porra yoongi [yoon.jin]

02

yoongi povs

- Olá Capitão!- Cumprimentei meu pai assim que passou pela porta. Eram três da manhã e provavelmente ele estava com um mau humor do inferno por ficar fora até tão tarde, mas eu não podia evitar irritar ele um pouquinho.- Podemos conversar?

- Eu estou cansado. Podia ter conversado comigo hoje mais cedo quando apareceu na delegacia de surpresa, mas preferiu ficar atrapalhando meus funcionários.- Ele passou por mim aparentando estar com preguiça até de me dar uma bronca.

- Era exatamente sobre isso que eu queria falar.

- Algum deles se irritou e te mandou ir pastar?- Riu, se deitando no sofá e tirando os sapatos como quem tira uma algema que incomodou por anos.

- Não, mas quem é Seokjin?

A minha pergunta foi indiferente na medida do possível e pelo que aparentou ele não desconfiou de nada.

- Kim Seokjin? O novato?- Me olhou apenas para me ver assentindo em silêncio.- Tem 25 anos, gosta de arte, é gentil demais, me irrita as vezes, mas ele sabe atirar bem, é inteligente. Por que está interessado nisso? Ele mexeu com você?

- Não! Eu só achei ele melhor que seus outros detetives.

Tentei sair da sala para descartar o assunto mas ele me seguiu com um olhar desconfiado. Talvez até um pouco irritado. O que eu fiz agora?

- O que ele fez, Yoongi?

- Ele não fez nada. Para de achar que todo mundo quer me matar, okay? Não disse que ele é inteligente e tudo mais? Por que ele faria alguma coisa?

- Tudo bem, mas me deixe informado sobre tudo. Qualquer coisa que ele fizer...

- Para com isso. Você é tão traumatizado. Nem todo mundo que entra na minha vida é do mal.

Aquilo já estava me irritando, eu só queria tomar um copo de leite e ir dormir para ter bons sonhos com o deus grego. Mas este senhor continuava a encher minha cabeça com desconfianças. Seokjin nunca faria nada assim, e eu sabia em quem confiar ou não. Se ignorar o fato de que nos conhecemos a poucos dias.

Eu não podia simplesmente me afastar de todo mundo só porque meu pai não confia neles. Ele não confia em ninguém. Se fosse assim eu estaria preso em uma torre até meu leito de morte.

Ele pareceu entender que eu não queria conversar e saiu, me deixando finalmente sozinho na cozinha.

Preparei meu copo de leite e voltei para sala, me encolhendo no sofá com as pernas cobertas pelo lençol.

O filme que estava passando não era dos melhores e assim que terminei de beber tudo me rendi ao sono, declarando que aquela seria a última vez que eu tomava leite na vida.

***

No dia seguinte parecia que um trator havia passado por cima de mim enquanto dormia no sofá. Minhas costas doíam e eu me senti como se tivesse 70 ao invés de 17.

Com alguns resmungos e argumentos válidos eu consegui convencer meu pai a não me mandar para escola e nem me obrigar a ir até o trabalho dele ter aulas de graça.

Ele ainda acreditava que um dia eu iria acordar com um sorriso no rosto e gritar "eu quero mesmo ser policial!", porém não queria. E não estava interessado em facilitar pra ninguém me convencer do contrário.

- Vou pra lá mais tarde... No momento eu estou com preguiça de me trocar.- Subi para o quarto sem ouvir a resposta dele e me joguei na cama disposto a ter mais algumas horas de sono.