado: —Mais que merda é essa meliante?

***

Na delegacia depois de duas horas, ele foi atendido por um assistente de delegado, que fazia a vez do seu chefe que estava provavelmente e a julgar as bandeirolas verdes, assistia o jogo do Goiás em algum barzinho de quinta da cidade, onde lhe fizera algumas perguntas.

— Acácio Aguiar, tenho vinte e cinco anos, solteiro, T.I, estou liberado senhor?– disse ele sentindo estar encrencado.

— Eu te liberei? Por acaso falei que você podia sair pela merda da porta? – retrucou o assistente atrás da escrivaria e completou: — Na verdade só vai sair daqui se pagar seis mil baronetas de fiança.

Seus olhos arregalaram denunciou espanto ao que o delegado dizia, sabia que não era o mais correto o que fez, mas não para tanto, afinal era uma lixeira, e não tinha ninguém naquela praça, e tudo para agradar uma garota, resolveu não perder tempo pegou o telefone na mesa do delegado, que tinha uma tarjeta escrito 14ª DP, e ligou para a única pessoa que podia confiar.

Por muito custo conseguiu falar com seu melhor amigo, que estava provavelmente transando, já que ao fundo ouvia-se clamor pela volta aos meios da perna e mais alguma coisa inaudível.

— Boa Noite senhor, eu vim buscar o Acácio – disse ao policial plantonista que estava na recepção da delegacia. — Meu amigo me ligou vim pagar a sua fiança.

Então ele entregou o dinheiro, assinou alguns papeis, ficou por horas sentando em um conjunto de bancos mofos rodeado por aparadores de revistas velhas, observava a iluminação que teimava em falhar e um generoso quadro do governador em exercício naquela época, estava em um lugar estratégico de destaque, quando viu a porta da recepção mais uma vez se abrir.

— Erik, eu sabia que podia contar com você – agradeceu Acácio ao mesmo tempo observava algo estranho no nariz do amigo.

— O que é isso mesmo no nariz rapaz? – o policial inquiriu Erik.

— Leite ninho! Senhor, eu passei em um daqueles Açaí Expresso que nunca fecham e devo ter me lambuzado enquanto comia – respondeu Erik que vestia um calça jeans rasgada, que caia pela bunda, uma camiseta preta do ACDC e jaquetão de couro.

O policial observou-o de cima em baixo em seguida os liberou, apenas pediu que fossem direto para suas casas. Acácio passou os braços pelo ombro do amigo que enquanto descia as escadas da delegacia questionará porque tinha feito aquilo, teve como resposta que foi uma pedido de prova de amor feita por uma morena linda chamada Lady que conhecera na internet, mas que estava se sentindo ridículo com toda a situação, então chamaram um taxi que passava pela avenida.

Enquanto entravam no veiculo:

— É cocaína em seu nariz? – sugeriu Acácio, com a certeza da resposta.

— Desde quando eu gosto de açaí? – respondeu Erik as gargalhadas em quanto o taxi entrava no fluxo.

***

No outro dia, Acácio acordou quase às onze horas, olhou para o relógio da parede assustando ate perceber que era sábado, o telefone que estava na cabeceira do criado mudo mal tratado, acusou uma nova notificação, era Lady com inúmeros emoji's, rindo do vídeo da prova de amor que ele fez questão de mandar antes de se deitar, após chegar da delegacia, mais embaixo na mensagem ela dizia que não acreditava que alguém tão sem noção poderia fazer aquilo, e questionou se todos os goianos eram tapados, despediu-se e no final com um P.S destacou para não voltar a mandar mensagem e que ate o entardecer seu vídeo estaria em todas as redes sociais e então finalizou com risos.

Filha da Puta, essa cretina só queria me zoar, como eu pude ser tão estupido, eu e minha sorte! Pensei que dessa vez seria diferente, que realmente estava na minha, como pude me deixar levar por uma garota que eu nem sei onde mora. E agora! Porra! Meu pau comendo uma vadia de uma lixeira vai estar como picanha na vitrine de um açougue.

O telefone tocou e Acácio tinha certeza que não era nada bom.

—O que você quer Erik? – demonstrou irritação e o desejo de que ninguém o perturbasse naquele momento.

— Meu bom, teu caralho esfolando a lixeira do coreto apareceu na minha timeline – o amigo se acabava em risos.

— Não, não pode ser! Isso é um pesadelo cara, tenho que descobrir aonde essa vadia mora, ir lá, pegar o telefone apagar o vídeo antes que seja tarde demais, e eu seja assunto nos telejornais como o homem que fode lixeiras – disse Acácio quase aos choros.

Acácio saltou da cama vestiu o que estava à vista, desceu correndo pelas escadas, agarrou um boné amarelo canarinho da seleção e seguiu rumo ao Shopping dos burgueses, lá encontrou Eric e juntos começaram a analisar as postagens de Lady no Instagram, perceberam que em nenhum lugar ela colocava seu endereço ou postava o rosto por completo, praticamente ele estava quase namorando com uma desconhecida, o que fazia sentir-se mais estupido, seu amigo em todos os momentos oportunos fazia piadinhas com seu membro, e sugeria que ele transasse com a xícaras de cappuccino que ambos bebiam, em uma grande sexo gourmet, ambos ficaram quase a tarde toda pesquisando minuciosamente as imagens, quando Erik gritou a todos pulmões:

— Aqui veado! Eu conheço esse lugar – apontando no canto superior direito de uma imagem que era preenchida por grande parte do olho direito e alguns fios de cabelo. — Esse é o Pub Lord Jam, eu comia uma garota que trabalhava nesse local, ela sempre me mandava fotos, eu tenho certeza que isso fica no Rio de Janeiro.

Boquiaberto com a memoria fotográfica do amigo, Acácio se animou, disse que seu destino seria o Rio de Janeiro, que quando chegasse lá faria Lady apagar todas as postagens, o amigo se animou com a ideia, disse iria junto, faria uma correria no Madre Germano e que anoite estaria pronto, inclusive pagaria ambas as viagens. Acácio sabia bem o que se tratava as correrias, mas não questionou, T.I não era um serviço que lhe rendia muitas baronetas.

Às vinte horas daquele dia, Acácio e Erik chegavam desesperados no aeroporto Santa Genoveva, corriam como se estivessem em uma maratona de meia distância, entraram no portão principal, procurando o local para Check-in, quando foram informados que era do outro lado do aeroporto, e faltavam apenas dez minutos para fechar os portões de acesso ao avião, então Acácio esbravejou: — eu e minha sorte, e saíram desviando dos demais goianos e visitantes que insistiam em ficar parados pelos saguões, como se estivem esperando alguém desesperado e que fosse divertido criar obstáculos para impedi-los de decolar, eram tantas malas que algumas os dois amigos simplesmente chutavam quando eram impossibilitados de pular. Após a verificação das passagens, os amigos entregaram-nas a comissária faltando apenas um minuto para as portas se fecharem. Erik foi para a poltrona vinte e três ao lado de uma jovem de aparência saudável e com olhos famintos, ele sorriu para Acácio que não tivera muita sorte, sua poltrona era a vinte e cinco, para sua sorte, parecia que um elefante com asmas sentava ao seu lado, dormindo e fazendo alguns barulhos incômodos pela boca, como gatos transando no telhado, ele tinha certeza, aquela seria uma longa viagem.

EU E MINHA SORTE! [+18]Where stories live. Discover now