Rosas são para os mortos

Capítulo 2

Layêmia hoje é apenas um lugar de ruínas.
A magnífica cidade, que um dia fora o lar de todos os membros da Ordem, encontrava-se desolada devido às sucessivas batalhas que aconteceram há vários anos atrás.
Após a morte de Owen Lionheart, a Ordem precisou de um novo líder para mantê-la unida. Vários membros da Ordem, de várias casas diferentes, reinvindicaram o direito de liderar. Casas se colocaram contra outras Casas, muito sangue foi derramado, até que Olínja Wolfgang, com a benção do Lobo de Miulyme, Guardião de sua casa, conseguiu reunir a Ordem novamente.
Ao término de tantos anos de luta entre as Casas, Layêmia encontrava-se destruída. Todos os líderes de cada Casa resolveram então deixar a cidade do jeito que se encontrava, para servir de memória às gerações futuras sobre a necessidade de manter a união e estabeleceram o Tratado de Layêmia. A partir daquele dia, a Ordem mudou-se para a base da Montanha Molinime. Mas Layêmia ainda servia como palco para a Iniciação.
O Círculo dos Guardiões encontrava-se na parte mais alta da cidade, a versão que existia em Molinime não se comparava a real. Todos os membros da Ordem já viram aquele lugar pelo menos duas vezes. Uma, quando se completa 15 anos e é levado para lá para que o Guardião lhe ofereça a sua benção, determinando assim a casa a qual irá pertencer. A segunda vez, é na Iniciação, o momento quando será determinado a União.
Kedna e Raven avistam primeiro o que restou das fortificações que protegiam a antiga cidade. Ao passarem pelo que era antes os grandes portões, a desolação parece ainda maior. Casas precariamente em pé, plantas por todos os lados e até mesmo a presença de alguns animais selvagens, que fizeram daquele lugar o seu lar.
Dali mesmo já era possível ver as pilastras do Círculo, o sol já a uma certa altura, iluminava a estrutura dando um aspecto sagrado ao lugar. Raven ia em seu cavalo a um trote rápido, a uma distância segura de Kedna. Ele ainda levava a mão ao lado da sua cabeça, e toda vez que tocava lá, fazia uma careta de dor.
— Da próxima vez, torça para eu errar, porque eu não terei piedade. — Raven tremeu ao ouvir Kedna mais próxima do que ele achava seguro.
— Sendo assim, tenho que lhe agradecer por possuir um coração tão grande ao ponto de ter me permitido viver mais um dia. — Kedna lhe lançou um olhar cortante.
— Quer que eu mude de ideia passarinho? — Raven se encolheu, tanto pelo olhar assustador de Kedna quanto pelo tom mortal que ela soou.
— Acho que vou deixar passar essa, obrigado. — ambos instigaram seus cavalos a irem mais rápido.
O Círculo dos Guardiões ficava no Monte Arkre, que por sua vez, localizava-se no centro de Layêmia. Lá também ficava a grande Casa da Ordem, o único lugar completamente intacto de Layêmia, o lugar onde ocorreria a União.
Ao chegarem ao cume do monte, além do Círculo dos Guardiões, havia uma construção majestosa uma pouco mais além dele, o palácio de Milne.
O palácio demorou cerca de 40 anos para ser construído, anos esses em que Milne de Cromns, dedicou a sua vida a construí-lo. Sua estrutura era feita de mármore e as pilastras que o sustentavam de granito. O pé-direito era alto e na cobertura havia uma espécie de jardim. Dentro, haviam várias esculturas, tanto dos Guardiões como também de cada líder da Ordem. Os detalhes em ouro nas grandes pinturas, um dia atraentes, não chamavam mais tanto a atenção devido ao aspecto amarelado do lugar ganho com o longo tempo sem cuidados, os móveis apresentavam um pouco de poeira.
Kedna e Raven percorreram a grande construção até chegar ao seu centro, onde existia uma espécie de cúpula, o lugar da União. A União era o momento em que cada iniciando saberia quem era o seu Geminus. A União dos Geminus durava a vida toda e após a morte de um deles o outro poderia escolher ter outro Geminus ou permanecer sozinho.
—Bem, parece que chegamos em boa hora. A cerimônia de União ainda não começou. Não precisávamos ter nos  apressado tanto. — Raven comentou ao ver todos os iniciandos tendo conversas entre si, espalhados pelo amplo lugar. Ao centro ficava a plataforma, que naquele momento se encontrava vazia.
— Que pena, eu poderia ter lhe estrangulado um pouco mais de virmos para cá. — Kedna soou realmente triste ao se expressar.
As conversas ainda duraram alguns minutos, Kedna e Raven ficaram a parte apenas observando. Até que todos os murmúrios cessaram de repente quando Kóric subiu a plataforma.
— Saudações meus caros iniciandos. É hora de darmos início a União.