Capitulo 4

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Por mais que eu tentasse não conseguia dormir de jeito nenhum.

Eu rolava de um lado para o outro na cama e por mais macia e sedosa que ela fosse, eu não consiguia parar de pensar em Liv e a mamãe sozinhas naquela "casa", sem ninguém pra cuidar delas, e além do mais, até elas receberem o dinheiro pela Seleção a Liv tem que trabalhar o dobro pra me cobrir, e mamãe vai ficar mais tempo sozinha, o que pode ser um problema.

Bom, como não iria dormir mesmo, decidi sair um pouco dessa prisão e aproveitei para andar pelo palácio, mas claro, sendo o mais discreta possível para que a família real ou qualquer criado não me visse.

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Já estava convencida de que havia me perdido quando achei uma sala de música, porém esta era um pouco diferente da outra. Os instrumentos pareciam mais antigos e a sala mal cuidada, mas por incrível que pareça, eu me sentia à vontade lá, como se eu já estivesse estado lá em algum momento da minha vida.

Bem no fundo da sala havia algo enorme coberto por um pano branco. E como a curiosidade era tanta, não consegui me segurar. Fui lá e arranquei o pano...

Por um breve momento fiquei sem fôlego. "Como aquilo poderia estar ali?".

Era o piano do meu pai, eu tinha certeza disso, mas como ele fora parar ali, em uma sala abandonada do castelo... isso eu não sabia.

O piano, assim como todos os outros instrumentos da sala eram de madeira e estavam empoeirados, mas por trás de toda aquela poeira, podia-se perceber a assinatura de papai entalhada no canto inferior dos instrumentos, e por um momento foi como se ele ainda estivesse ali comigo.

Sentei-me de frente para o piano e comecei a tocar, com todos meus sentimentos que a tempos gritavam para sair.

De repente, ouvi um estalo atrás de mim, em um tom crescente e continuo, e quando virei para olhar por trás de minhas costas, me dei conta de que era o príncipe que me aplaudira, escoltado por dois guardas.

- Está tudo bem, vocês já podem ir. - ele disse, se digirindo aos guardas.

Ele veio em minha direção e se sentou ao meu lado, enquanto eu tentava desesperadamente limpar as lágrimas que haviam brotado em meu rosto durante a música.

- Você estava chorando? - ele disse soltando um gemido um tanto que apreensivo.

- Desculpe - solucei, quase deixando cair outra gota de minhas lágrimas ao voltar a olhar para o piano.

- Não precisa pedir desculpas por choras, o problema não é você, é só que... quer saber, esquece.

- Bom, se você quiser conversar com uma completa desconhecida sobre os seus problemas, vá em frente... prometo não contar a ninguém.

E nós dois começamos a rir, até que ele falou:

- Tudo bem, contando que você me conte o que aconteceu com você.

E apenas assenti com a cabeça, pois de alguma forma eu sentia que podia confiar nele.

- Pois então... você pode até achar que deve ser uma bobagem minha, mas é que eu não sei o que fazer quando alguém está chorando, principalmente quando é uma garota, e isso me incomoda profundamente, pois eu começo a entrar em desespero, afinal eu não tenho muito contato com as pessoas fora desse castelo.

- Você por acaso já tentou respirar fundo e pôr a mão no ombro dela?! Às vezes nós só precisamos saber que não estamos sozinhos nessa...

- Vou guardar essa dica pra próxima, e você será a primeira a saber se realmente funcionar.- ele disse com um sorrisinho que nos fez rir por um bom tempo.

Então após retomarmos o fôlego, eu expliquei para ele a falta que o meu pai fazia, como tocar me fazia lembrar dele, sobre a dificuldade que eu e minha família temos passado após sua morte, a doença da mamãe, a necessidade de Liv trabalhar cedo e os benefícios que a Seleção traria à minha família.

Ele me encarou por um tempo, até que perguntou, um tanto decepcionado:

- Então você está aqui apenas pelo dinheiro?

- Sim... - respondi, com um sentimento de derrota pulsando em meu corpo- mas ao mesmo tempo não.

E ao ver seu olhar confuso, expliquei:

- Sim, preciso do dinheiro, mas não te odeio nem nada do gênero, é só que eu sei que um príncipe jamais se apaixonaria por uma sete.

- Se eu me apaixono ou não por alguém, não vai ser uma merenda divisão de castas que vai decidir. Isso só o tempo pode dizer, mas por enquanto, o que você acha de ser minha amiga? Você pode me ajudar com certos problemas e eu te ajudo com sua família.

- Não vejo porquê não, príncipe - respondi quase que não me contendo a disfarçar minha alegria por poder estar ajudando um pouco mais minha família.

- Que tal você começar a me chamar pelo nome, Maxon?! Ah, só mais uma coisa, se você não contar a ninguém que eu te conheci antes das outras selecionadas, prometo não falar nada aos meus pais sobre você e seus passeios noturnos pelo palácio, afinal regras são regras e temos que obedecê-las, não é...

- Anna, meu nome é Anna- interrompi.

- Anna - ele completou, piscando para mim e indo embora pra seus aposentos.

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⏰ Última atualização: Mar 09, 2015 ⏰

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