capítulo único.

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“Saia daí, Draco. Vamos lá, não deve ser tão ruim assim.”


“Tem razão, não é ruim, é absolutamente terrível. Eu vou matar Blaise, sim, eu vou.”


“Não acho que essa seja uma boa idéia.” Diz Harry, recostando na porta do banheiro.

Alguns minutos antes, Draco havia se trancado lá dentro, ele chegou em casa como um raio sem nem sequer dar um “Olá, querido!” para Harry, só se fechou no pequeno cômodo, jurando morte ao amigo e colega de trabalho.


“Meu cabelo está preto, Harry. Preto! Eu não sou moreno, sou loiro. Meus cabelos são brancos como a neve. Droga, até mesmo meus pelos pubianos são loiros! Eu pareço horrível.”


“Tenho certeza de que você continua lindo. Saía daí, vamos.”


Harry nunca pensou muito em como as pessoas se dirigiam a Draco. Em todo o seu tempo em Hogwarts, ele era apenas Malfoy.


“Ok, vou abrir a porta. Você não pode rir!”


Depois do casamento, Draco então passou  a ser Potter-Malfoy. Era só isso, não era importante. Às vezes Harry até mesmo se esquecia de que o homem era um Black também.


Mas agora, Draco havia aberto a porta. Ele estava parado na frente de Harry, e ele se parecia tanto com Sirius, que fez o estômago do homem de óculos doer.


Os cabelos loiros e a atitude mal-humorada e dramática nunca realmente deixaram Harry associar Draco a Sirius, mas ali, com o cabelo preto, e os cachos caindo aos olhos acinzentados, Draco parecia tanto com uma versão mais jovem de Sirius, que fez o coração de Harry acelerar.


O olhar no rosto de Malfoy era de apreensão, a mesma expressão que Harry havia presenciado no rosto de Sirius, quando eles se encontraram pela primeira vez e o garoto ainda achava que seu padrinho havia traído seus pais.


“Harry?” Draco o chama, tirando o de óculos de seus devaneios.


Harry solta um soluço que nem sabia que estava segurando.


“Parece tão ruim assim?” Draco pergunta, o rosto corado e um olhar confuso.


Harry dá um aceno negativo com a cabeça, as lágrimas molhando suas bochechas, ele marcha para o quarto do casal sem dizer mais nenhuma palavra.


Ele se senta na cama e chora silenciosamente. Harry se encolhe um pouco quando sente a mão de Draco em seu ombro.


“Harry, querido, o que é isso? Porque está chorando?” Malfoy pergunta, seu tom de voz preocupado.


“Você se parece tanto com ele.” Harry responde, a voz ainda embargada.


“Me pareço com quem?” Draco pergunta. As ações repentinas de seu marido haviam deixado o recém-moreno confuso.


“Sirius.” Harry diz, olhando para o rosto do outro homem.


“Ah.” Draco diz, sem saber como reagir a aquela informação. “Acho que essa é a primeira vez que alguém me fala isso.” Ele diz, dando um riso sem graça.


“O seu cabelo assim, me lembra tanto ele.”


O mais alto olha com pena para o homem a seu lado, é claro que ele não sabia que uma simples brincadeira de seu amigo desencadearia uma reação dessas. Ele podia sentir um gosto amargo em sua boca por saber que a razão pela a qual Harry estava chorando era ele. O fato dele estar ali, com o cabelo daquele jeito e a expressão preocupada era o exato motivo das lágrimas do outro.


“Eu sinto muito, querido, não fazia idéia... Eu juro que vou consertar isso, não vou ficar desse jeito por nem mais uma hora.” Draco diz com confiança enquanto o de óculos apenas assente tristemente.


A verdade é que Draco podia entender como Harry se sentia, pelo menos parcialmente, podia.


Seu padrinho, Snape, também havia morrido na guerra e seu pai, Lucius, havia sido afugentando em Azkaban.


Alguns anos mais tarde, sua mãe, Narcissa se adoentou e tanta era sua tristeza pelas tragédias acontecidas, que ela acabou se entregando.


Então, sim, Draco sabia como era não ter mais seus pais, é claro que ele conviveu mais tempo com eles do que Harry com os seus, e ele ainda tinha sua tia Andrômeda e primo Teddy, mas de fato, quando a frase “Eu entendo sua dor, querido.” saiu pela boca de Draco, pareciam bem mais sinceras do que quando outras pessoas as diziam.


“Sei que é difícil ter que encarar os demônios do passado, mas eu estou aqui para te ajudar com isso, espero que com o tempo você consiga se livrar deles. Que nós dois conseguimos.” Draco diz enquanto abraça o outro homem.


“Obrigado, Draco. Eu te amo.” Harry responde, aninhando a cabeça no ombro de seu marido.


Eles ficam assim durante um tempo, até Harry parar de chorar.


“Certo, que tal assim, eu vou para a casa de Granger pra ver se consigo me livrar desse feitiço de mal gosto, e você fica aqui, e eu volto com aquela comida trouxa horrível que você tanto gosta e com meu cabelo loiro. O que acha?”


“Soa como um plano.” Harry responde sorrindo.


Harry está quase pegando no sono, em frente a televisão, quando escuta a porta abrir e a visão de Draco em seus trajes não-formais e seu cabelo loiro cacheado o anima. O mesmo tinha uma caixa de pizza nas mãos e um sorriso no rosto.


“Se sente melhor?” Draco pergunta enquanto deposita a comida encima da mesa.


“Muito melhor.” Harry responde, sorrindo, porque pela primeira vez em muito tempo, aquela resposta era realmente verdadeira.

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⏰ Última atualização: Feb 25, 2019 ⏰

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