Marinette caminhava pelos corredores do Colégio Françoise Dupont sentindo seu coração acelerado. Era como se, a qualquer minuto, o receptor de suas cartas fosse aparecer e descobrir tudo: sua paixão por ele, sua descoberta sobre o amor secreto dele e a verdadeira identidade da heroína mascarada de Paris. Pela primeira vez, a menina sentiu que aqueles poemas poderiam mudar muita coisa e foi tomada por um frio na barriga que, ao poucos, percorreu todo o seu corpo. Agora, com a mente imersa em inúmeras incertezas, ela começava a recordar a preocupação de Tikki. Sabia que a kwami tinha um pouco de razão e que era extremamente egoísta da parte dela revelar sua identidade tão protegida durante todo aquele tempo somente para conquistar o amor de Adrien. "Será que estou tomando a decisão certa?", pensou. Estava tão perdida em seus devaneios que nem se deu conta de que tinha passado direto por sua sala. Quando notou que iria entrar em outra classe, ela voltou para o local onde deveria ter ido antes, encontrando seus colegas. Mas não foi neles que seus olhos se fixaram. Assim que encarou seu amado, todas as incertezas que tinha em relação à entrega das cartas pareceu sumir. O garoto com os olhos verdes a fazia perder a razão, ela reconhecia isso.
As aulas passaram extremamente devagar para a menina, que mal conseguia esconder a ansiedade que antecedia o fim de seus segredos. Ela não via a hora do sinal do intervalo tocar para que pudesse ter a oportunidade de entregar os poemas. A azulada tinha pensado em colocar os três cartões na bolsa do modelo, mas lembrou-se do dia em que quase foi pega por causa disso. E, considerando a importância da revelação naqueles papéis, ela achou melhor não correr o risco de caírem no chão e serem lidos por outro aluno. Portanto, o jeito mais seguro era entregar pessoalmente, mas estas duas palavras aterrorizavam a menina. Falar com seu amor secreto já era um pouco complicado para Marinette, e ela nem conseguia imaginar o momento em que entregaria as três cartas. Foi então que uma lembrança iluminou sua mente: há alguns dias, ela tinha pensado em colocar um dos poemas no armário de Adrien, mas acabou sendo impedida e, com todas as complicações que vieram depois, tinha desistido e abandonado aquela ideia, mas agora poderia aproveitá-la. Somente o loiro conseguiria abrir o armário naquela tarde, então não correria tanto perigo de expôr seu segredo para pessoas indesejadas. Ao imaginar a expressão surpresa de seu amado encontrando três cartões com o nome dela em seu armário, Marinette sorriu.
Dentro da bolsa da azulada, Tikki tremia, sabendo que faltava pouco tempo para as identidades secretas serem reveladas. "Preciso recuperar a carta antes que ela entregue", com essas palavras ecoando em sua mente, a kwami passou, discretamente, da bolsa atravessada no corpo da menina para a mochila dela que estava no chão. Como a professora explicava a matéria e os alunos estavam bem atentos por conta da proximidade das provas, ninguém viu que um pequeno ser vermelho com bolinhas pretas saiu da bolsa de Marinette. Tikki procurou a carta que continha a revelação da identidade de Ladybug em todos os lugares da mochila, mas não encontrou. Com cuidado, saiu dali e olhou nas outras divisórias, mas só achava papéis com anotações da aula e provas antigas. Lembrou-se da discussão que teve com a azulada mais cedo, tentando recordar o local em que tinha visto a carta pela última vez. "Está com ela, deve ter colocado em algum bolso do casaco ou da calça". Tikki percebeu que não conseguiria pegar o poema sem que a menina notasse e não queria começar outra discussão. "Ela não vai mudar de ideia, tenho que pensar em outra coisa", antes que qualquer pensamento iluminasse sua mente, o sinal anunciou o intervalo, o que fez a kwami perceber que não conseguiria resolver aquilo sozinha e a tempo. Foi quando lembrou que não estava exatamente sozinha. Ela não conseguiria impedir Marinette de entregar a carta, mas alguém poderia impedir Adrien de lê-las. "Plagg!", pensou e, assim que todos os alunos saíram da sala, ela voou o mais rápido que podia para encontrar o kwami.
Enquanto Tikki corria contra o tempo para impedir a revelação, a azulada não via a hora de acabar com aqueles segredos. Ignorando todas as consequências que sua mente insistia em repetir, ela caminhou até o armário de seu amor secreto e, depois de certificar que ninguém estava ali, passou os três papéis, um por um, pela estreita fresta do local que guardava os pertences de Adrien. Novamente, um frio intenso a percorreu e os possíveis resultados daquela decisão voltaram a atormentá-la. "Agora já está feito, não tem como voltar atrás", disse para si mesma, ciente de que não conseguiria recuperar os poemas sem a chave que ficava com o modelo.
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Depois Daquela Dança
Fanfiction(Primeiro livro da trilogia) Após dançar com Adrien em uma festa, Marinette começa a acreditar que seu amor é recíproco e resolve escrever uma declaração em forma de poema, assim como fez no dia dos namorados. Mas ela não imaginava que essa atitude...