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we have a deal

Eu estava certa: Algo de bom realmente sairia da tal conversa.

Mas no momento, o ponto alto da minha noite estava sendo o belo vinho que adocicava meus lábios enquanto esperava Simon chegar.

Estava em um restaurante completamente elegante e que exalava sofisticação, não que eu não esperasse, já que a minha companhia da noite não sairia para um lugar que o prato principal custasse menos do que o valor de um carro. Talvez seja uma hipérbole, ou talvez não.

Eu já sabia que Simon tinha projetos importantes, ele ligava às vezes para comentar sobre, apesar de admirar todo seu trabalho, ainda o preferia de maneira mais simplista, como antigamente, de fato, era um bom homem. Não poderia afirmar agora, já que o poder, quando dado ao homem, revela sua verdadeira face.

- Pensando em alguém específico? - Escuto uma voz distante de meus pensamentos.

- Em como não gosto de atrasos. - Sorrio irônico.

- Um doce, como sempre. - Diz Simon - Eu estava com saudades.

- Também estava, Simon. Você sabe disso. - Rapidamente me coloco à mesa, como o homem bem arrumado a minha frente. - Então... O que era tão importante para atrapalhar seus projetos com aquela bandinha lá, e vir até mim?

- Não é uma bandinha, Alisha. Eu te mandei escutar as músicas do grupo. Você não vai se arrepender. - Recrimina-me. - Mas é sobre eles que vim falar, inclusive.

- Simon, eu já trabalhei de babá ano passado, e acredite, você não vai querer saber o que aconteceu com a casa em que estávamos. Então, por favor, não. - Lanço um olhar pidão.

- O que você fez com as crianças? - Arregalha os olhos, seguro o riso. - E eu não quero que você trabalhe de babá, Lis.

- Em minha defesa, elas que começaram a colocar fogo, eu apenas fui vítima. - Relembro. - Enfim, onde eu entro nesta história?

- Você sabe que criei o Now United e que ele está crescendo bastante, despertando o interesse de muitos fãs e destacando-se cada vez mais no mercado da música, certo? - Assinto, mesmo não conhecendo nada sobre o grupo ou como ele estava destacando-se.

- Ah, meu Deus. Já sei. Você quer me chamar para representar meu país, certo? Você disse que era com pessoas de países diferentes. - Falo animada.

- O que? Não, não. Eu não quero te convidar para entrar no Now United. E aliás já temos um representante. - Arqueio as sobrancelhas. - Não que você não seja talentosa, longe disso, só que o grupo está fechado.

- Ok, mas mais uma vez, o que eu tenho a ver com tudo isso? - Pergunto já na minha terceira taça de vinho.

- Desde quando virou alcoólatra? - Questiona.

- Desde quando fica mudando de assunto para não chegar logo ao ponto? - Devolvo.

- Ok. - Suspira. - Enfim, neste grupo há dois membros bem próximos, próximos até demais. E isso é proibido devido a uma cláusula contratual, caso eu intervisse teria que tomar medidas extremistas, e ambos são talentosos demais para que algo aconteça por um motivo tão chulo.

- Oh, então você quer que eu atrapalhe o namoro de duas crianças? - Arqueio as sobrancelhas. - Obrigada, mas estou fora.

- Dá para me escutar? - Assinto, enquanto olho o cardápio. Conversar me dava fome. - Eu só estou prezando pela carreira dos dois, você entraria apenas para esfriar seja lá o que eles tivessem, você seria uma atriz, tudo lá seria fingimento.

- E trazer um possível sofrimento para os dois, Simon? Sério? - Questiono indignada com a ideia.

- Não pense que é algo voluntário, Dempsey. Você iria como assistente coreógrafa, além de viajar para todos os países durante a turnê. E caso aceite o que te foi imposto, eu posso pensar em conversar com seus pais e garantir o emprego que desejar, até mesmo como coreógrafa do grupo. É só você aceitar. Temos um acordo?

Era uma proposta tentadora. Eu nem conhecia o casal, supostamente seriam duas crianças que nem sabiam o significado da palavra ''namoro" e só estavam realmente juntos pelo ''proibido" e a sensação inebriante que ele traz. Ali era a minha chance, eu poderia fazer o que gostava e ainda provar a minha família que eu posso sim ser responsável e traçar meu próprio caminho. Era um risco que tinha que correr, era a adrenalina e aventura que eu precisava.

- Temos um acordo. - Sorrio presunçosa. - Mas eu quero ler as entrelinhas antes. - Encaro-o desafiadora e recebo um sorriso vitorioso de volta. Eu só espero ter feito a coisa certa.