Capítulo Único

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Bruce Wayne estava sentado sozinho em um dos inúmeros bancos dispostos fora do prédio do colégio, haviam se passado alguns dias desde o dia dos namorados, onde seu armário havia sido cheio de cartões.
  Bruce estava sozinho nesse dia por causa de uma temporada de gripe que havia atingido o colégio, muitos alunos tiveram que ficar de cama e muitos outros estavam andando pelos corredores com inúmeros pacotes de lenços.
   Era horário do intervalo e com todos aqueles espirros ecoando pelos corredores, Wayne decidiu que seria melhor comer o seu lanche ao ar livre enquanto lia as últimas descobertas feitas por ele e seus amigos:
-O que você está lendo, Brucie?
   Wayne quase saltou de susto com a voz que surgirá do nada. Fechando com rapidez a pasta e a escondendo atrás de si, ele olhou para quem havia o abordado: Joe Kerr estava sentado ao seu lado no banco com seu típico sorriso e os seus cabelos verdes.
     Bruce se perguntou como que o palhaço havia conseguido se sentar ao seu lado sem que fosse percebido por ele, seus reflexos eram muito bons pra não notar a aproximação dele:
-O que você quer, Joe? Veio jogar mais algumas tortas em mim?
    O palhaço fez um pequeno bico com os lábios, parando de balançar as pernas. Ele inclinou o seu corpo para a frente usando de apoio suas mãos postas na beirada do banco, ele encarava de canto de olho o outro garoto.
    Bruce revirou os olhos com a expressão teatral de mágoa que recebia, principalmente quando os olhos de Joe brilhavam em diversão deixando ainda mais claro todo o fingimento daquela cena:
-Eu só queria companhia, Brucie, afinal todos os meus amigos estão de cama e eu não tenho ninguém para passar o intervalo.
   Agora que foi mencionado, Wayne percebeu que ao contrário do normal, eles estavam sozinhos e durante todo o dia ele não havia visto nenhum outro palhaço da gangue de Joe senão ele próprio. Porém não deixava de ser mentira o fato de que Joe não tinha ninguém para conversar, afinal ele podia estar falando com Lex Luthor ou com Bane, na verdade com qualquer outra pessoa do colégio tirando Bruce, Diana e Clark.
   Joe pegou do seu lado do banco o pacote em que trazia seu lanche e sorriu do mesmo jeito que fazia quando ia aprontar alguma coisa. Nisso Bruce já se preparava para qualquer pegadinha que pudesse vir a sofrer, mas o que ele tirou de lá fez os olhos de Wayne se arregalaram:
"Um biscoito com gotas de chocolate! Minha fraqueza!"
  O palhaço sorriu de lado com o grande biscoito em mãos e o estendeu a Bruce, ele sorriu abertamente tentando parecer simpático:
-Toma, já que vou passar o intervalo com você acho que é justo dividir o meu lanche.
   Wayne ergueu uma sobrancelha contendo a vontade de pegar a guloseima:
-Por que deveria confiar em você?
    Joe riu longamente, jogando a cabeça cheia de fios verdes pra trás e recuando o biscoito contra o peito enquanto ria. Quando seu acesso de risos terminou, ele voltou a oferecer o biscoito enquanto secava as lágrimas dos cantos dos olhos com a mão livre, ele sorriu presunçoso enquanto falava com calma:
-Pense nisso como uma oferta de paz então, uma pequena trégua, se tiver algo por trás do biscoito você pode devolver na mesma moeda.
  Bruce pegou o biscoito lentamente, deixando claro sua desconfiança em sua expressão facial. Ele observou momentaneamente a guloseima: não parecia ter algo de errado com ele, mas ainda podia ter algo na massa que não ficava visível aos olhos humanos.
   Wayne mordeu a oferta de paz de Joe e apreciou o gosto: era diferente do gosto dos biscoitos de Alfred, mas era tão bom quanto. Ele soltou um som de satisfação sem perceber; Joe não fez nenhum comentário sobre isso, apenas desviou o olhar pra frente sentindo suas bochechas se aquecerem levemente.
  Ele sorriu de canto antes de começar a falar:
-Hey, Brucie, você ganhou muitos cartões no dia dos namorados, né?
  Bruce parou de mastigar e olhou para o líder dos palhaços, Joe somente sorriu inocentemente deixando Wayne alguns segundos tentando descobrir o que ele queria com aquela pergunta. Por fim, sem encontrar uma teoria suficientemente boa por trás daquilo ele deu de ombros, soltou um som afirmativo com as bochechas ainda cheias e seus rosto sujo de farelos:
-Acho garotas realmente idiotas por isso, ficar se escondendo atrás de folhas de papel para evitar uma rejeição.
 Bruce riu do jeito sério com o que o outro falava, quase como se tivesse por um momento absorto demais nessa idéia. Joe corou contorcendo levemente o rosto por ser motivo de risada, mas logo estava rindo baixinho contagiado pela risada do colega:
-Bom, você tem uma namorada, então eu acho que garotas não são tão bobas assim, né?
-Harley é uma boa amiga, mas não é com ela que eu queria estar.
  Bruce deu mais uma mordida no biscoito observando pelo canto dos olhos o garoto ao seu lado: os olhos voltados para o céu parecendo refletir, os cabelos verdes repousavam pelas costas por causa da posição em que se encontrava, aquela cena trouxe um sentimento de paz para Wayne.
   Paz?! Como ele poderia se sentir em paz com Joe ao seu lado? Ele era quase a personificação do mais puro caos:
-Hey, Brucie, hoje está um dia bonito, não está?
  Bruce olhou para o céu azul acima de suas cabeças, as nuvens brancas e fofas pareciam ter sido pintadas como em um quadro e uma leve brisa bateu contra seu cabelo, o sol brilhando contra a pele de suas bochechas.
  Sim, estava um dia bonito apesar de que ficaria mais bonito com Joe junto no quadro:
-Ye, não está tão ruim...
Bruce mordeu o último pedaço do biscoito, batendo as mãos para espantar os farelos. Ele parou de mastigar quando a voz do palhaço atingiu seus ouvidos:
-Eu acho que é o dia perfeito para tomar coragem e mostrar para essas garotas bobas como se faz.
-O que você q-

 E antes de que Bruce terminasse a frase os lábios de Joe estavam pressionados contra os deles.
  Tão rápido quanto chegou eles se foram, a risada de Joe ecoando alegremente no descampado conforme ele sai correndo após lançar só um olhar sobre os ombros em direção ao Wayne.
  Com os rostos vermelho e os olhos arregalados, Bruce engoliu em choque o biscoito que desceu de maneira seca por sua garganta. Seu coração bombeava com força em seu peito e ele conseguia ouvir as batidas contra seus ouvidos.
  Ele observou os cabelos verdes voando para longe de si, as bochechas rosadas naquele projeto de psicopata e os lábios que haviam lhe roubado os sentidos e fez a única coisa que sua mente pasma conseguiu pensar: Ele agarrou o pulso de Joe e o puxou de volta em seus lábios, um selinho demorado repousado em ambos e a mão livre em meio a cachos verdes de cabelo.
  Corações batendo com força em seus peitos e os olhos apaixonados se cruzando quando os lábios se afastaram:
-Você disse que se houvesse algo por trás do biscoito eu poderia cobrar na mesma moeda.
 Foi a vez de Wayne rir quando o palhaço o socou no peito com pouca força e saiu correndo de volta para o prédio com as pernas bambas e rosto vermelho, clamando vingança de maneira vazia.
  Quando não havia mais biscoitos de chocolate e os cabelos chamativos tinham sumido, Wayne caiu no banco deixando seu rosto ruborizar e suas pernas ficarem moles.
  Abafou um grito quando se deu conta do que havia feito e deixou seu cérebro processar todo o ocorrido.
 Ah... o amor juvenil e seus atos de coragem dignos de um super herói.

 

 

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⏰ Última atualização: Mar 12, 2019 ⏰

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