Dois - Eyes On Fire

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Depois que Lari tira umas 10 fotos da nossa tatuagem juntas, ela me deixa levantar da cama e ir me arrumar para sair com a minha tia. Quase atrasada já, inclusive.

E sim, eu e minha cunhada temos uma tatuagem; Um coração com símbolo do infinito, os dois juntos, na costela. Fizemos há uns 2 ou 3 anos. Também fiz uma com a Babi na mesma época; um coração no braço direito, atrás. É a minha ligação com elas.

Empurro a porta-espelho e entro no closet, enquanto minha cunhada liga a televisão. Procuro uma roupa, pensando na temperatura, que está razoável hoje. Nada de muito frio, nem muito calor. Então troco a calça legging por uma jeans azul escura e uma camiseta cinza. Coloco um tênis de couro branco e solto o cabelo, fazendo-o cair em ondas em volta dos meus ombros.

Em frente ao espelho, passo apenas protetor e um pouco de base, além do blush e um lip balm de morango. Eu adoro esses produtinhos; lip balm, lip gloss, hidratante labial, body mist, perfume. Sou viciada.

Pego uma bolsa preta simples e coloco o lip balm e algo para prender o cabelo dentro enquanto saio do closet fechando a porta-espelho.

Lari está esticada na minha cama, abraçada à uma almofada, e assistindo Good Girls na Netflix. Somos muito viciadas nessa série. Já vimos a primeira temporada umas 3 vezes. E eu sou apaixonadinha no Rio, confesso. Adoro um cara tatuado, confesso de novo.

— Lari, tô indo — aviso. — Você vai ficar bem aí?

— Claro — Lari me olha por um momento. — Daqui a pouco vou lá deitar na cama do Pedro. Você me chama quando chegar pra mim te ajudar com o restante das malas?

— Chamo, sim — garanto. — Dorme um pouco, você tá cheia de olheiras

— Vou tentar — Ela reprime um bocejo. O cursinho acaba com ela e a doida ainda fica virando a noite.

— Quero ver quando começar a faculdade de enfermagem, vai aguentar mais nada — comento, rindo, enquanto pego meu celular.

— Ô, Isabella, sai daqui, sai — Larissa ataca uma almofada em mim e eu corro para fora do quarto. Ela entendeu bem o que eu quis dizer.

— Também te amo, Larissa — grito e ouço-a rir de dentro do quarto. Desço as escadas balançando a cabeça com um sorriso.

Minha mãe e meu padrasto estão na sala assistindo algum filme de aventura na televisão. Dona Flávia ama um filme de aventura no estilo Jumanji e Star Wars.

— Tô saindo — aviso. Ela me dá uma olhada de soslaio e volta a atenção para o filme. Ergo as sobrancelhas.

— Volta que horas, Bell? — meu padrasto pergunta.

— Começo da noite, eu acho. Vou buscar a Babi depois de ir no shopping

Claro que não vou falar que vou encontrar minha tia. A confusão tá armada se eu fizer isso. Minha mãe e minha tia nunca se deram bem, nem quando minha mãe era casada com meu pai, o que não durou muito. 3 anos. Os piores da vida dela, segundo ela mesma.

— Toma cuidado no trânsito — Sérgio alerta.

— Pode deixar. Até mais tarde — murmuro, já saindo de casa.

Fora do ambiente tento eu posso finalmente respirar fundo e soltar o ar. A atmosfera tende a ficar bem pesada quando minha mãe está com raiva ou contrariada. Ou as duas coisas. Ela fica assim quando as coisas saem do controle dela.

Quando as portas do elevador abrem, eu saio pegando a chave do carro dentro da bolsa. Os faróis do Captur preto piscam quando aciono o botão no controle e eu entro no carro. Deixo minha bolsa no banco carona, com o celular do lado e ligo o carro.

Envolvente | Freedom #1 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora