What Just Happend?

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Im tinha voltado para casa a dois dias, ainda não tinha tido coragem de falar com Kihyun, não sabia como, tinha em mente que o que disse foi errado e que a máquina não tinha culpa de nada, foi a programação que ele mesmo tinha dado, sabia que tinha exagerado demais em suas palavras e isso fez com que tivesse um bloqueio, tinha vergonha. Até mesmo sua mãe estava agindo estranha consigo, ela sabia o que tinha acontecido.

Yoo tinha a senhora Im como sua confidente, ela entendia os sentimentos dele, coisa que ele próprio não era capaz de fazer, tinha dias em que tudo aquilo o sufocava a ponto de não saber o que estava acontecendo, ficava tudo muito confuso e parecia não ter o menor sentido, e talvez realmente não tivesse, restava apenas ele esperar que tudo aquilo sumisse em um estalar de dedos e tentava não permitir que a memória de seu HD ficasse trazendo a si aquelas "lembranças", era extremamente estranho para ele, de certa forma sentir tudo e não saber descrever absolutamente nada.

Changkyun chegou à conclusão de que seu pedido de desculpas não passaria de hoje, no meio do café da manhã presenciou uma cena que fez seu coração se apertar, foi como se alguém o tivesse apertado e não permitisse que ele batesse

[Flashback On]

-Ei Hyun, eu sinto falta do seu sorriso- Eunji disse enquanto olhava para o robô sem brilho e estático sentado a mesa apenas nos observando; ele não comia, mas era um costume se sentar conosco em todas as refeições

-Ah -murmurou baixinho e deu um sorriso completamente robótico sem mostrar os dentes, chegou a ser bizarro, seu piscar era pausado, seus movimentos estavam ligeiramente mecânicos e levemente travados, a cor de seus olhos ainda eram pretas, suas pupilas ficaram invisíveis, se camuflaram no meio da cor de sua íris. A mulher apenas suspirou profundamente e deu um sorriso triste, depois voltou a beber seu café.

[Flashback Off]

Lembrou-se de quando sonhou com Kihyun meses antes de construí-lo, a sua característica mais marcante foi o sorriso, tão brilhante e tão cheio de energia que era capaz de colorir a vida de alguém, a forma como apertava os olhos quando ele aparecia, de certa forma trazia paz, como se só olhando a linha perfeita de seus dentinhos os problemas e inseguranças sumissem de sua mente e pudesse fazer o que queria, sem se importar com mais nada, ganhava coragem, era matematicamente impossível ver aquele sorriso e não sorrir junto, mas agora, era apenas um movimentar dos lábios para a esquerda e direita, sem cor, apenas um vazio dizendo: "Estou bem", mas por dentro gritava "Me liberte".

Chang subiu as escadas no final da manhã e bateu na porta de Kihyun, que apenas murmurou um entre baixinho, fez como foi mandado e se deparou com o robô sentado na cama desenhando algo em um caderno, não foi capaz de ver o que, mas não era uma boa hora para pedir aquilo

-Podemos conversar? -perguntou sem encarar Hyun, mantinha sua cabeça baixa e brincada nervosamente com os dedos das mãos

-Já estamos -O tom de sua voz era frio e mantinha seu olhar escuro sob Changkyun, aquilo o deixava ainda mais nervoso -Do que precisa?

-Eu... -Respirou fundo antes de continuar -Me desculpa, Kihyun

-Porque isso não me parece verdadeiro? Você nem ao menos olha pra mim

-Eu juro que é! -Levantou o olhar que foi de encontro diretamente com os olhos do robô- Me desculpa de verdade, por tudo, pelo que disse, pelo que fiz e pelo que eu deixei de fazer, eu só... Fiquei com ciúmes

-E pra que todo esse ciúme? Não é como se você fosse meu namorado nem nada

-Não é isso! É que você é muito importante pra mim, tirando Minhyuk e a Xiao, eu só tenho você e tenho medo de que você encontre pessoas muito mais interessantes e acabe me deixando sozinho, de lado e Hyun, me desculpa por não saber lidar, mas eu não quero estar sozinho de novo -seus olhos marejaram

-Eu não faria isso com você Im, vai contra a minha programação e você deveria saber disso -a cor de seus olhos voltaram ao normal

-Eu sei, me desculpa, de verdade

-Tudo bem! Mas, eu quero que faça algo por mim

-O que?

-Que me leve nesse lugar aqui -Veio até mim e me entregou um panfleto

-Lotte World? Sério? Se você quer mesmo, então esteja pronto em uma hora

[...]

E lá estavam eles, na fila da roda gigante, já estavam no parque a diversas horas e andaram em praticamente todos os brinquedos, aquele era o último; Kihyun pulava como uma criança, estava mais animado do que nunca, quando chegou a sua vez parecia que seu rosto rasgaria a qualquer minuto pelo tanto que sorria, adorou aquela sensação do vento bagunçando o seu cabelo e da vista noturna de Seoul.

Im o encarava e ele nunca esteve tão confuso como agora, não sabia nem mesmo o que era estar vivo de verdade, com um coração batendo dentro da caixa torácica, não sabia quem era verdadeiramente e tentava colocar em ordem as reações de seu sistema, mas era como se um vírus o tivesse infectado e acaba deixando que o momento moldasse quem ele era, sabia que tinha algo errado consigo, até porque, enquanto travava uma batalha interna, não deixava de sorrir para Changkyun.

-Ei – esperou que o mais alto o olhasse – Obrigado -Kyun sorriu e os olhos de Yoo tornaram-se roxos, poderiam se igualar a duas ametistas, pelo tanto que brilhavam

E ali, naquele momento clichê que deveria estar sendo apenas um passeio entre dois amigos acabou ganhando um caráter romântico; Changkyun encarava Kihyun analisando cada detalhezinho de seu rosto que fez com tanto cuidado, inconsciente, segurou delicadamente o rosto de Yoo o trazendo mais para perto do seu e acariciava a bochecha alheia com o polegar

-Porque você tinha que ser tão real

-Mas eu sou, é só você acreditar -Sorriu novamente e os olhos de Changkyun foram parar nos lábios rosados de Kihyun, que teve o sorriso diminuindo aos poucos e sentiu os mecanismos esquentarem por dentro

Chang nunca se sentiu tão estranho, seu coração gritava sim, mas a razão berrava a plenos pulmões um não; voltou a si quando sentiu o tranco da roda gigante parar e a porta se abrir, seu rosto ganhou uma coloração vermelha e tirou rapidamente as mãos da face alheia, Yoo desviou o olhar e saiu as pressas da cabine esperando Changkyun em silencio do lado de fora, que saía lentamente do local tentando processar a informação. Foi para casa com a pergunta: "O que acabou de acontecer?" rondando sua mente. 

I'm Not (just) a RobotOnde histórias criam vida. Descubra agora