14/02/19
Já passava das cinco da tarde quando Agatha finalmente terminou tudo o que precisava no Projac, seu humor não era um dos melhores a alguns dias, mais precisamente desde o dia em que ele embarcou para São Paulo, a trabalho, deixando ela doendo de saudade. Os dias estavam sendo longos demais, vazios demais, e apesar dele mandar mensagem várias vezes, nada substituía os braços dele em volta de seu corpo. Se pegou prendendo algumas lágrimas que faziam força para cair a alguns dias, não era possível que ela estava tão sensível a ponto de se acabar de chorar. Entrou em seu carro respirando fundo, recuperando o controle. Ligou o rádio na intenção de distraír, péssima ideia.
"Ausência quer me sufocar, saudade é privilégio teu..."
Tornou a desligar o aparelho e pousou seus braços no volante deitando sua cabeça por cima deles. Suspirou quando o telefone começou a vibrar, fazendo aquele barulho insuportável.
'Alô...'
'Sunshine? –A voz dele soou delicada do outro lado, e como mágica, metade do mau humor havia desaparecido.'
'Oi amor... –Ela sussurrou.'
'Tudo bem? E essa vozinha? Aconteceu alguma coisa?'
'Eu estou com saudade de você, e tá doendo...'
Ela o ouviu suspirar do outro lado da linha, não gostava de deixá-lo preocupado quando ele viajava, mas ela já não se aguentava mais.
'Eu também estou morrendo de saudade de você, mas tá acabando...'
'Volta logo, já deu essa coisa de você longe de mim por muito tempo.'
'Você não faz nem ideia de como eu quero voltar correndo pra você, como foi seu dia? –Ele perguntou.'
'Foi bem... tava no projac, vou sair daqui agora. O Rio tá nublado, acho que chove.'
'Aqui tá nublado também.'
'E o Bruno? Como anda esse cara que mal conheço e já considero? –Ela gargalhou.'
'Vai bem, vai bem. Menino esperto ele, engraçado que ele em algum canto morre de saudade de você também, como pode né?'
-Saudades amor...
'Demais, eu vou precisar desligar agora, vai pra casa, e quando chegar me diz o que você achou do que eu pedi para deixarem lá pra você.'
'Que?'
'Happy Valentines Day, coisa mar linda. –Ele riu e desligou a ligação.'
Agatha ainda ficou alguns segundos fitando o telefone incrédula, ele nunca cansava de matá-la do coração, e pra quem não gostava de surpresas, Rodrigo se superava a cada dia. Jogou o telefone no banco do passageiro e deu partida em seu carro, péssima ideia a dele de deixá-la curiosa.
Meia hora presa no mesmo engarrafamento, Agatha queria sair do carro e gritar com todos aqueles que estavam a impedindo de chegar em casa, amava o Rio de Janeiro, mas no momento gostaria de morar em um lugar aonde não houvessem tantas pessoas. Estava ansiosa, seus dedos batiam incontroláveis no volante, seu corpo estava inquieto no banco, sua cabeça a mil pensando no que Rodrigo havia aprontado, e seu coração... coração nem tinha mais.
Quase uma hora depois ela finalmente parou em sua vaga no estacionamento de seu prédio, catou sua bolsa e o celular o mais rápido que conseguiu e saiu correndo dali, pensou em passar na portaria e perguntar ao porteiro se tinha alguma coisa pra ela, mas ela sabia que ele tinha deixado no apartamento, e que provavelmente Jéssica o havia ajudado nessa missão.
O elevador chegou e ela mal conseguiu esperar a porta abrir, entrou rapidamente e apertou o botão de seu andar, torcendo, implorando mentalmente para que ninguém resolvesse sair de seu apartamento agora, e parasse o elevador. Deu certo, já que em alguns minutos saiu pelas portas daquela caixa metálica e deu de cara com seu apê, com a porta enconstada.
-Jéssica? – Ela empurrou de leve a porta a abrindo, e sentiu seu coração saltar quando conseguiu sentir o cheiro dele ali, estava ficando louca.
-Amiga, não brinca vai, tu saiu e deixou a porta aberta? E se roubam o meu apartamento? E se me roubam? Você ia morrer de saudade de mim... –Ela dizia enquanto caminhava por ali tentando entender o que havia acontecido.
Tudo parecia o mesmo, tão o mesmo que chegou a murchar o sorriso em seus lábios, caminhou devagar até seu quarto, precisava conter suas expectativas caso também não tivesse nada ali, respirou fundo antes de abrir a porta e entrou. Será que era capaz do mundo congelar? Porque ela sentia que era, quando viu a caixa preta em cima da cama, no chão uma pequena mesa com um jantar maravilhoso, e algumas velas iluminavam o quarto.
Caminhou tão devagar até lá, com medo de que estivesse variando e imaginando tudo aquilo. Pegou o bilhete em cima da pequena mesa e sorriu ao sentir o cheiro dele no papel.
"Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa. Fiquei imaginando o que te dizer nesse dia, e demorei pra entender que não consigo demonstrar em palavras o que você causa em mim, você me tem Moreira, inteiramente seu..."
Ela leu o bilhete com as lágrimas que lutou bravamante nesses dias correndo por seu rosto, suas mãos tremiam e seu estômago dava cambalhotas, que tipo de adolescente apaixonada ela havia se tornado? Caminhou até a cama e abriu a caixa que havia ali, dentro tinha uma pequena caixinha de veludo, e ela sentiu seu coração parar, respirou fundo e pegou o objeto tentando controlar a tremedeira de suas mãos, apenas para voltar a tremer ainda mais quando a abriu e estava vazia.
-Tá procurando isso? –A voz dele sussurrou no ouvido dela, e ela poderia morar ali, naquele milésimo de segundo em que seu corpo reagiu ao dele, e ela recuperou sua paz. Na palma da mão dele, as alianças que deveriam estar na caixinha, ela não conseguia reagir, mas pode notar o pequeno e delicado sol que ornava os objetos que ele segurava.
-Rodrigo... –Num rompante de fôlego que ela conseguiu sussurrar o nome dele.
-Eu sei que a gente não precisa de palavras diretas pra isso, mas sunshine, mais uma vez eu te pergunto... Namora comigo? –Ele riu e segurou a cintura dela a virando de frente para sí.
-Um dia Rodrigo... você ainda vai me matar do coração... eu quero ser sua, quero ser o que você quiser... –Ela sorriu e o beijou, o beijo que carregava as milhões de palavras que ela gostaria de dizer.
Rodrigo correspondeu aquele beijo com saudade, com desejo e principalmente com amor, cheio de amor. Separou suas bocas quando o ar faltou, segurou a menor das alianças entre os dedos e pegou a mão dela.
-A nós... –Sorriu e deslizou o anel pelo dedo da mulher.
Agatha sorriu pegando o que estava na mão dele, e repetiu o gesto.
-Por nós... pra sempre!
-Feliz dia de São Valentim... Minha Sunshine...
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Cada viajada longe que eu dou... espero que gostem. Kisses
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You'll be my Valentine
RomanceIn February you'll be Valentine... Mais uma porque eles me matam... sorry o clichê Por: Liv M