Luka
A faculdade havia começado há quase duas semanas, e eu estava frequentando um curso de música em Paris, em uma faculdade de artes junto com a minha irmã. Acabei indo junto com ela por causa de uma matéria que deixei atrasada no ensino médio, mas agora finalmente me sentia no meu elemento, sem precisar mais estudar matemáticas, físicas e químicas que sempre me traziam pesadelos dos mais profundos.
Agora tudo à minha volta respirava arte e música e eu não podia me sentir melhor. As aulas eram geniais, os colegas eram geniais, tudo era genial.
Tínhamos até aulas partilhadas com outros cursos, como a aula de Multimédia, que partilhávamos com a galera de Artes Visuais onde tinha um ex-colega da minha irmã, o Nathanael. O coitado devia se sentir bastante sozinho nas aulas dele, era tão introvertido e sempre que nos cruzávamos ele estava sozinho desenhando ou vendo algo no celular. Durante essas aulas, ele sempre passava ao pé de mim e da minha irmã, e com o tempo eu acabei me acostumando com ele e ele comigo, ele era bem legal e parecia se dar super bem com a minha irmã.
Mas tinha algo nele que me intrigava, aquele lado misterioso e sempre focado nos seus desenhos. Fico me perguntando o que ele tanto desenha naquele caderno que sempre leva consigo, mas ele sempre ficava sem jeito quando eu tentava falar disso e eu acabei desistindo, mas a curiosidade continuava.
Um dia estávamos os três em uma dessas aulas de multimédia e o professor mandou a gente formar grupos para um projeto. Não preciso nem falar quem é o meu grupo, não é mesmo? Eu, a Juleka e o Nathanael, um grupo intrigante com certeza. As três pessoas mais reservadas da classe todas juntas, o que tinha para correr mal?
O professor falou que queria um projeto em vídeo e a gente que desse um jeito. Ele aceitava qualquer coisa visto que tinha galera de vários cursos na sala, quem fosse de música poderia fazer um videoclipe ou um pequeno musical enquanto quem era de artes plásticas poderia fazer um desenho animado ou um documentário sobre algum artista, enfim, qualquer coisa. Tínhamos que ter no máximo dez minutos de vídeo e no mínimo um minuto, era uma boa margem para trabalhar e certamente que a gente conseguiria fazer algo bem legal, talvez até misturar algumas ideias do professor.
Focamos na ideia de fazer um videoclipe animado, eu a Juleka faríamos a canção e daríamos ideias para o desenho e o Nath desenhava. No início achamos meio injusto, afinal, ele teria a maior parte do trabalho para si, mas ele insistiu tanto que acabamos aceitando. Juleka ajudaria ele a pintar todos os desenhos e no final eu trataria da edição de todo o material, junto do Nath.
Uma boa base é, sem dúvida, o mais importante, e todos estávamos animados para começar logo. Eu começaria por dar uma olhada nas canções que já tinha escrito ou pelo menos que tinha iniciadas, e mandaria tudo para eles em um grupo que acabamos logo fazendo no whatsapp (mesmo se usávamos o grupo mais para conviver e conversar de tudo o que de mais aleatório tivesse ao invés do trabalho). Com o passar do tempo, acabei começando a conversar imenso com o Nath por chat privado.
Ele era um cara super interessante e a gente se entendia cada vez melhor. Sei lá, pode soar estranho mas era tão legal conversar com ele, sentia que ele me entendia perfeitamente - melhor que ninguém na verdade. Com o tempo, até, posso meio que ter começado a me sentir um pouco atraído por ele... Enfim, para mim não era uma novidade assim tão grande, sempre foi claro para mim que sou bissexual, então não me causa qualquer problema que ele seja um cara. De qualquer jeito, quem não fica todo nervoso e todo bobo quando começa a se interessar por alguém, né?
Em mais um desses dias que a gente ficou conversando e conversando sem parar, acabamos voltando até juntos da faculdade. Juleka quis ir na biblioteca procurar sobre um livro de história da música e obviamente que eu que não a iria impedir, ter um tempo sozinho com o Nath não era exatamente algo que eu não queria.
VOCÊ ESTÁ LENDO
More Than A Friend
FanfictionUm novo tempo começou com a chegada à faculdade. Nada é mais como no ensino médio: professores diferentes, dezenas de livros para ler e um milhão de trabalhos em grupo para fazer. E, justamente em um desses trabalhos, um grupo inesperado é formado. ...