Capítulo 8

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  Depois que o sogro foi embora Henry sentiu Eleanor tirar a mão de seu pulso. Ele entrou na casa com ela ao seu lado e fechou a porta.

- Eu estou com medo, Henry - confessou Eleanor nervosamente com as mãos sobre a barriga.

- Do que você está com medo, baby? - ele questionou preocupado e aproximou-se dela.

- O meu pai disse que eu teria o mesmo destino que minha mãe - a voz dela saiu embargada por conta das lágrimas que escorreu pelo seu rosto. - Eu tenho medo de não conseguir vê-las crescer.

  Henry segurou o rosto da esposa e fixou os olhos nos dela. Seus olhos estão vermelhos e marejados. Vê-la assim fez ele sentir um enorme aperto no coração.

  Ele acariciou as bochechas dela com os polegares e limpou as lágrimas.

- Pelo amor de Deus, Eleanor. Não dê ouvidos ao que o seu pai disse.

  Henry tirou a mão do rosto de Eleanor passando os braços ao redor de sua cintura e a envolveu em um abraço caloroso com cuidado para não apertar a barriga dela.

  Ela escondeu o rosto em seu peitoral e ele afagou seus cabelos.

- Eu sei, é só que... - ela ergueu os olhos o fixando em seu rosto e respirou fundo. - eu queria que ele fosse um pai presente que demonstrasse o amor que tem por mim e pelos os meus irmãos - uma lágrima escorreu de seus olhos. - Mas a verdade é que ele nos odeia.

- Isso não é verdade, baby - negou
Henry. - O seu pai ama vocês e só não demonstra porque está enganando a si mesmo com todo esse ódio - ele deu um beijo no topo da cabeça dela. - Mas não se preocupe um dia ele perceberá isso.

  Ela assentiu com um balançar de cabeça.

- Eu preciso te contar uma coisa sobre ele.

  Henry segurou a mão dela fazendo ela se sentar no terceiro degrau da escada e se sentou ao seu lado.

- O Ben descobriu porque o meu sogro está de volta.

  Eleanor o encarou com o semblante confuso.

- Ele está com câncer.

- Não pode ser... talvez o Ben tenha se enganado, porque acabamos de vê-lo e ele não parece nenhum pouco doente.

- O médico responsável pelo tratamento dele que confirmou isso - explicou ele com a voz calma. - É difícil acreditar eu sei, mas é a verdade. Tudo que podemos fazer agora é orar por ele e entregá-lo nas mãos de Deus, pois até o coração mais duro pode ser quebrantado.

- Tudo que o meu pai precisa fazer é se achegar a Ele, pois Deus é bondade e misericórdia.

  Henry balançou a cabeça em concordância. Ele pegou a mão dela e a levou até os lábios depositando um beijo terno.

🕐

  A vida de Henry mudou desde o dia que o mesmo sofreu aquele acidente e isso é um fato incontestável. As memórias podem não ter voltado ainda, mas ele sente em seu coração que se tiver fé nem que seja do tamanho de um grão de mostarda Deus o fará recordar.

- Com licença - ouviu a voz de uma criança que fez ele despertar de seus pensamentos.

  Automaticamente ele fixou os olhos nela encontrando uma garotinha de cabelos dourados que estava com os olhos azuis fixos nele.

- O senhor é Henry Jones?

- Sim, sou eu - afirmou ele. - E quem é você, criança?

  A garotinha de cabelos dourados se sentou na frente dele com o semblante sério, mas sereno.
Olhando-a ele teve a leve impressão que estava sentado perto de um anjo.

  Ele sentiu a presença de Deus pulsar fortemente em seu coração.

- Tudo o que precisa saber é que Deus está cuidando de tudo e Ele tem se agradado de sua fé, senhor Henry - ela olhou no fundo de seus olhos. - Não tenha medo essa tempestade logo vai passar.

- Henry?

  Um pouco sonolento abriu os olhos encontrando a mãe no balcão da lanchonete olhando para ele com o semblante preocupado e Benedict sentado ao lado dele.

- Você está bem, filho? - questionou de forma carinhosa. - Você está dormindo desde a hora que chegou aqui.

- Sim, é que eu estava perdido em pensamentos e acabei dormindo.

- Eu te dou uma carona, Henry - avisou Benedict. - Afinal o seu carro está na oficina e não vou deixar o meu amigo ir para casa andando.

- Deus abençoe, Ben.

- Amém.

  Mary saiu de trás do balcão e os puxou para um abraço.

- Vão com Deus, meus meninos.

- Posso te fazer uma pergunta?

  Benedict assentiu com os olhos fixos na estrada á frente deles.

- Como é ser pai?

- Ser pai é algo inexplicável, mas também é maravilhoso principalmente quando você olha a sua filha nos olhos pela primeira vez - Benedict sorriu abertamente. - Sei o que está sentindo. Você tem medo de não ser bom o suficiente para as suas filhas, pois eu também me sentia assim em relação a Lizzie.

- Você está certo eu tenho medo.

- Não se preocupe, Henry. Tenho certeza que você será um ótimo pai.

- E você já é um, Ben.

🕐

  Cada dia que passava Henry se sentia ainda mais grato a Deus por ter colocado pessoas maravilhosas em sua vida que estavam fazendo o possível para o ajuda a lembrar de tudo que o mesmo esqueceu naquele acidente, incluindo a mãe que nunca ficou sabendo desse ocorrido.

  Henry foi despertado de seus pensamentos com o som das batidas na janela.

  Ele pegou a chave que estava em cima do banco do motorista e destravou o veículo.

  Adam abriu a porta e entrou se sentando ao lado dele.

- Você está bem? - questionou o irmão preocupado.

- Sim, eu só precisei ficar sozinho para pensar um pouco.

  O caçula assentiu sorrindo abertamente com os olhos fixos no chão.

- O que foi?

- É que você me lembra muito o nosso pai - o encarou.

- E como ele era? - ele cruzou os braços encostando as costas no banco.

- Ele era um ótimo pai, mas infelizmente se foi cedo demais - disse com um meio sorriso.

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