Part. 01

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Todos nós de certeza absoluta já nos deparamos com histórias e estórias inacreditáveis, algumas porque parecem ser contos de fadas e tudo acaba bem e outras parecem ser a representação do satã pelo facto que serem tão más e tão tristes que ficamos com o coração apertado por muito tempo, a imaginar o que vimos num filme ou lemos em livros, jornais ou até em posts nas redes sociais.

Hoje, irei contar-vos a história de uma rapariga que conheci a muitos anos atrás, muito doce, meiga e cheia de vida pela frente; mas antes de deixem-me dizer-vos o seguinte "os sonhos são as escapatórias que temos para fugir do congestionamento da nossa vida".

Ela atendia pelo nome de Agnes Raffael'a, era Moçambicana, vinha de uma família abastada, apesar de não ter da elite (com presença na vida política, na economia, desporto ou qualquer outra área que pudesse dar alguma notoriedade) mas que tinha o suficiente para manter-se e viver de forma confortável. E que conforto!

___ Era a segunda de quatro filhos, mas para melhor compreensão terei que viajar um pouco no tempo até a sua infância, até quando ela era a segunda de duas filhas, sendo assim a cassula, era a ela a que todo o mimo e atenção era dedicado, era a ela a que parte da atenção de seus pais era dirigida e, é claro que como qualquer criança que tem toda atenção dos pais e tudo ou quase tudo o que sempre quer ficou confortável. Na altura os país não tinham muito, tanto que sequer viviam em casa própria, mas acontecia com tem se dito, nalgumas realidades "quando o dinheiro é de menos, o amor existe em demasia", nessa história realmente foi até ao momento em que surgiram os desentendimentos ente o casal e estavam as filhas no meio e todos nós sabemos que no duelo de titãs sofrem as consequências os reles mortais. Nesse caso em particular sofreram as filhas, muito pequenas viram os pais lutarem, magoarem-se e a separarem-se. E sempre que há separação todos sofrem, não há quem saía de um relacionamento fracassado completamente feliz e sem qualquer tristeza no peito. Ela e sua irmã eram pequeninas porém, entendiam o mínimo e notaram a ausência do pai e viam sua mãe aos prantos porque não é fácil separar-se de quem prometeu amar e respeitar até que a morte os separasse.

O tempo foi passando e entre idas e vindas seus pais acertaram-se e voltaram a co-habitar sobre o mesmo tecto, porém nada voltou a ser como era, seu amado pai tornou-se numa sombra daquilo que tinha sido a tempos atrás; porém nem tudo eram más notícias e a vida dela e de toda a família começou a mudar para melhor, nesse meio tempo seu pai tornou-se num empreendedor de sucesso e começou a ganhar muito dinheiro, mas ao contrário do que acima foi dito, "quando o dinheiro é demais o amor tende a ser de menos", e começaram a surgir os problemas, ela cresceu tristeza e sozinha apesar de ter sempre gente a sua volta, desligou-se do resto do mundo e passou a viver dentro de um quadrado imaginário, onde tudo aquilo que se passava em sua vida dava certo, onde tudo fazia sentido e era um conto de fadas autêntico. Para fugir dos atritos constantes que tinha com os seus pais e algumas pessoas próximas, preferia estar sozinha e a pensar naquilo que lhe fazia bem.

Para resgatar a filha, sua mãe procurou toda ajuda possível tentou de um tudo para que ficasse ligado às pessoas mas falhou. Tentou terapia de grupo, tentou ballet, tentou artes marciais mas foi em vão. Até que um dia ela mesma confessou para sua mãe que estava cansada do clima que vivia em casa dia após dia e que nada que fizesse ia trazer a doçura que se tinha perdido em seu coração e que o melhor que ela podia fazer para que a filha ficasse mais tranquila era pedir o divórcio, mas sua mãe declinou, porque apesar de tudo mantinha uma esperança fortíssima de que tudo ia melhorar e que as coisas ainda podiam ser melhores do que antes; além do que não estava pronta para perder o amor de sua vida uma outra vez.

Agnes apesar de inconformada com a posição de sua mãe, não discutiu. Preferiu continuar a viver em seu quadrado de imaginação; nesse quadrado imaginou como seria a sua vida caso seus pais não se tivessem reconciliado e gostou do que imaginou. Mas era apenas a imaginação a fazer a sua magia. O tempo foi passando e seus pais tiveram mais dois filhos, porém só a situação financeira melhorava, os problemas eram os mesmo e até piores. E ela mantinha a ideia fixa de que o maior dos erros deveu-se ao facto de seus pais voltarem a estar juntos. Amava seus novos maninhos mas mantinha a sua convicção.

E enquanto nada mudava continuava a viver dentro do seu quadrado. Essas vivências de tão constantes que eram, passou a acreditar que todos os seus desejos se tinham tornado realidade, até que num dia conheceu um jovem por quem apaixonou-se perdidamente. Passou a viver sua vida em função deste rapaz, sua imaginação era tão fértil que até já tinha imaginado que se tinham casado e com filhos. Porém acontece que na imaginação temos tudo o que bem queremos mas na realidade o rapaz por quem se apaixonou, tinha se aproximado dela pelo que tinha e não por sentimentos. Ao saber do que se passava por ter lido uma conversa entre o jovem e a sua verdadeira paixão a menina entrou numa depressão tão profunda que quase perdeu a vida.

Ficou internada por cerca de três meses e após receber alta, a caminho de casa envolveu-se num pequeno acidente e quando saiu do carro para ver o estrago que tinha no carro notou que o outro sinistrado era alguém cuja cara era-lhe familiar, esse jovem era Akin Mário "Pai". De certo que vocês já leram as estórias do autor e devem saber de quem se trata.
E o que era supostamente um grande problema passou a ser um reencontro de amigos de longa data. Acontece que Agnes e Akin tinham crescido juntos; eram os ditos namorados de infância. Akin era próximo de boa parte da família alargada de Agnes. Então Agnes explicou tudo o que tinha ocorrido nesse tempo de afastamento entre ambos. Akin ficou incrédulo com o que ouvira. Mas essa não é a história de Akin e ele aqui é pouco relevante, estava completamente enganado quem pensou que eles fossem fazer um par romântico; essas é daqueles estórias que não tem final feliz. Até onde sei como autor. Mas passemos à frente, Agnes como foi para casa e encontrou tudo como tinha deixado três meses antes ou melhor quase tudo, porque enquanto estava em coma sua irmã mais velha que estava grávida perdeu a vida durante o parto. A bebê foi salva e enquanto lutava pela vida pediu que a filha fosse chamada de Leila Agnes em homenagem às suas irmãs mais novas, Agnes ficou a saber da notícia da morte de sua irmã uma semana após ter saído do hospital e ficou em choque. Estava com as emoções divididas entre a dor de perder a irmã mais velha é melhor amiga e ao mesmo tempo receber uma dádiva divina. Naquele dia Agnes fechou-se no quarto e viajou a sua imaginação a dentro, lembrou-se do reencontro feliz que tinha tido com um de seus melhores amigos e infância, no rapaz que lhe tinha enganado e na tua querida irmã que partiu deste mundo e que ela não pode despedir-se porque estava numa cama de hospital a lutar pela própria vida. Por esses motivos e pelo facto de que dentro de casa mesmo com uma grande perda e com a filha a recuperar do coma, seus pais não paravam com a guerra que vinha a ser travada desde que era pequena.

Agnes, em sua quadrado imaginário preferiu voltar ao mundo onde tudo era perfeito, onde tudo sempre começava e acabava maravilhosamente bem, onde ela não sofria pelo que quer que fosse; e de repente pensei em sem antigo namorado "Akin" e abriu-se-lhes um largo sorriso no rosto, porque não precisava de imaginação alguma para saber que era das melhores pessoas que teve em sua vida e da paz que ele transmitia a sua alma. E mais uma vez Agnes sonhou acordada, já farta de perdas e desilusões imaginou que estava casada com o melhor homem que conheceu em toda vida, sonhou que era a pessoa mais feliz do mundo, que seus pais estavam felizes (separados) cada um com vidas e parceiros novos e que relacionavam-se da melhor forma possível; sonhou com sua irmã mais velha cheia de vida e com uma linda filha ao colo. Naquele dia Agnes sonhou com um mundo perfeito ontem tudo fazia sentido e que não existia maldade em nada; e foi assim que no meio de um sonho perfeito Agnes cravou uma faca em seu próprio peito afetando o coração. Morreu imediatamente consumida por um sonho perfeito que traduziu perfeitamente a utopia que foi sempre a sua existência.

A sonhadora Onde histórias criam vida. Descubra agora