chapter one • the cortex

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"A memória é o perfume da alma."

(George Sand)

Já era tarde da noite, mas Jaebum ainda estava na parte da grande sala comunitária da empresa. Com pressa, finalizava o último relatório da noite. Tinha que ser perfeito.

– Ainda por aqui, Jae? – Uma voz conhecida soou no ambiente, tirando de leve sua concentração, que voltou rapidamente para os papéis sobre a mesa – Queria ter essa dedicação que você tem nesse emprego.

– Meu querido, Song. – Jaebum disse quase cantarolando – Certas oportunidades vem como um raio, quase impossível de se pegar.

– Quer dizer que vai chover de novo? – O colega de trabalho olhou para os janelões de vidro do 13º andar para observar o céu quase noturno.

– O que eu quero dizer... – Jaebum disse juntando os papéis nas suas mãos – É que poucas pessoas têm a oportunidade de trabalhar no emprego dos seus sonhos. – Ele guardou os papéis numa pasta. – E quando essa oportunidade vem, devemos agarrar com todas as forças.

As palavras de Jaebum foram sinceras por mais que Song não as entendesse, nem sua dedicação para com o trabalho como analista de ações de um empresa de carros, mas foram sinceras. Jaebum sempre foi bom com números, pelo menos era o que lembrava de si desde sempre. Dizia quando criança que queria ser um homem importante usando da matemática. Ou era da música? Não. Era matemática, com certeza. Nunca gostara de música.

Song fez a gentileza de acompanhar Jaebum no elevador e até seu carro. Um vermelho. Marca do ano. Song foi o caminho inteiro dizendo o quão a vida de Jaebum era invejável. Tinha um trabalho meio chato, mas ele gostava. Ganhava um salário justo, tinha uma boa vida e um bom apartamento. Amigos eram aos montes, considerava-se uma pessoa amigável. Tinha uma família unida e bem compreensível.

Assim que entrou no carro e Song rumou para a parada de ônibus – mesmo com todos os seus protestos para o levar em casa e amigo dizendo que gostava da vista e do calor humano que somente os ônibus ofereciam – Jaebum começou a pensar sobre sua vida. Era realmente perfeita.

Checou o relógio. 22:43. Estava atrasado. Somin havia praticamente exigido sua presença no jantar em família, onde ela daria a grande notícias aos seus pais: haveria mais um Im entre eles, logo. Obviamente Jaebum já sabia, mas queria estar lá para ver a caras dos pais e do marido Jackson. Ele era engraçado, reagiria a isso de uma forma muito cômica. "Imperdível", pensou.

O trânsito foi rápido e já estava dentro da garagem do prédio da irmã. Checou mais uma vez o relógio. 23:01. Pegou o celular e nenhuma ligação ou mensagem, o que era estranhamente fora do comum. O jantar estava marcado para as 22h. Como ela não estava furiosa?

Bateu na porta da irmã e esperou ela abrir.

– JB! – Somin disse com um sorriso alegre. – Entra.

– Oi, irmã. – Disse. – Papai e mamãe já estão aqui?

– Que? – Ela perguntou arqueando uma sobrancelha e se estirando no sofá. – Por que eles estariam aqui hoje?

Checou a cozinha e nenhum prato. Nenhum convidado. Nem mesmo Jackson estava ali. Franziu o cenho. Teria se confudido?

– O jantar em família. Não era hoje? – Perguntou confuso.

– Não, não. – Somin disse, fechando o seu semblante. – Eu te avisei que foi transferido para semana que vem. Eu te avisei ontem, mas você estava trabalhando e não deve ter ouvido. De novo.

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