[2] Inside the door

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NAKANO, TÓQUIO.

Quando Taehyung e eu entramos no seu carro estacionado quase que no meio da avenida eu me sentia sufocado. Não consegui me despedir de Bong Cha porque Taehyung me arrastou pra fora do bar como uma criança birrenta num parque de diversões. Destravou as portas do carro e entrou as pressas, deixando um Yoongi sem saber o que estava acontecendo para trás, na calçada do bar.

O ar do carro me sufocava. Um, dois e eu explodiria. E eu o fiz:

— Foi pra isso que veio até aqui? Me fazer passar por esses constrangimento?

— Foi você quem me fez de idiota, Seokjin! — ele bufou.

Observei que as suas mãos apertavam com força o volante. O olhei confuso. Mechas do seu cabelo vermelho pendiam para o lado direito do seu rosto, grudadas pelo suor que escorria da sua pele. Ele parecia se ascender em fogo humano, enquanto eu, congelava em frio. 

— Eu não te pedi para vir ao bar, Taehyung.

Ele então me olhou magoado.

— Você insiste em fazer do que temos um jogo de adolescentes. E acredite, eu estou me cansando desse joguinho.

— Está cansando desse joguinho? Que joguinho? Você está ficando louco.

— Fale baixo.

— Eu sou mais velho que você, pare de me tratar como inferior. Eu estava onde queria estar e você também estava onde gostaria de estar. Não haja como se isso fosse algum relacionamento sério, porque não é. Volte para o hotel sozinho.

— E onde você pensa que vai? — ele gritou enquanto eu forçava a porta do carro para sair, mesmo com o veículo em movimento.

Ele freou o carro bruscamente.

— Pra longe de você. — gritei também enquanto batia a porta do carro, indo para uma rua vazia, desconhecida e congelante do Japão.

— Não enlouqueça agora, Seokjin, temos muito o que conversar no apartamento.

Eu ouvi a porta do seu SRV parecer ser esmagada, foi aberta e violentamente fechada. A que intensidade de coisa eu estou me jogando?

— Não me de as costas, Seokjin.

Taehyung sempre odiou falar sozinho, era como acertar uma cruz no meio de um monte de católicos fanáticos. Inadmissível.

— Você acha que por ser mais velho, todos nós temos que te respeitar, mas não é assim que funciona. Eu exijo que me trate como igual e me explique o porquê de você estar beijando aquele cara no bar quando deveria estar comigo.

Bang.

— Você me parecia bem quando eu sai do restaurante ontem a noite. Bebendo e conversando com todos ao seu redor, como se não estivéssemos numa maldita encruzilhada.

— Você não deveria se importar com isso, eu estava apenas bebendo, Seokjin.

— Não era isso que aquele modelo chinês achava.

Ele sorriu. Um sorriso grande, seu sorriso quadro.

— Então é isso? Ciúmes? Usou aquele barman para me fazer ciúmes.

— Isso aqui não é só sobre você, e não fale a palavra barman como se fosse alguma ofensa. Ele não é você, Taehyung, não é nenhum cantor ou um cara famoso, mas ele é melhor do que você. Pode ter certeza disso.

Eu não senti o peso das minhas palavras, mas eu sei como ele as sentiu, porque até para mim elas não haviam como serem resgatadas, eu as tinha lançado, não podia trazê-las de volta.

{HIATUS} Watercolor • Kth + KsjOnde histórias criam vida. Descubra agora