DUPLA FACE

Um novo pôr do Sol

O Sol escondia-se, quando Ester desembarcou na rodoviária de São Luís. Exausta, tudo o que conseguia pensar era em como seria sua vida daquele dia em diante. Seu passado era de dor, e ela queria mesmo esquecer. De sua família já não restava quase nada, apenas tia Rosa, e o pouco que sabia dela, ouviu de sua mãe, em seu leito de morte.

_ Filha procure Rosa, ela cuidará de você.

Foi o que disse sua mãe, em seu leito de morte. Sim, ela poderia lhe dar abrigo. Poderia... na verdade tudo era incerto.
Ainda zonza da viagem, e inerte em pensamentos, Ester tirou do bolso de sua calça jeans já bastante surrada, um papel velho, bem amarelado. "Rosa do Bolo, atrás da rodoviária..." _ Preciso perguntar a alguém, pensou. Deu alguns passos, aproximando-se de algumas pessoas que vendiam lanches ali mesmo nas calçada.
Avaliando aquelas pessoas, tratou de escolher uma delas para pedir informações. Viu então uma senhora muito alegre, e que parecia ser gentil.

_ Boa noite senhora! Procuro uma pessoa... pode me ajudar?

_ Diga filha, respondeu a senhora.

_ Ela é conhecida como Rosa do Bolo, que mora aqui por perto, se não estou enganada. E também vende aqui na rodoviária.

Sorridente, a senhora já foi gritando, sem ao menos lhe responder o boa noite: _ Rosa! Olha aqui menina... esta moça tá te procurando!

Ester nem teve tempo de agradecer. Sorriu aliviada, mas no fundo do seu coração, tinha medo de como seria recebida.

_ Menina Ester! Como você cresceu querida!

_ Tia Rosa, minha mãe...

Baubociou Ester, com a voz trêmula e chorosa.

_ Eu sei querida, eu sei sobre sua mãezinha. Não se preocupe!

Respondeu Rosa, abraçando-a, com ternura e carinho. O que fez Ester suspirar aliviada, e sentir-se amparada.

_ Obrigada tia! Obrigada por me receber!

Falou Ester, tomada pela emoção que insistia em inundar seus olhos, ao mesmo tempo em tentava não se entregar ao choro, enquanto seus olhos ardiam e seu coração batia descontroladamente acelerado.