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posteriormente, nossas almas se encontraram pelo que pareceu ser uma enésima vez de uma contagem regressiva. era como se, em alguma parte de algum planeta oculto, houvesse uma bomba relógio antecedendo nossa tragédia cósmica.

meus braços traçaram teu corpo, teus lábios sorriram tragicamente e nós nos encaramos por um longo espaço de tempo.

por um momento, imaginei que poderíamos arriscar um contato mais profundo. afinal, nada havia acontecido.

mas como em uma tragédia escrita pelos dedos mais poéticos, eu me senti rachando lentamente até que tornei-me em pedaços minúsculos.

colidimos por uma

duas

três

e infinitas vezes.

mas aquela, todavia, parecia ser a última.

eu te vi quebrar. o universo levara cada partícula do que tu fora antes. se eu pudesse chorar, lágrimas estariam cobrindo o meu rosto. eu não sentia nada. sentia tudo. tragicamente, infinitamente e dolorosamente.

você partiu-se lentamente.

e de asteróides orbitando em lugares distintos, nós passamos a ser uma poeira cósmica com tragédias descritas em cada partícula.

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