Capítulo dois

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Naquela noite, enquanto voltava para casa. Numa estrada, escura, cercada por arvores e iluminada por apenas o farol de seu carro. Arabelle se perdeu em pensamentos que voaram entre as árvores. fantasiava ao imaginar o que a escuridão escondia, em meio ao som dos animais e dos insetos. Algo parecia observa-la em algum lugar entre as árvores de galhos tortos. Aquele misto de sons de animais que transitavam entre o silêncio da noite, pareciam chamar seu nome. BELLE. Como Rafael costumava lhe chamar. BELLE. Parecia cada vez mais nítido. BELLE. - Não é ele - Ela pensou - Não pode ser ele. BELLE. - Eu só posso estar louca.
BELLE. -Eu não tomei os remédios, só isso. BELLE. BELLE. BELLE. Ela acelerou, sem olhar para trás. Aquela voz parecia aumentar e persegui-la. BELLE. BELLE. BELLE. Sentia um sopro no peito. BELLE. BELLE. BELLE. Acelerou, querendo parar de ouvir, aquela voz. A voz dele, a voz suave e carinhosa dele. Que naquele momento, fez seu coração doer. Ela queria que fosse verdade, queria olhar para trás. E ver o rosto dele uma última vez. Mas, quando a ouvia, só lembrava da imagem de Rafael, morto, daquela forma horrível. O medo dela estava agora estampado em sua face, o barulho do motor abafara os sons da mata, mas, seu coração parecia estar batendo em seus ouvidos. Ao avistar o portão de sua casa, uma lágrima de alívio caiu de seus olhos. Quando entrou, parou o carro e desabou em lágrimas.

Com a respiração pesada, Arabelle entrou em sua casa. Só pensava em deitar e esquecer tudo aquilo. Com fome, porém, sem disposição para cozinhar. Sentou-se no sofá da sala. Pegou seu telefone e pediu uma pizza. Lembrou-se que todas as sextas-feiras, Ela e Rafael comemoravam o que chamavam de noite da pizza, onde comiam e assistiam filmes alugados. Os preferidos eram os clichês de comédia romântica. Era uma memória boa, a fazia sorrir e maquiava as memórias ruins.

Enquanto esperava, Arabelle organizava seus materiais de trabalho. Papéis e mais papéis empilhados no escritório à esquerda da sala. Quando ouviu um barulho de algo caindo sobre o assoalho de madeira. Não pôde conter o susto. olhou pela porta de vidro do escritório, os outros cômodos cozinha e sala eram visíveis de lá e ambos estavam iluminados. O som pareceu vir da cozinha. Sua vista a permitia ver o balcão que se estendia por de trás do sofá. A luz amarelada da cozinha revelava que não havia nada. Sendo assim, continuou a organizar. Outro barulho dessa vez seguido de mais um. Olhou para trás outra vez não era nada. Desconfiada questionou :
- Tem alguém aí ? 
O silêncio era total.
- Claro que não tem ninguém burra você mora sozinha. - Ela mesmo respondeu, com um sorriso para disfarçar o medo.
Voltou a organizar os papéis. Arabelle, distraída derrubou uma caneta atrás da mesa. Indignada com a atitude desastrada, se agachou debaixo da mesa, ficando de costas para a porta. Foi quando tudo escureceu, as luzes da casa haviam se apagado. E os barulhos se repetiram na madeira como se fossem passos. Arabelle se virou rapidamente, sentada de frente para a porta com os olhos arregalados. Alguém parecia estar descendo as escadas. Seu peito pareceu congelar, sua respiração ficou densa e seu corpo paralisado. Ela não conseguia sequer falar. Os passos ficaram abafados, como se alguém caminhasse pelo carpete da sala. A única coisa que fluía eram seus pensamentos. - QUE CARALHO É ISSO? O medo pareceu ter sido injetado em suas veias e congelado seu corpo como num pesadelo. Os passos estavam mais próximos da porta, ela estava perto de descobri o que te assombrava, isso fez seu medo dobrar. Junto dos passos um barulho, algo arranhava as paredes. Cada vez mais próximo. Arabelle cada vez mais presa dentro de si. O barulho aumentou, é agora. Num ato de desespero agarrou sua caneta e gritou: - PARAAA..! 
Din Dong!  Salva pela campainha. As luzes ascenderam imediatamente. Os barulhos desapareceram. Arabelle, com seus batimentos a mil por hora. Se levantou com cautela. Caminhou até a porta do escritório, olhou a sua volta. Tudo parecia bem. Caminhou até a porta de entrada. pode ver o entregador acenando através o vidro da porta.
- Peço que a senhora desculpe a demora. Sabe, sou novo na empresa. - Disse antes que ela pensasse em questionar - A senhora está bem? parece assustada.
- Não, eu estou… - Arabelle olhou para trás coçando a cabeça. - Eu estou bem sim.
- Olha se foi pela demo…
- Não é isso... Já está tudo bem.
Arabelle pegou a pizza e entregou o dinheiro.
- Tenham um bom apetite.
- Espera, você disse "tenham" ?
- Sim. O rapaz no quarto de cima não é seu marido?
- Que rapaz ? Moço eu estou sozinha! - Arabelle, sentiu seu corpo arrepiar.
- Sozinha ? Tinha um rapaz na janela de cima moça! - O rapaz com cara de confuso. - Talvez, tenha sido impressão. Bom, preciso ir.
- Ei, espera. - Tentou chamar o rapaz que caminhava em passos largos para a moto.

Arabelle fechou a porta com o coração na mão. Tentou ignorar tudo aquilo. - Belle! São os remédios cara, não surta. Você parou porque precisava. agora relaxa e come. Sentou-se no sofá, colocou a caixa da pizza sobre o colo e ligou a TV. O filme da vez era “Marley e Eu”. Era uma boa ideia para se distrair. - Cara, preciso adotar um cachorro.

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⏰ Última atualização: Mar 22, 2019 ⏰

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