Prólogo: Uma visita surpresa.

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   O céu estava escurecendo e as luzes dos postes prestes a acenderem, quando ouviu-se um estampido e uma silhueta feminina surgiu no bairro sombrio do interior da Inglaterra.

   — Cokeworth, rua da fiação, vire a direita e contorne o quarteirão, quinta casa após a esquina, número 7 — repetia a frase como um mantra. A verdade é que era a primeira vez que aparatava sozinha, seu estômago ainda se revirava com a sensação que aquele ato trazia. Mesmo assim, precisou faze-lo, não era possível que se encontrava naquela situação. Tentou não se distrair com os milhares de sentimentos que a conturbavam — Quinta casa após a esquina, número 7.

   O nervosismo pareceu diminuir conforme as batidas na porta eram dadas. Havia um falatório grande na casa vizinha, contudo, o lar em que a garota, de madeixas avelã e olhos da mesma cor, aguardava impacientemente na frente permanecia em silêncio. Começou a se questionar se não deveria ter ligado no aparelho trouxa antes, "Por favor esteja em casa", implorava mentalmente. À terceira tentativa, ouviu passos. A porta se abriu e uma mulher de cabelos castanhos, aparência gentil e um sorriso amável disse:

   — Olá desculpe a dem- Marlene querida, aconteceu algo?

   — Como vai, senhora Evans? Muito bom revê-la — a ansiedade estampava seu rosto e era denunciada em sua voz — Lily está em casa? Desculpe aparecer assim tão de repente.

   — Está no quarto, meu bem. Entre, entre — Marlene nem esperou o gesto das mãos se repetirem, imediatamente colocou seus pés para dentro da residência de número 7.

   — Obrigada, sra. Evans ­— falou rapidamente enquanto subia os degraus de dois em dois. Conhecia aquela casa como a palma de suas mãos. As duas amigas revessavam as visitas de inverno e verão desde que se aproximaram no segundo ano. Lembrava bem de como ela e Lílian haviam pego uma detenção por rir da mordida de um Amasso, que o professor Kettleburn levara no traseiro. Sorriu com a recordação, fora naquele castigo que perceberam a quantidade de características que tinham em comum, a partir de então, a cumplicidade fluiu sem dificuldade. Seus pensamentos foram interrompidos ao trombar com alguém no fim da escada.

   — Vê por onde anda aberração — sibilou a garota de pele branca e cabelos marrom escuro.

   — Eu estava com saudades também Petuninha — nunca levava a sério os insultos da menina, se conheciam o suficiente pra respeitar o espaço uma da outra. Quando voltou a andar, olhou para frente e foi capaz de enxergar uma cabeleira vermelha escura espiando pelo vão da porta no final do corredor.

   — Não é possível que você não consiga viver longe de mim nem por uma semana ᅳ Gritou a garota com um sorriso de orelha a orelha. Amava a companhia da amiga e a irmandade que desenvolveram em 5 anos — A gente precisa resolver isso Lene, como é que vamos viver assim quando você se casar com a Berthinha?

   — Em primeiro lugar — Marlene iniciou enquanto entrava no quarto e abraçava a amiga — Você sabe muito bem que eu tenho alergia à casamentos e relacionamentos em geral, ainda comprovarei isso cientificamente ᅳ riu enquanto ambas sentavam na cama. Agora que estava na presença da amiga, se sentia plenamente calma e confortável — Em segundo lugar, é justamente por isso que estou aqui.

   — Não me diga que você finalmente vai entrar na igreja de branco e eu terei a honra de ser a madrinha? — Mal terminara a frase quando a almofada voou em seu rosto.

   — Você não presta atenção em nada do que digo, não? — Marlene prendeu os cabelos compridos e ondulados em um coque, respirou fundo e soltou: Papai descobriu.

   — O quê? Que você é bissexual Marlene? Qual o escanda-lo? Você já anunciou isso pra Hogwarts inteira uma vez, lembro muito bem de quando bebeu Hidromel além da conta e saiu perguntando a todos qual era o barulho da buzina de um carro, metade daquelas pessoas mal sabem o que é um carro.

Light and Darkness: Juntos até o fim.Onde histórias criam vida. Descubra agora