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Londres 1818

Uma, duas, três goladas no chá negro que estava em fervor, isso era nitido pelo vapor estar visível, mas era assim que Eloise gostava do seu chá da tarde. Quente e quase nada adocicado. Esse era o único momento em que permitia-se sair de sua realidade para navegar nos tenebrosos contos de Mary Shelley, livro esse que foi muito jugado, porém, graças aos céus, Eloise conseguiu um para si, se não como haveria de amar tanto um monstro feito por partes de antigos mortais? Seus olhos pairavam entre as belas palavras estancadas no livro que sempre andara consigo.

— Senhorita Grant?- Falou o mordomo da casa, Tristan, com seu corpo ao lado da porta aberta, porem, como exigia a educação, ele batera na mesma para sinalizar sua chegada.

— Entre, Tristan. - Falou a ruiva colocando uma pequena pena, a qual ela a usava para grifar as frases que mais a chamavam atenção, sobre a pagina do livro e o fechando.— A que devo a honra?- Disse Eloise, brincalhona. Era de fato uma honra receber a visita de Tristan por essa hora, o velho mordomo normalmente estaria tirando um cochilo em uma das salas da casa ou ate mesmo tomando um chá na cozinha.

— Vosso pai, mandou um mensageiro.- Disse o mordomo adentrando a biblioteca e estendendo-lhe uma grande caixa com tom rose e um nome escrito "Atelie Amelia" em um lindo simbolo rendado .

— Claro...Obrigada, Tristan. Pode ir.- falou, por fim agarrando a enorme caixa das mãos do mordomo e a observando por um tempo.

— Senhorita.- Disse Tristan fazendo uma breve reverencia e se retirando pacientemente.

Aquilo deixou Eloise curiosa, "por que teria seu pai mandado um mensageiro entregar algo que o mesmo poderia entregar, porem mais tarde?" Bom, deve ser algo urgente para ter sido mandado rapidamente. As mãos da menina deslizavam sobre a tapa da caixa e os dedos rodeavam a logomarca com cuidado antes de abri-la, aos poucos a tampa foi removida e colocada sobre a pequena mesa ao lado de Eloise agora dando a visão da diversos embrulhos do mesmo tom da caixa que foram removidos, desta vez, com rapidez. A palma da ruiva logo capturou a peça, muito bem dobrada, que estava dentro do grande caixote decorado e logo o suspendeu nem dando importância para o embrulho que deslizou sobre as saias ate cair ao chão, era de fato uma belíssima peça, um lindo vestido em tons de azul santorini com alguns rendados brancos, ombreiras completas por enchimento e um lindo laço que era preso abaixo dos seios; Eloise desconfiou. Aquela peça era de extrema classe para ser dada sem motivo algum, mas sua curiosidade acalmou- se no momento em que seus olhos recaíram sobre um pequeno pedaço de papel misturado ao embrulho, com o vestido em mãos, a ruiva se agaichou e agarrou o papel logo o analisando como um bilhete de seu pai.

Querida Filha...

Creio que esteja curiosa para saber o motivo por ter lhe mandado ele lindo vestido sem motivo algum, estou certo? Devo esta, Eloise vista-se com perfeição, esta noite sairemos para um jantar importante e a quero belíssima.

De seu querido pai, George.

Eloise deu um sorriso singelo observando a maneira com que seu pai a conhecia, de fato a ruiva amava seu pai de uma maneira adoravel da mesma maneira a qual amava sua irma mais nova, Lizzy, uma menina bela, com os cabelos ruivos-como era habitual já que puxaram isso de sua falecida mãe-, a pele amorenada e aparentemente frágil como uma porcelana chinesa. Lizzy tinha apenas 1 ano  de diferença para Eloise, porem a mesma era um tanto sonhadora demais se comparada a irma mais velha o que a fazia mais inocente.

— Eloise, Eloise!- disse a mais nova aos berros e logo adentrando a biblioteca com as mãos agarradas em suplica recaídas sobre o saiote do vestido roseado.

Sem Coração❦ MYGOnde histórias criam vida. Descubra agora