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Era férias de verão. Todas as crianças estariam ou viajando, ou curtindo o tempo de descanso dentro de casa. Hoseok gostava de dizer aos outros que teria um verão diferente; iria conhecer a fazenda de um dos seus tios, que morava no interior da Coreia do Sul.

— Veja, papai! — Exclamava ao enxergar os conjuntos de animais pelos campos da estrada, quase saltando de sua cadeira tamanha era sua animação.

Ao chegarem, foram recebidos por abraços e Hoseok muitos beijos, todos bem distribuídos pela esposa de seu tio e a filha do casal, que praticamente tratava Hoseok como se fosse um bebê, e não um menino de nove anos de idade.

— Quando poderemos ver os animais, tio? — Questionou o menino, os olhinhos brilhando de ansiedade.

O tio bagunçou seu cabelo, e apontou para um cercado montado ao redor de um celeiro, onde outro homem aparecia animado montado em seu cavalo.

Hoseok correu até o cercado, admirado com a beleza do animal. O cavaleiro acenou para o menino, mas tampouco Hoseok deu atenção. O alazão era mais importante para a criança.

— Este é Tempestade. Lindo, não é? — Explicou o tio, e Hoseok assentiu.

Depois que levaram Tempestade de volta ao celeiro, Hoseok acompanhou seu tio e pai pela fazenda, observando toda a vida que se seguia pela região, maravilhado.

Ao longe, havia um campo sendo arado por dois burrinhos. Um homem soltava o chicote em ambos, gritando para continuarem a trabalhar. Aquilo chocou tanto Hoseok, que o tio e o pai precisaram parar de caminhar, se não, acabavam perdendo o menino.

Ele não tirava os olhos da judiaria. Os ganidos de dor dos burrinhos penetraram seus ouvidos, instalando-se em sua memória, a dor do mundo se apossando deles. Foi como se Hoseok já tivesse sentido aquela dor, mas ela estava disponível fisicamente, e não emocionalmente – igual sua família quando mamãe morreu.

— Eles trabalham no arado. — Explicou o tio de Hoseok. — Ajeitam a terra para a colheita. Se não os estimular desse jeito, eles não funcionam. — Falava de forma simples, como se os urros dos burros fossem música para seus ouvidos.

Hoseok finalmente se virou, e encarou o tio assustado.

— Os cavalos não podem fazer isso? Eles parecem mais fortes. — O tio negou.

— Os cavalos servem para outra coisa. Não são animais de serviço, como os burros. — Pôs as mãos nos ombros de Hoseok, e o guiou na caminhada. — Vamos, Hoseok, ainda tem muito para conhecer.

“Não sei se quero continuar conhecendo”, pensou Hoseok, seu coração partindo-se a cada pedido de ajuda dos burros, e a injustiça que, infelizmente, até os animais sofriam.

cupido dos corações partidos [⭐] hoseok!btsOnde histórias criam vida. Descubra agora