O despertador cruel como sempre acordou Marcelo dando-lhe um baita susto as 5:30 da manhã, um toque muito mal escolhido e que fazia um barulho ensurdecedor garantindo o despertar do mal sucedido membro do 5 AM Club. Partiu imediatamente para o chuveiro morno a estratégia era fazer o banho afugentar o sono e sempre funcionava, agora toma café da manhã com a companhia das vozes que saem da TV na sala termina tudo escova os dentes e sai.As últimas semanas foram de ansiedade o começo na nova empresa, a postura que adequaria, o ambiente que sempre se repetia as mesmas pessoas com rostos e profissões diferentes mais sempre estavam lá. O (A) puxa saco, o (a) revoltado, o (a) tímido, o (a) inteligente enfim todo ambiente de trabalho sempre tem esses espíritos. Enquanto dirigia percebeu o quanto não se dá significado a uma coisa quando você realmente à conquista, tempos a fio estudando como se nada mais importasse, cursinhos de especificação e depois uma pós-graduação desgastante, projeto para um dimensionamento para outro até que chegamos a esse momento, parado no sinal dirigindo para ir ao seu primeiro dia de trabalho.
Os funcionários tomavam café da manhã e se arrumavam, ao chegar Marcelo foi muito bem recebido e apresentado a todos ouviu atentamente as orientações e dirigiu-se ao escritório. Uma verdadeira pilha de projetos espalhadas pela bancada junto com caixas, arquivos e coisas que não soube distinguir de primeira. Sua mesa, seu computador e seu espaço pessoal era considerável tudo bem legal, apenas fora de qualquer arrumação ou ordem.
Marcelo é engenheiro civil com especialidades diversas deixou passar a curiosidade de avaliar projetos e afins para poder se dirigir ao canteiro, André um encarregado jovem conduziu o agora seu chefe por todo o canteiro com receio mais naturalidade. Era uma obra enorme e que contava com enumeras equipes de funcionários dispostos e padronizados todos os dias muita coisa acontecia, iria levar pelo menos uma semana até Marcelo se habituar com todas aquelas pessoas e mais tempo ainda até se inteirar com tudo que acontecia sobre procedimentos e as demais coisas.
Atentamente ouvia e perguntava, vez ou outra era interrompido por um funcionário pedindo alguma orientação a André que resolvia o que fosse e logo retomava o raciocínio explicando seja lá o que Marcelo pudesse perguntar. Todo o esforço visto deixou uma bela primeira impressão e logo as coisas foram se esclarecendo, tomando um norte e se alinhando em processos e ideias.
Usar um capacete branco dentro de uma obra é uma experiência que só quem já viveu entende, os funcionários reagem a você com uma obtusidade e um receio estranhamente incompreensivo, quem está conversando para de conversar e quem está ocioso logo arruma o que fazer. O efeito de Marcelo naquele dia e naquela semana era cômico e incompreensivo, não sabia se queria isso ou ser um cara que gerasse confiança ao invés de medo.
O tempo lhe diria quem era quem dentro daquela empresa, experiências passadas já o revelaram que os rostos apenas mudam mais os espíritos estão sempre lá, muita coisa acontecendo à sua volta marteletes zunindo, traçadores cantando um monte de olhares e cochichos a seus respeito, Marcelo não sabia que tipo de profissional queria ser apenas tinha suas referências negativas e experiências traumáticas do seu tempo de estagiário, um norte negativo ao qual não queria jamais ser igualado ou mencionado. Já de cara esqueceu os formalismos e partiu para a naturalidade melhor ser quem é só por sí ele pode ajudar mais, sendo do que teorizando, no final todos só queremos chegar em casa sabendo que fizemos um bom trabalho.
No almoço riu das tirinhas e sacanagens entre os funcionários, comentou e afirmou certas brincadeiras durante um momento percebeu que era o único funcionário de alta patente almoçando com os pedreiros, logicamente era o primeiro dia, depois, da primeira boa impressão nada mais importa ele seria como os outros. Entender quais seriam suas funções seriam tarefas difíceis e tudo que está relacionado inclui muita gente e compromissos numerosos e exaustivos, tudo está bem se meteu em muita coisa e chamou a atenção pela boa educação, mas sempre há aquele argumento de ser o primeiro dia tudo se põe no lugar depois e conhecemos quem realmente são as pessoas.
A falta de ímpeto de alguns funcionários o impressiona e já a leseira e moleza de outros o constrange, basicamente ele chega e todos param de conversar e só trabalham isso é constrangedor. Em casa não tinha vontade de mais nada " como que essas pessoas fazem para ainda malhar depois de um dia desses, e eu que nem pego em nada tô exausto" tudo base, sempre uma rotina até que no final não nos damos conta que estamos num loop de trabalho e compromissos.
"A vida pode ser mais do que apenas pagar contas e tentar manter o peso,
Pensou Marcelo antes de pegar finalmente no sono, amanhã é outro dia."
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Diário de Obra
Non-FictionHistórias reais vividas por mim ou não no trabalho, dia-a-dia de trabalhadores da construção civil e todos os desafios que milhares de patrícios tem todos os dias.