Capítulo único

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O vento soprava frio, fazendo com que a princesa de Calnat estremecesse, esfregando os braços em busca de calor. A fogueira construída pelos meninos não estava adiantando muito, e por isso Mari se virou para Arme, pronta para pedir por um feitiço de aquecimento, como já havia feito tantas outras vezes.

Porém, se impediu ao ver a maga com as duas melhores amigas. Desde que haviam se reencontrado, Lire, Elesis e Arme estavam sempre juntas, e Mari estaria mentindo se dissesse que não sentia falta da amiga. Sabia que não estava em posição de exigir atenção nem nada do tipo, acontecera o mesmo quando Ryan, Ronan e Lass se reuniram. Aquelas eram harmonias tão belas, e por isso sabia que não podia atrapalhar, não se devia atrapalhar.

Por isso, se limitava a ficar com os novatos, lamentando a ausência de companhia ( se ao menos Sieghart estivesse ali...) e se contentando em observar a interação entre Kyle e Cindy, admirando mais aquela harmonia. Era aquilo, afinal.

Elesis, Lire e Arme. Lass, Ryan e Ronan. Amy e Jin. Cindy e Kyle. Com isso, sobrava o quê? Mari e Rey. Mas Rey já tinha companhia o bastante importunando Grandiel ou seus próprios criados para que Mari pensasse em se aproximar da asmodiana – e aquela cachorra roxa, Mary, dava medo.

Assim, ficava só, se aproximando mais da fogueira enquanto assistia aos grupos interagirem, e nem mesmo pensou em pedir permissão antes de pegar um agasalho jogado por ali, que, reconheceu pelo perfume, pertencia à Ronan. Não importava, sabia que o arcano não a julgaria por aquilo. Ainda mais naquele momento onde brincava ( ou brigava?) com Lass por alguma besteira dita por Ryan, que agora parecia desesperado para apartar a pequena discussão, quase se transformando para acalmar os ânimos daqueles dois.

Se distraiu assistindo à cena, e por isso se assustou ao escutar um sussurro atrás de si e uma ou duas palavras em élfico. Sentiu a temperatura se elevar gradualmente até que ficasse confortável e reconheceu a sensação do feitiço de aquecimento que Arme costumava usar.

O trio se sentou ao seu redor, e estranhou ver até Elesis sorrir ao perguntar se agora estava melhor. Lire sorriu doce, como sempre, e começou a cantar baixinho, em élfico, talvez para que Mari se sentisse mais confotável, talvez apenas por estar com vontade de cantar, mas o motivo realmente não importava. Não quando Arme lhe abraçava e parecia fazer questão de a incluir na conversa descontraída, fazendo os tão famosos comentários sarcásticos e censurando Elesis quando a espadachim tentava trazer o assunto à situação na qual viviam.

Ali, no meio das garotas enquanto se permitia desligar a mente das preocupações que a perturbavam, Mari imaginou que, talvez, ela pudesse encontrar sua própria harmonia.

HarmoniaWhere stories live. Discover now