Proêmio com os Mortos-Vivos

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 Por SeHun Oh

As histórias sempre se iniciam com perda da inocência vestida de ignorância, quando a promiscuidade se torna amante das minhas próprias ilusões voluptuosas, depois da maior arma contra o rito desconhecido do sangue ao profano e sagrado se torna sua lei, a sua religião.

Para muitos somos a raça odiosa que penetra a noite com as garras sanguinolentas massacrando pobres mortais desavisados, mas para outros nos tornamos musos que inspiram seus contos góticos embebidos de sentimentos negros, qual o alter ego do poeta nos abraça como amigos íntimos de seus lamentos soturnos.

Há uma essência não-domesticada nos admiradores da morte, admiro a fascinação pelo desconhecido que os fada a desejar conhecer-nos face a face, mesmo que isso lhes custe a alma descabida, algumas já perdidas pelo nefasto agouro dos diabos do sangue. Algo tétrico ensopa a fadiga que permeia os mortais em suas aventuras limitadas, mas é o que os fazem especiais; admito-lhes, eu gostaria de ser como os escritores das sombras.

No entanto, os sonhos de poeta são anulados pela peripécia do destino em minhas noites de matança. O putrefato não me enoja, a morte é a minha amada noiva, o que faz a minha relação com o âmago triste ser monótona e nada digna de um entoar de palavras com sentenças ensaiadas.

Detesto-os os sentimentos! Tanto que jurei-os matá-los um pouco mais a cada virada de século. Visto isso, talvez me faltasse a humanidade necessária para escalar as paredes do altruísmo.

Admiro o escritor, o poeta, o romancista.

Através deles as palavras se tornam mais que uma lenda escrita, a verdade se faz realista.

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