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—Princesa Isabel? –a Sarafina minha tutora adentra meu quarto. —Bom dia princesa! _faz um breve reverência.

—Bom dia Sarafina! –respondo olhando sua testa franzida.
—Aconteceu algo? –pergunto preocupada.

—Não princesa! –responde seca.

—Tudo bem! –decido deixar quieto. Uma hora ou outra ela vai se abrir...

A Sarafina é uma senhora de aparentemente 40 anos, ou seja, está nesse castelo desde meus quatro anos de idade. Sempre cuidando de mim, quando meus pais resolviam problemas do reino. Ela sempre fala pouco, ou quase não fala. Discreta.

—Só vim avisar que sua majestade a espera para o café real. –diz saindo e me deixando sozinha.

Me olho novamente em minha penteadeira cor bege, analisando meu vestido azul cristalino, meus olhos da cor do mar reluzia, meus cabelos negros em um coque bem feito e um batom rosa claro, já que é a única cor que posso usar.

Andando pelo corredores do castelo me recordo da senhora Lucile, a tutora da minha irmã; amorosa, compreensiva, fazia um papel de mãe, já que a rainha não sabia o significado dessa palavra "mãe". Mas o destino foi cruel, levando-as para bem longe de mim...

—Sente-se Isabel! –minha mãe ordena.

—Papai não vem tomar o desjejum? 
pergunto me servindo do chá de hortelã, meu favorito.

—Seu pai tem afazeres mais importante do que um simples café real com nós duas. –diz seca. Tomo meu café em silêncio, não quero aborrecer a rainha logo cedo.

Depois do café, saio para o jardim do castelo, que pelo visto os jardineiros estão cada dia mais o favorecendo. Meu lugar favorito está impecável, sempre do jeito que deixo. Com flores ao redor de uma rara árvore, o banco preto dar um ar de elegância e liberdade. Como é bom se sentir livre, mesmo que seja entre os muros do castelo. Pego meu livro, "a cidade transparente", e abro na página vinte, onde exatamente deixei ontem...

—Princesa! Princesa! –paro de ler ao ouvir barulhos vindo do jardim.

—O que está fazendo aqui?
pergunto para Lian ao vê-lo de trás de uma árvore qualquer.

—Estava com saudade da mais bela princesa! –ri.

—Como conseguiu passar pelos guardas? –pergunto andando em sua direção.

—Tenho meus truques! –me abraça.
—Porque não vem mais me visitar?

—Está ficando cada vez mais difícil de sair escondido, a rainha está mais atenta ao meus passos. Tenho muito medo de o pegarem Lian. –digo o arrastando para meu jardim secreto dentro de uma árvore falsa. Você se arriscou muito! –o encaro nervosa.

—Por você me arrisco sempre!
me olha com seu olhar penetrante. Nunca o vi me olhar tão intenso como hoje.

—Eu sei disso! Sempre ao meu lado me apoiando, protegendo, sempre sendo meu melhor amigo. Te adoro Lian! –o mesmo abaixa a cabeça.

—A mamãe sente sua falta, assim como todos lá de casa.
toca gentilmente minha face.
—Precisamos nos ver hoje à noite.
franzir a testa.

—Não sei se poderei... –ele coloca seus dedos entre minha boca me calando.

—Vamos dá uma fugida! –ri.
—Esteja aqui as nove da noite, sem ninguém te ver, se não, nosso plano vai por água abaixo.
assinto, mesmo sendo perigoso, estou com saudade da rua, do vento batendo em minhas faces, em sinal de liberdade.

A Luta Pela CoroaOnde histórias criam vida. Descubra agora