Parte I

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Ponto de vista: Amanda Carter.

O celular que estava em minha orelha escorregou, caindo no chão. Quando dei por mim, já estava correndo em direção à ambulância e gritando por meu marido.

- BRAD! BRADLEY! - Chamei, desesperada, ao mesmo tempo em que meus colegas de profissão se reuniam ao redor da maca que carregava meu homem.
- Bradley Carter, policial, ferido em combate. Dois tiros no peito, perdeu muito sangue no local, conseguimos estabiliza-lo...

Parei de raciocinar após ouvir seus ferimentos.

Meu marido, baleado. No peito.

Tudo o que eu senti durante o dia estava explicado.

Toda a aflição, o sentimento de que algo estava para acontecer, os acontecimentos fora do normal, tudo fez sentido naquele momento.

Os médicos se afastaram, entrando na área emergencial para começar a tratar os ferimentos de Brad. Eu precisava ir lá, precisava ver como meu marido estava, precisava ajudar.

Mas eu não consegui me mover.

Estava em choque.

Senti que cairia no chão a qualquer momento, então instintivamente levei minhas mãos a minha barriga de 30 semanas de gravidez, protegendo-a, ao mesmo tempo em que me encostei à parede mais próxima. No segundo seguinte, minha visão ficou turva. Não conseguia respirar direito, o ar me faltava nos pulmões. Ouvi algumas vozes me chamando, mas elas pareciam muito distantes. Comecei a puxar o ar pelo nariz, expirando-o pela boca, para que me acalmasse. Depois de repetir isso algumas vezes, o ambiente ao meu redor começou a clarear.

- Amanda? - Ouvi uma voz masculina me chamar.

- Dra. Carter? Você está bem? - Outra voz falou, dessa vez feminina.

Esperei mais alguns segundos até minha respiração normalizar completamente e levantei meu olhar, encontrando Jeff, parceiro de Brad, e Lorna, minha fiel enfermeira, parados em minha frente. Apoiei minhas mãos na parede e ajeitei minha postura, respirando fundo mais algumas vezes. Passei as mãos pelos cabelos e limpei as lágrimas que estavam ao redor de meus olhos, tentando me recompor.

- Mandy, nós estávamos... Eu estava... Se eu não tivesse... - Jeffrey falou, se explicando.

Com uma calma desconhecida, levei minhas mãos aos ombros dele, e antes de falar com Jeff, peguei as chaves de meu carro no bolso de meu jaleco e entreguei-as a enfermeira Lorna, que me entregou meu celular que havia caído anteriormente.

- Lorna, busque meu filho na escola. Faça qualquer coisa, leve-o para comer, compre-lhe brinquedos, distraia-o, só não lhe diga que o pai foi baleado. Por favor.

Ela pegou as chaves de minha mão e assentiu, virando-se e indo em direção à saída do hospital imediatamente. Voltei então meu olhar para Jeffrey, que estava com lágrimas nos olhos.

- Jeff, me conte o que aconteceu. Rápido. - Pedi, minha voz saindo um pouco esganiçada.
Guiei-o pelo ombro até mais perto da área de emergência e então ficamos novamente frente a frente.

- Nós fomos atender a um chamado em uma casa, porque os policiais da ronda não estavam respondendo. Quando chegamos lá, encontramos os dois mortos. - Ele fez uma pausa. - Solicitamos reforços. Foi quando um cara apareceu, atirando em nossa direção. Brad estava na frente, então os dois tiros foram diretamente nele.

Meus olhos arderam e eu sabia que estava chorando, mas não me importei. Só precisava entender o que havia acontecido com meu marido.

- Eu consegui atirar no homem a tempo, ele morreu na hora. - Jeff suspirou e passou as mãos pelo cabelo nervosamente, bagunçando-o. - Eu não... Se eu tivesse sido um segundo mais rápido, Mandy... Um segundo...

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