Capítulo 1

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Eu nunca fui religiosa

Mas no momento em que te ve

Eu acreditei na existência de um Deus 

Com capacidade pra desenhar algo tão bonito.

-soffocato

***

Ainda me da primeira vez que te vi Malcolm. As cores, sons,  cheiros e sensações  tão vivas como se tivesse sido a alguns minutos. Mais também como eu poderia esquecer  do dia que seria  o começo  de tudo,? O dia que conheci a pessoa que colocou meu mundo de cabeça pra baixo,  só pra sacudilo e deixar ainda mais revirado que antes?!

Eu trabalhava na cafeteria perto do campus, meu pai se recusou a pagar minhas despensas quando contei que tinha decidido fazer medicina em Berkeley, então minha única solução foi arrumar um emprego. Eu não gostava lá essas coisas de trabalhar com aquele uniforme rosa pálido, mais ajudava nas despesas que a minha bolsa, meu trabalho na biblioteca e o meu outro bico de sexta não cobria.  

No dia que você entrou no café acompanhado de mais dois amigos, eu fiquei paralisada.  Você era, é,  tão bonito que acho que roubou um pouco do meu ar. Eu estava em Berkeley a dois anos e nunca tinha visto você ou nunca tinha reparado no mundo a minha volta. Observei você caminhar  em direção ao balcão em que eu estava de forma confiante dentro de sua jaqueta de couro preta, mesmo estando um pouco quente naquele dia, jeans gastos e coturnos.  Seus amigos escolheram uma mesa, mais você veio direto até o balcão mantendo seus olhos azuis  em mim, me analisando de uma forma quase indecente. Me senti nua ao ser observada daquele jeito.  Eu recebi a cantada de universitários idiotas todos os dias,  alguns até deixavam seus números de telefone no meu pote de gorjeta que fica em cima do balcão,  mais nada comparado aquilo e isso me deixou nervosa.  Era sempre assim,  você me olhava e eu me sentia inquieta,  não desconfortável,  mais fazia eu me sentir estranha. Um sorriso brilhante surgiu no seu rosto quando se esgotou no batente a minha frente de forma relaxada,  enquanto eu me sentia tudo menos isso.

-Ola- seus olhos passaram pelo crachá em cima do meu peito e se demoraram um pouco de mais ali. Sua língua passou por cima dos lábios rosados antes de levantar seu olhar novamente para o meu.

- qual o seu pedido?- perguntei de forma automática  tentando parecer o menos nervosa possível. 

-três expressos grandes,  Aysha- eu sempre detestei aquele maldito crachá. Mais naquele momento eu olhando seu sorriso brilhante e sabendo como meu nome soava bonito sai do da sua boca eu agradeci por ser obrigada a usar aquela coisa.

-Mal- chamou um seus amigos na mesa quando viram que você estava se sentando em um dos bancos no batente- vem pra mesa cara. Para de ficar secando atendente gostosa. 

- mais respeito Christian , seu imbecil- o outro rapaz na mesa sorriu . Mal virou pra mim de novo com um sorriso- desculpe meu amigo idiota, meu nome é  Malcolm,  mais todo mundo me chama de Mal. Ele não entendi que não é todo dia que a gente pode ter o prazer de olhar uma garota bonita fazendo café. 

Abri um sorriso tímido antes de me virar para a máquina de café.  Aquele seria um dos vários que você me arrancaria  com mais facilidade que qualquer outra pessoa.  Preparei os três expressos sentindo seu olhar em minhas costas observando cada movimento meu,  e isso me deixava nervosa.  Era como um toque quente , sua presença era tão imponente  que mesmo de costas ainda era impossível não saber que você estava ali. Coloquei os copos em cima do balcão  e observei você piscar e se dirigir para a mesa que seus amigos estavam.

Você voltou muitas vezes naquela mesma semana, sempre tentando flertar comigo. Acontece que eu realmente não estava afim de você, Mal, não ainda. Afinal algo me dizia que eu não era a única a receber aquela atenção de você.  Você é um conquistador, Malcolm Oconell,  exalava charme de uma forma natural  até mesmo quando estava distraído.  Todos os sinais que eu precisava pra saber que você era uma má ideia estavam destacados em verde néon,  desde sua jaqueta de couro,  seu cheiro de bebida e café,  seu sorriso confiante  e seu andar predador. Tudo em você gritava perigo. E e uma parte de mim depois de um tempo resolveu rapar os ouvidos, e essa foi a minha pior ideia.

- já é a 2 semana que ele vem aqui todos os dias- disse Camile minha colega de trabalho enquanto observava você em uma das mesas tomando café  e lendo lendo um livro. 

Eu podia sentir seu olhar em mim enquanto eu limpava o balcão ou as vezes quando eu estava distraída atendendo algum cliente, e sempre  que eu o pegava me observando  um sorriso de canto surgia em seus lábiosperfeitos antes de voltar os olhos para o livro de novo.

-serio? - falei sem interesse- nem reparei. 

Mentira. É claro que eu havia percebido.  Era impossível não notar você. Minha colega revidou os olhos e me encarou de forma cética. 

- como se ele não tivesse passado duas semanas inteiras tentando flertar com você- caras assim não se interessam por mim. 

- não seja dramática,  claro que se interessam- falei. E não era mentira.  Camile é ruiva, corpo curvilíneo.  O sonho de qualquer cara. 

-você tem razão,  eles se interessam, quando você não era por perto- disse e eu fiz uma careta. Aquilo era ridículo- também, quem teria chance contra a Deus negra de cabelos cacheados e bunda perfeita. 

- vá atender as mesas Cami- foi a minha vez de revirar os olhos- temos muito trabalho pra você ficar falando besteiras.

-tudo bem- disse ela- mais pelo amor de Deus,  da uns pegas nesse cara. Ele é tão gostoso que dói.  E eu estou ficando frustrada de ver ele tentando flertar com você e a senhorita ainda não ter dado nada pra ele ainda, nem o número de telefone. 

Dito isso ela saiu pra atender as mesas.  O ano letivo estava pra começar O que significa que o fluxo de clientes na cafeteria todo dia aumentava mais. Olhei pra sua mesa no momento em que você se levantou  e foi em direção a saída. Não sem antes dar uma piscadela pra Camile.  Cafajeste. 

***

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The QuarterbackOnde histórias criam vida. Descubra agora