KIRA

Capítulo 01

 Mais uma vez fui trazida a esta estrada no meio do nada, onde os poucos postes lutam para se manter acessos e dissipando a escuridão, meu corpo todo treme com o toque do vento em meus braços e a sensação de frio me invade, fazendo crescer a vontade de sair deste local.

Olho para o céu em busca de algum ponto de referência que possa denunciar minha localização, mas a lua e estrelas estão encobertas pelas nuvens espessas, então sigo em frente, já que me arriscar a entrar na floresta sem qualquer informação não seria a coisa mais inteligente a se fazer.

Conforme seguia, uma neblina densa  tomou  conta da estrada, me impedindo de ver mais  que dois palmos à minha frente,  restando apenas as luzes  dos postes como minhas guias.

Minha situação não estava nada favorável, já havia  andando cerca de 10 minutos e não tinha avistado nenhum carro ou comércio à beira da estrada. De repente ouço o som de pássaros se agitando e galhos quebrando, algo estava vindo e tudo indicava que eu não gostaria de saber o causador de tanto à alvoroço, começou a correr tentando abrir o máximo de distância possível de onde estava, mas já era tarde e a criatura já estava seguindo meu rastro, continuei correndo enquanto pontos vermelhos surgiam na floresta e se juntavam a perseguição.

A está altura, eu já estava apavorada, as criaturas me acompanhavam não importando o quão rápido corre-se, forço meu corpo a manter o ritmo, mas meus músculos queimam, meus pulmões imploram por mais ar, meus batimentos se tornam cada vez mais audíveis e eu ... desisto. Paro na estrada e me envergo com as mão no joelho, ofegante e preocupada apenas em me manter respirando.

Vejo os pontos vermelhos me espreitando, mas nenhum tinha tomado coragem de sair de seu refúgio na floresta, pareciam estar me estudando ou esperando algo e algo realmente aconteceu. Uma ave de tamanho incomum irrompeu do céu e veio em minha direção, havia algo de diferente naquele animal, não sabia dizer o porquê, mas era como se eu o conhecesse e sua presença me acalmou e as criatura que estavam quietas tornaram a se agitar, balançando os galhos as árvores e se revelando.

Os meus perseguidores eram morcegos gigantes com olhos vermelho vivo, que se agarravam nos ganhos com três garras que saiam do topo de suas asas, haviam dezenas de animais todos empoleirados e agora com sua atenção voltada ao pássaro preto que se aproximava, então o maior deles guinchou e todos levantaram voo e começam a atacar com suas garras o pássaro que vinha a minha frente.

O pássaro desvia de algumas investidas e tenta contra atacar, mas são muitos inimigos e a pobre ave despenca no ar. Eu sentia toda a dor daquele animal como se os ataques estivessem sendo direcionados a mim, então corri em sua direção e o peguei antes que se chocasse com o asfalto, e afastei alguns morcegos que insistiam na investida.

Agora que estava em meu colo, pude perceber que se tratava de um corvo, poucas penas que ainda restavam eu suas asas adquiriam tons avermelhados devidos aos diversos cortes.

Mantive a ave protegida em meu colo enquanto dava seus últimos suspiros, a morte do animal fez com que todo o cansaço, medo e angústia retornassem, mas agora estavam acompanhados de dor e ódio, sendo tudo manifestado em um grito que ecoou pela floresta.

Em retaliação os morcegos se agitaram e se agruparam, partindo em minha direção, cobri o pássaro com meu corpo, fechei os olhos e me preparei para sentir as garras penetrarem em minha pele, será que este é meu fim.

Rosnados, ganidos e guinchos preencheram o ar, levantei a cabeça e uma batalha se estendia à minha frente, lobos estavam saindo da floresta e abocanhando morcegos em pleno ar, deixando vários mortos e outros gravemente feridos se debatendo no chão, em contrapartida, os morcegos mais rápidos cortavam os lobos com suas garras afiadas enquanto desviavam dos seus inimigos, havia sangue por todo lado lobos e morcegos agonizando e eu estava paralisada como todo aquele cenário.

Sinto penas roçarem em meu braço e levo um susto ao ver o corvo que eu julgava estar morto virar sua cabeça e me encarar com olhos vítreos e vazios, e começo a grasnar - Selene .... Selene...