Juliet

Find a Husband

Devastada.

    Era desse jeito que eu estava me sentindo depois de levar uma porrada como essas.
Após ter cancelado todas as reuniões pelo restante do dia, avisei pra Cherish que iria embora por motivos que não precisam ser citados, e pedi para ela anotar os recados e enviar alguns e-mails para mim.

    Não sei como cheguei no saguão mas, so me toquei que estava fora do prédio quando o manobrista me trouxe a chave do meu 4x4 recém reformado.

— Obrigada, Jace.

— Por nada, senhorita Juliet. Tenha uma boa tarde. – Lancei-lhe um sorriso amarelo, e entrei no carro dando partida em seguida.

    Meu cérebro está perto de entrar em colapso e isso não é bom. Eu nunca quis me casar, e agora estou numa sinuca de bico terrível. Depender de um homem pra ser bem sucedida? Meu Deus, Juliet, como você deixou as coisas chegarem a esse ponto?

Dirigir sempre me acalmou, me fazia sentir livre, por poucos momentos, mas ainda sim livre e sem responsabilidades.
Mas hoje, passando por aquelas ruas cheias num horário não muito convencional, me peguei pensando em como seria se eu tivesse apenas seguido os conselhos das mulheres da minha família, e ter me casado com um cara nerd que trabalha em escritório e que gosta de ver porno e tocar punheta no banheiro do trabalho.
Com filhos, e uma casa para cuidar. Meu Deus seria trágico.

Devaneei por alguns segundos, até que a buzina do carro atrás de mim berrou me fazendo acordar do meu transe, percebi que o sinal ainda estava fechado e o imbecil atrás de mim parecia estar dando a vida apertado aquela buzina insuportável.
Me dei o trabalho de olhar pelo retrovisor e ver aquela Porshe preta brilhante e porra! Que carro!

Homens e seus brinquedos, por onde passam precisam chamar a atenção de alguma forma. Mas, cá entre nós, não tem como negar, é um belo carro.

E como todo belo carro, há um belo motorista.
Ele parou sua máquina bem do lado da minha, e abaixou o vidro do carona e que homem, preciso de um desses pra acabar com a minha tristeza e outras cositas más.

— Belo carro. - Ele elogiou apontando com o queixo para as rodas. — Cromadas?

— Obrigada. Bom, não preciso elogiar você, deve receber muitos elogios por aí. - Ele deu um sorrisinho maroto e deu partida no carro mas, não antes de me fazer passar a maior vergonha da vida.

— Bom, no trânsito é a primeira vez mas, de qualquer forma obrigado. - O filha da puta saiu cantando pneu e me deixou sem reação.

Eu juro, não tem como ficar pior.

(...)

   Um trajeto curto pareceu uma eternidade pra mim, mas, cheguei ao meu antro de proteção que na ocasião é a minha casa. Minha tão agradável e confortável casinha que em breve dividirei com um ser humano totalmente estranho.

   Decidi que ficar sozinha depois de uma notícia dessas não seria uma boa ideia, e ate tentei ligar para Clarissa mas, as últimas mensagens delas para mim foram "Estou com o Mikhail, então estarei off como amiga, a não ser que seja para um ménage. Te amo xoxo Clars".  Ou seja, nada de chorar no colo da amiga pelo resto do dia, e também esta fora de cogitação ligar para a minha mãe. Ela surtaria assim como eu, mas não depois de um sermão  sobre como eu deveria ter me casado com o Franklin da Pensilvânia.

  Entrei no meu quarto já tirando a roupa e procurando o resto da Vodka russa que quase me deixou em coma, para ver se agora ela realmente acaba comigo.

É amigos, o dia vai ser longo...

   (...)

Prédio da Forbs Department,
NYC
16:31 p.m

    Lidar com pessoas influentes e muito poderosas todos os dias te faz mais forte, isso nos sabemos mas, o que não sabemos é que você precisa ser o cara mais sangue frio e filha da puta que você conseguir ser. Senão, você é passado para trás e nunca mais vai conseguir um contrato em toda a América.
Sempre digo que tenho sorte de ter tido a oportunidade de crescer no meio dos Lobos e poder aprender tudo sobre a arte da negociação com os maiores investidores de todo o país porém tudo tem um preço, e o preço que eu paguei foi justamente ter me tornado um desses lobos.

   Para estar em Wall Street você precisa não só ser um grande investidor como precisa ser também ágil, esperto e um grande filha da puta mentiroso. E eu sou um cara de sorte, tenho todos os requisitos possíveis para estar aqui mas ainda sim eu erro.

Bom e nesse momento, é uma daquelas situações em que você precisa prometer algo que nunca vai acontecer e fazer seu futuro cliente acreditar piamente nisso.

— Harvey eu já te disse que não. É muita grana, eu não tenho isso tudo agora.

— Qual é Frank! Tire o escorpião do bolso, você é o CEO da Forbs! Há quando tempo nos conhecemos? 14 anos? Ou até mais não?- Juro que se esse cara não assinar esse contrato eu jogo ele daqui de cima.

— Isso não tem nada a ver com amizade, tem a ver com o meu império, meu dinheiro e a minha cabeça na mesa da diretoria. - Frank deu um gole no seu Whiskey e coçou o resto de cabelo que ainda lhe restava. — Refresque a minha memória, quem mais está entrando nessa e com quanto?

— Algumas celebridades como Oprah Winfrey, Kanye West e também alguns sócios da Tycoons. Ele são os melhores na área deles. Os pioneiros. - Ele pensa mais um pouco, lê os documentos mas ainda não está totalmente convencido. — Bom, eles tem Juliet Spark. Não a conheço mas sei que é pior que nós dois juntos. 

— Eu juro Harvey, se isso não der certo eu mato você e dou prós meus cachorros comerem de lanchinho.

Finalmente ele assina aquela merda de contrato que vai me dar 15 dias na Suiça descansando depois de colocar pra dentro da empresa, toda essa grana.
Uma assinatura desse cara vale mais do que um coração novinho em folha.