Introdução

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O mundo já não era mais o mesmo.

Muito havia se perdido após a grande guerra que se assolou por todo o planeta terra. Vidas foram cruelmente levadas, sonhos foram violentamente massacrados e os valores, bem, eles foram soterrados e esquecidos como todos os que morreram naquele ano.

Nesta realidade, um pouco alternativa e aterrorizante, o mundo não era dominado por forças específicas, tão pouco era regido por democracias. A falta de valores, bondade ou empatia pelo próximo fez com que a vida se tornasse perigosa. Pessoas não eram mais reconhecidas por terem um bom coração, e sim, pela sua capacidade de agir friamente e continuar sobrevivendo, custe o que custar.

Talvez seja por isso, talvez este tenha sido o motivo que levou a terra a se tornar um perfeito retrato do ser humano que a habitava.

Antes da grande guerra, ainda que houvesse tamanha poluição no ecossistema e uma variedade de áreas degradadas pelo egocentrismo do homem, o ser humano até então, detinha a chance de visualizar as mais belíssimas paisagens existentes e espalhadas por todos os continentes, mas tudo isso mudou num sopro, repentinamente, e toda a beleza que conheciam e adoravam, foram engolidas pela escuridão da ganância.

Aquele foi o final de todas as coisas boas e o início de uma era marcada por sangue.

Não haviam mais inocentes.

Não havia mais misericórdia.

E a vida, aquela que costumava ser uma dádiva e uma benção dos céus, tornou-se um jogo sujo e perigoso, na qual a única saída era lutar até a morte ou matar até morrer.

Apesar de não haver mais governos específicos, ainda existiam pequenos grupos da alta elite que se dominavam como um. Eles eram letais. Admiravam a bravura de um assassino e a frieza de um torturador. Não tinham um resquício se quer de escrúpulos, tão pouco detinham limites. E tudo o que ansiavam, era o poder absoluto sob aquele novo e destruído mundo.

Poder, sim. Tudo era sobre ele e como tê-lo jorrando em suas mãos. Se não podia pegá-lo por si próprio, então arranjariam alguém que o fizesse, mas não de uma maneira letal, havia de ser sutil, lenta e estratégica.

Foram anos e anos planejando, analisando e articulando. Não. Eles não tinham pressa. Somente a necessidade que tudo ocorresse da melhor maneira possível, daquela que não havia sido feita anteriormente e também não estivesse presente nos poucos livros de história que restaram após a grande guerra.

Tudo tinha de sair perfeitamente, por isso, observaram com cautela e atenção, colocando olhos e ouvidos por todos os sete distritos a procura daqueles, que mais tarde seriam nomeados, os escolhidos.

Um nome intrigante, não? Simples. Digno de uma facção fajuta dos tempos antigos. Homens nunca foram bons para dar títulos, de qualquer modo. Talvez eles só sejam bons em uma coisa, iniciar uma guerra.

Os escolhidos, ah sim, fora uma missão difícil encontra-los, um tanto contraditória e interessante, pois os grandes homens discordavam entre si como os antigos adolescentes ao arquitetarem um trabalho escolar. Chegava a ser patética, a maneira com a qual discutiam e tentavam dialogar sobre o assunto. Eram inteligentes o bastante, mas não o suficiente para lidarem com as próprias cartas dos seus jogos.

O plano entrou em ascensão, não com a agilidade que desejavam, mas decidiram-se sobre os escolhidos, ainda que nem todos estivessem certos das escolhas que haviam feito, afinal, um homem com poder em mãos poderia se tornar tão letal quanto uma faca afiada cravada em seu próprio peito.

Olhos por todas as partes, foi assim que observaram seus escolhidos por anos a fio.

No começo, eram somente crianças, pobres crianças que lutavam incansavelmente para manterem-se vivas por mais um dia, porém, diferenciavam-se das outras, essas detinham talentos peculiares, uma maneira singular de alcançar tudo o que desejassem. Eram crianças muito bem articulosas. Matando desde cedo para sobreviverem. Aprendendo da maneira mais dura que a única coisa importante naquele tempo, era o poder. E assim como os grandes, eles também ansiavam por tê-lo, cada um à sua maneira, mas ainda assim, desejando.

O tempo passou, não tão rapidamente quanto desejavam, mas o suficiente para que aquelas crianças se tornassem homens, porém, não homens comuns, como aqueles que eram frágeis e imbecis, os escolhidos eram imbatíveis, perigosos e astutos, tudo o que os grandes almejavam e também temiam.

Mas o que eles podiam fazer? O medo era parte da natureza fraca e sensível do homem. Não de todos, é claro. Pois os escolhidos, bem, eles não tinham medo e muito menos o que perder. Haviam sido criados na escuridão e a moldavam ao seu bel-prazer.

E os grandes sabiam. Tinham o total conhecimento sobre todos os riscos, independentemente de quais fossem eles. Estavam dispostos e bem preparados. Não eram idiotas, tão pouco iniciantes. Detinham um saber vasto sobre cada um dos escolhidos. Um dossiê repleto de informações sendo elas pessoais ou não. Seja como fosse, os grandes estavam prontos. Prontos para que a primeira carta finalmente fosse colocada sob a mesa.

Os escolhidos.

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⏰ Última atualização: Apr 08, 2019 ⏰

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