4. Pê

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Malu


- Ele vai me pagar isso tudo? - pergunto abismada.

Eu já estou acostumada a trabalhar meio período. Apesar da Nanda trabalhar duro para que nunca me falte nada, sempre gostei de ter meu próprio dinheiro. Então já fui garçonete em lanchonete, passeadora de cachorros e atualmente dou aulas de ballet. Mas essa proposta parece boa demais para ser verdade.

- Pois é, parece que sim - ela fala animada - Ele precisa mesmo de alguém que fique com a irmãzinha durante a tarde e começo da noite, a família trabalha o dia todo mas a garotinha estuda pela manhã.

Eu ainda não entendi porque eu cheguei da escola pra encontrar a louca da minha irmã se maquiando. Geralmente ela está num sono super pesado e ninguém consegue acorda-la.

- Tudo que ele quer é que você pegue a garota na academia dele, que por sorte é no seu caminho da escola pra casa, e passe a tarde com ela. Brincando, fazendo as atividades da escolinha ou sei lá o quê.

Minha irmã não é a maior fã de crianças. Na verdade ela sempre tenta evita-las, principalmente quando não estão acompanhadas de um responsável Acho que me criar foi o suficiente pra ela.

Franzo a testa quando ela dá um gritinho ao ouvir o som da campainha.

- Vai atender a campainha que eu desço já já... Não deixe esse homem sair dessa casa antes que eu desça!!! 

OK, isso é bem estranho.

Eu vou tranquilamente abrir a porta e prendo a respiração assim que o faço. Consigo entender o estardalhaço da minha irmã agora. 

Esse deus grego é nosso vizinho? Obrigada Jesus!

- Oi, você deve ser a Malu - ele sorri e parece mais jovem ao fazer isso - Eu sou o Apolo, seu novo vizinho, e essa gatinha é minha irmã Perséfone. Ela prefere ser chamada apenas de P.

Olho para baixo e vejo uma pequena garotinha que sai de trás das pernas do homem me olhando desconfiada.

- Ooi, eu sou a P. 

Ela fala baixinho e de uma forma tão fofa que me abaixo para conseguirmos falar melhor.

- Oi P, eu sou a Malu - sorrio - Eu soube que você é nossa nova vizinha e fiquei muito feliz porque realmente estou precisando de uma amiga para brincar.

- Eu posso ser sua amiga - ela arregala os olhos como se fizesse uma grande descoberta - E eu sei brincar de muitas coisas que meu irmão me ensinam.

- Oh, isso é maravilhoso - digo.

- Meu mano acha sua irmã muito bonita - ela me diz sussurrando como se fosse um grande segredo - E ele precisa de uma namolada que tire ele do nosso pé.

Eu não aguento tanta fofura!

 Acho que vou amar meu novo "trabalho". Ela fala muito bem pra uma garotinha de uns 4 anos.

- Eu mato o Thor - escuto o resmungo do Apollo e só rio mais alto e forte.

- O que é tão divertido? - escuto a voz da minha irmã e vejo o homem na minha frente arrumar a postura.

Oh, definitivamente vai ser divertido ser a babá da P.

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