20 de Setembro...
O laranja escuro do céu anunciava que a noite estava próxima, ouço o som dos grilos cantando, adoro este clima que a volta pra casa me dá, anseio todas as manhas quando levanto minha cabeça do travesseiro esses poucos minutos, os mesmos que me lembrava meu pai, lembro de estar montada em uma bicicleta velha junto a ele, a estrada ainda era de barro e o laranja do céu igual ao que estou vendo agora, talvez estivéssemos voltando de algum lugar ou indo a algum lugar, pouco importa agora isso nunca mais vai voltar. À 7 anos foi forçado a deixar sua mulher, dois filhos e uma enorme fazenda de videira por causa de uma maldita doença cardíaca.
"A Fazenda de Videiras dos Nogueira", eu adorava como soava, agora videiras não fazia mais sentido nesta frase, com os anos as coisas começaram a desandar com a fazenda, os corredores roxos da fazenda estavam mortos só o que restava era os galhos secos das plantas. Com um filho pequeno e uma inútil adolescente, minha mãe não dava conta de tudo sozinha, teve que fechar os acordos com os vinhateiros e arrumar outro jeito de ganhar dinheiro, depois de mundo insistir tive meu primeiro emprego aos 16 anos, era perto da Vila onde morávamos em uma padaria e aos 18 fui trabalhar na Cidade chamada Gênova, mamãe vivia preocupada pois eu levava quase uma hora pra ir e voltar de bicicleta.✄╌╌╌╌╌╌╌╌╌╌╌╌╌╌
O escuro da noite vem, as luzes dos postes e dos carros que passam pela estrada iluminavam meu caminho de volta, chego finalmente na Vila, muito pequena e também muito antiga, todos se conheciam e dificilmente tinha alguma confusão. Eu admirava como eles cuidavam uns dos outros e como prezava o lugar que moravam, Ceuci, como a Vila se chama, era muito bonita, sua antiguidade a deixava com um tom romântico.- Boa noite, Louy. - grita, seu Edgar, quando passo em frente à sua padaria.
- Olá, Edgar. Boa noite pra você também! - aceno para ele sem parar de pedalar.
Saindo da Vila, já consigo ver as casas das fazendas todas juntas, porém afastadas ao mesmo tempo.
Terceira casa a esquerda, já consigo ver, a casa de um marrom escuro era notória de dia, as luzes do primeiro andar e os postes do portão estavam acesos, normalmente mamãe deixa apenas as luzes de casa acesas. Passo pelos portão, consigo enxergar um carro grande e cinza parado na frente da casa, um homem está sentado nas escadas da mesma, mal o vejo direito, me aproximo mais e o homem se levanta. Ele é alto, magro, não era musculoso, porém parecia ter tudo firme, os cabelos pretos e a barba já havia um tempo que não eram cortados, ele vestia uma camiseta social abotoada até o pescoço, o mesmo tinha uma tatuagem de coruja e mais algumas nas mãos. Claramente ele não é daqui.
- Boa noite, Luísa. - sua voz grave me causa arrepios.
- Ahn... Boa noite, Senhor...?
- Dummont, Diego Dummont. Se lembra? - Minha surpresa é nítida em ouvir este nome, pois ele nem precisou de uma resposta para saber que sim, ainda lembro dele. - Vamos entrar, Louy. Temos muito o que conversar. - outro arrepio desta vez mais intenso quando ele me chama de Louy.
Família Dummont voltaram para Ceuci? e Diego, ele estar tão diferente, será que ainda é um pirralho idiota? Me lembro claramente dele puxando minhas tranças na escola por puro gosto de me irritar. Os Dummont eram amigos de minha Família e donos da agrícola mais conhecida de Ceuci e Gênova.
Diego da minha frente já sumiu, largo minha bicicleta por ali e entro em casa. Porque diabos Dummont está em minha casa ?
- Mãe!
- Louy, que bom que chegou, venha. - ela surge em minha frente puxando minha mão. - Venha falar com os Dummont.
- Espera! O que eles estão fazendo aqui? - sussurro e segurando para parar.

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Dummont antes de Vinhos
RomanceLuísa Nogueira, morava com sua mãe e seu irmão na enorme, porém bastante acaba fazenda de Videiras dos Nogueira. Com contas acumuladas e um salário mínimo que Luísa ganhava trabalhando em uma padaria, a fazenda acabou decaindo. Mas Diego Dummont era...