Pecados

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A humanidade nunca foi tão simples quanto parece nos dias atuais.

Naquele tempo, o pecado percorria por todas as veias humanas. Sem nenhum seguimento que os mantivessem presos a alguma ordem. Mesmo os que se mantinham tranquilos pela neutralidade do próprio corpo, sentiriam a heresia tomá-los em algum momento.

Na construção dos diversos Reinos do passado, muitos eram os humanos que não participavam desse círculo vicioso, evitando se levar por um caminho diferente e perverso, mesmo que o corpo vez ou outra clamasse por isso. E outros, nem mesmo conheciam uma natureza diferente da humanidade boa e pura que observavam todas as manhãs, quando as pessoas ajudavavam umas às outras e as saudações eram ditas cheias de gentileza.

Jeongguk era uma delas.

Seus olhos o transformaram no exemplo a ser seguido, um jovem correto que jamais houvera conhecido nada mais que a castidade. O único conceito que conheceu foi o do bem; o de amar aos seus próximos, auxiliá-los sempre que fosse necessário. Aquela era a sua realidade.

A sua vista de todas as manhãs.

Era o filho exemplar. Seus pais, mesmo que não cuidassem diretamente das decisões do filho, explicavam e demonstravam o caminho que deveria ser seguido. O caminho correto.

Sua mente nunca recusou nenhum daqueles avisos e auxílios.

Até aquele dia, quando a dúvida e incerteza foram postas bem a sua frente.

Jeongguk sentiu o celular vibrar ao seu lado na cama, suspirando aliviado ao ver que a chamada era justamente da pessoa que esperava. Sorriu, porque querendo ou não, só havia três contatos salvos em seu celular, e se limitasse, dois seriam de seus pais. O terceiro era de Taehyung, seu melhor amigo. E que por um acaso, havia prometido aquela ligação na noite passada.

Atendeu, escutando a linha do outro lado.

— Bom dia — ouviu a voz grossa ressoar no seu ouvido, fazendo-o olhar a frente, procurando alguma coisa que o fizesse não dar tanta atenção aquilo. Aquela voz. Focou-se na janela do seu quarto. Estava aberta, dando uma ampla vista do céu claro, o azul colorindo-o por completo. — Jeongguk-ah? Está aí? 

— Sim, hyung. Estou aqui — respondeu, sentindo o vento do ventilador do quarto balançar as madeixas caídas sobre sua testa suada. Já era quase meio dia. Estava calor e o quarto parecia fervê-lo por dentro. Conseguia ouvir dali a buzina dos carros, conversas distantes, anúncios em aparelhos automotivos. Mais uma manhã.

— Tudo bem? Parece cansado — Taehyung perguntou, ouvindo um resmungo do mais novo. Isso o fez sorrir, mesmo que Jeongguk não pudesse vê-lo.

— Estou bem, só... com sono — explicou, ouvindo Taehyung emitir um som de surpresa.

— Jeongguk, você ainda está na cama? Te acordei?

— S-Sim, estou... mas eu me acordei cedo, como sempre.

— Então por que está com sono? 

A pergunta fez Jeongguk suspirar entristecido. O fato era que Taehyung havia prometido uma chamada de noite para ele. Gostava da voz de Taehyung, do tom firme e grave, que estranhamente transmitiam uma sensação de tranquilidade para seu peito, por isso sempre esperava por ouvi-la. Mas todas as vezes que a chamada deveria ocorrer, sempre tinha uma exceção. Se fossem prometidas a noite, elas nunca ocorriam. Aquilo o enchia de frustração. E mesmo que Taehyung nunca parecesse lembrar o motivo de não ter ligado para ele, Jeongguk sentia vontade de cobrar o porquê daquilo. Mas quando escutava a voz de Taehyung pela manhã, naquele horário em comum, se esquecia de perguntar. Esquecia que deveria cobrar uma justificativa por sempre ter que esperar por uma chamada que não vinha a noite.

Dissuasão | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora