Capítulo 18

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Organizei a papelada que Carlton me pediu e coloquei tudo em sua mesa, deixando que a grossura de uma resma praticamente despencasse no móvel. Carlton me olhou, insatisfeito que eu estivesse descontando meu estresse em suas coisas, porém, antes que fizesse qualquer comentário sarcástico, Tania adentrou a sala com a postura confiante de sempre. Quem via, pensava que ela era a chefe do setor e não era a toa que tinha passe livre como eu.

— Srta. Colbert, Sr. Fountain a aguarda em sua linha!– Franzi o cenho e olhei de soslaio para Carlton, que pareceu ainda mais irritado. Ele provavelmente associaria meu estresse ao nosso querido patrão e não erraria se arriscasse essa hipótese.– Impacientemente.

Suspirei. Não estava tendo um dia tranquilo e isso desde o café da manhã, onde, após um breve descanso e quando acordamos para nos preparar para o trabalho, Daniel não tocou mais no assunto sobre morarmos juntos. Me senti tensa com seu ar pensativo, tentando afastar da mente as ideias sobre desistência, afinal, meu pessimismo foi o ponto que consegui trabalhar na minha curta terapia. Ainda assim, não me prestei ao trabalho de ser quem se empolgaria com a proposta, porque começava a me dar conta de que chamar de “próximo passo” não representa a metade do que isso realmente significa. Ele havia proposto que juntássemos nossas vidas.

Atendi o telefone em minha sala, esperando ouvir alguma ordem relacionada ao trabalho.

— Heather Colbert.

— É um alívio ouvir sua voz, Srta. Colbert! – Engoliu em seco e sentei em minha cadeira, sentindo que ele havia pegado meu ponto fraco novamente.

— Pelo visto, somente eu vivo com a noção de que aqui somos patrão e funcionária, não é? Toda vez que liga ou aparece, está pronto para me envolver em seus jogos!

Sua risada reverberou em meu coração e o sentimento mais estranho do mundo me dominou enquanto sentia que o homem que ria – que transava duro, que demonstrava a postura rígida e altiva para os outros e que gostava de me mimar – era a pessoa mais adorável que eu poderia conhecer. Não era adorável no sentido comum da palavra, mas em seus gestos e manias, detalhes que me faziam perceber um coração mole, adorável por coisas que quase ninguém enxergava.

— Não temos tempo para jogos agora, Srta. Na verdade, é exatamente por isso que estou ligando para você durante os últimos quinze minutos sem ser respondido como penso que deveria!

Seu tom de voz soava divertido, mas eu tinha certeza de que Daniel não estava rindo no momento.

— Bem, eu estava trabalhando na sala do Gerente administrativo, que, por acaso, é meu chefe direto!

— Você pode trabalhar em sua própria sala, mesmo porque, apesar de ser seu chefe direto, quem precisa dos seus serviços é a empresa! – Ouvi sua respiração profunda e até me arrepiei pelo som hipnotizante, compreendendo que seu comentário não passava de implicância. — Espero que entenda a adversidade da situação na qual eu preciso falar com uma funcionária, porém, sequer tenho acesso mesmo com seu contato em minha mesa! De qualquer, forma, liguei para avisá-la sobre um evento tradicional a ser realizado em parceria com outras instituições. Podemos resumir como uma celebração do acordo de mais de trinta anos entre Union Valley, a atual transportadora e uma filiada. Meu objetivo é convidá-la antes que ocorra qualquer contratempo, como outro convite…

Sorri percebendo que Daniel falava sério.

— O senhor não deveria se preocupar com algo tão simples. Não há outra companhia para mim senão você, Dan! Deixe de besteiras, principalmente essa implicância boba! Era só isso que você queria “perguntar”?

— Sim, era só isso! Temos duas semanas e, até lá, espero que Carlton aprenda a organizar suas planilhas para não ocupar seu tempo, morena!

The One I Need - Livro 2. Duologia The 2 Of Us.Onde histórias criam vida. Descubra agora