Roanoke.

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(Eric)

Acordei com um barulho forte sobre o teto do carro. O céu estava claro, mas nublado, era dia ainda. Fazia sentido já que a Virgínia não ficava muito longe de carro. Passamos por uma placa escrito "Você está entrando no Estado da Virgínia, seja bem-vindo." Olhei pela janela e fiquei olhando as ruas pensando qual daquelas seria nossa possível casa. Mas vi que minha mãe não tinha intenção de parar e logo estavamos em outra rodovia.

- Não é aqui que vamos morar? - Perguntei a olhando confuso.

- Eu disse que era na Virginia, só não disse onde. - Falou um pouco mais calma. Ela não parecia mais tão brava.

- Onde vamos morar então? - Perguntei me ajeitando no banco e vi que no porta copos tinham dois copos de café. Um estava com meu nome escrito, minha mãe deve ter comprado enquanto eu dormia, peguei o copo de café e comecei a beber.

- Roanoke. É lá que Sam mora.

- Sua amiga se chama Sam? - Perguntei quase cuspindo o café, evitando rir do nome da mulher.

- Algum problema com esse nome? - Perguntou olhando para mim por um instante.

- Não… Nem um. Só não é um nome muito comum para humanos… - Não consegui conter a risada.

- Você é terrível Eric, esse é um apelido, o nome dela é Samantha! Faça o favor de não rir na frente dela! - Ela tentou se fazer de séria mas acabou dando um sorriso. Minha mãe ainda me amava mesmo eu tendo sido um otario.

- Vamos ver ela quando chegarmos?

- Ah… Não! Samantha é um pouco mais nova que eu. Apesar de sermos amigas a muito tempo, eu sou dez anos mais velha que ela. Tenho 36 e ela 26.

- E o que isso tem a ver?

- Samantha não é casada. Mas tem uma irmã e cuida dela, então ela trabalha muito duro.

- E os pais delas?

- O pai de Samantha sumiu quando ela era mais nova. O pai da irmã dela morreu. E sua mãe mora no Brasil.

- Então elas vivem sozinhas em Roanoke?

- Praticamente.

- Porque? - A minha curiosidade era grande demais.

- Aconteceu um acidente com a irmã de Samantha quando ela era uma criança. Sam não me disse muito mas tem algo a ver com o seu próprio pai, por algum motivo ele não gostava da criança e foi para onde elas moravam no Brasil e atacou a criança. Elas se mudaram para Roanoke com sua mãe, mas elas tiveram que se separar recentemente por conta dos avós dela. Eles precisavam de cuidados e eles moram no Brasil.

- Como você conheceu essas pessoas?

- Eu morei em Roanoke por um período na minha juventude, quando eu e seu pai decidimos morar aqui com você. Eu tinha 20 anos e a Sam tinha 11 e sua irmãzinha tinha 1 ano na época, assim como você. Como eu precisava de um emprego a mãe delas me contratou como babá, já que éramos vizinhas.

- Você nunca tinha me contado isso. Porque?

- Digamos que eu não era um bom exemplo naquela época… - Deu um sorriso nervoso. - Acho que você puxou isso de mim e está fazendo essas besteiras agora.

- Provavelmente… - O silêncio a seguir foi pesado e constrangedor. - Vou dormir mais um pouco, me chame quando chegarmos.

- Tudo bem, bons sonhos.

Terminei meu café e me encostei no banco do carro e logo dormi.

Eu estava correndo pela floresta. Tinha algo me perseguindo. Minhas pernas doíam e acabaram por falhar, eu caí. Então eu vi um lobo, ele tinha a pelagem preta e se aproximava com seus olhos vermelhos que pareciam sedentos por meu sangue. Ele estava bem perto de mim quando de repente uma figura encapuzada o atacou e jogou longe. O lobo olhou para mim e depois para a figura e sumiu dentre as árvores. Quando eu estava prestes a ver o rosto da pessoa que me salvara. Eu senti o chão estremecer. E de repente…

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