Capítulo Único - Renascer E Um Coração Que Não Bate

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1950 — Suncheon

Era noite e todas as pessoas costumavam já estar em seus lares. Por mais que no dia seguinte fosse ser um final de semana, o costume era dormir cedo e acordar cedo, para que assim aproveitassem melhor o que a vida tinha de bom. Era o que acreditavam e por isso seguiam à risca essa tal rotina.

Todavia, não deixava de ser uma sexta—feira à noite e algumas pessoas precisavam extravasar todo o cansaço da semana. As mulheres ficavam em casa e se desestressariam cuidando da casa ou dos filhos, enquanto seus maridos tinham a opção de fugirem para um bar e beberem. Era desta maneira que a sociedade da época vivia.

Haviam mulheres que não eram casadas e nem "recatadas", fugindo para os bares e se entregando ao álcool. Muitos homens gostavam desse tipo de mulher para afundar seus problemas nela, durante uma grande noite de gemidos e toques. Não eram mulheres para casar, apenas para usar, justificavam.

Em meio a esta década e a este cenário, Kyungsoo estava mais uma vez em meio dos humanos e cantando no bar. Era comum para si, afinal, gostava demais de sangue, mas já fazia séculos que não se perdia apenas por sentir o cheiro de um. Tinha 300 anos de vida, não era algo para se subestimar, logo, conseguia muito bem se controlar em meio à tantos humanos com sangue fresco correndo por suas veias.

Não se recordava muito bem de sua vida anterior à transformação e nem a razão pela qual fora transformado. Sempre mudava de nome para que não fosse descoberto, embora a única coisa que soubesse era que seu primeiro nome, dado por seus pais quando nascera pela primeira vez neste mundo — como um bebê humano — era Do Kyungsoo.

Havia aprendido que para se manter vivo e bem alimentado, era necessário manter certas cautelas e ações. Não era fácil de se matar, mas atirem—no às chamas e morrerá. Kyungsoo não queria isso. A vida eterna lhe fora concedida, então daria seu melhor para vivê—la.

Atualmente, atendia como Do SeungSoo, um cantor de bares da alta sociedade. Tinha dinheiro para dar e vender, afinal, ao longo de suas décadas tinha adquirido valores humanos. Fazia de tudo para viver como uma pessoa normal, mesmo que precisasse se alimentar com sangue uma vez por semana. Estava tudo bem, desde que ninguém descobrisse, como mencionado acima.

Embora estivesse rodeado de tentações de drinks humanos, cantava com a alma, mesmo que muitos padres alegassem que vampiros não tinham uma. Não se recordava se em sua vida humana cantava daquela forma, entretanto, era feliz por poder cantar. Teria a eternidade para isso. Havia dado um hightnotequando um jovem de pele acobreada, cabelos chocolates, vestes caras e sujas, adentrou o bar.

Não teria sido nada alarmante, se suas roupas não estivessem tingidas de vermelho escarlate, assim como seus olhos. O terror se alastrou imediatamente pelos homens de negócios que ali se encontravam, afinal, o novo cliente tinha olhos vermelhos carmesim, estava sujo de sangue e seu sorriso era composto por presas.

— Ora, ora, um vampiro. — Kyungsoo murmurou para si, interrompendo seu canto e ficando parado atrás do microfone.

Cantava em um pequeno palco redondo que só cabia uma única pessoa e um microfone no suporte. Ouvia os gritos e até mesmo o barulho das teclas do piano, que ficava à sua direita, retumbarem desordenados pelo estabelecimento sempre tão calmo, mas agora tão caótico. Toda aquela situação lhe remetia ao passo, um caos que já tinha causado muito quando era mais novo, o que o fazia presumir que o jovem vampiro deveria ser isso mesmo: um jovem.

Cruzou os braços e continuou assistindo todos correrem em desespero, enquanto o dono dos cabelos chocolates se divertia com o seu drink humano. Sem dúvida, deveria ter acabado de ser transformado ou deveria fazer alguns dias, julgando pela forma como atacava e por suas vestes manchadas, porém, nobres. Era um novato, mais um vampiro para uma classe em extinção.

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