Já havia se sentido sozinha antes, mas nada, nada...como isso. Tudo que conhecia, eram as paredes frias e úmidas de pedra de um orfanato onde vivera sua vida toda, sendo criada em meio à outras tantas crianças desconhecidas como ela, das quais ela chama de "família", a única que conheceu.
Agora prestes a completar 18 anos, não vê como seria possível sobreviver sozinha em um mundo completamente estranho e alheio à ela
- Ayla, eu sinto muito que não possamos mantê-lá aqui após completar sua maioridade, sabe que se dependesse de minha vontade você teria aqui como o seu lar até quando fosse de sua escolha, mas eu só dirijo este lugar e mantenho as coisas em ordem, você sabe - com o olhar de preocupação, Miranda tenta me consolar - São regras do orfanato
- Não se preocupe comigo, por favor, vocês fizeram o que podiam por mim durante todos esses anos Miranda, deram à mim e as outras crianças um lar - olho pra ela tentando confortá-la quando na verdade quem precisa de conforto sou eu, mas ninguém precisa realmente saber disso.
- Olha Ayla, é uma garota muito bondosa e até certo ponto ingênua, temo pelo que irá encontrar nesse mundo à fora.. - ela inspira profundamente como se estivesse com dor - Se eu pudesse, se eu, bem..
Vou em direção à Miranda e a abraço com tudo que sou, é o máximo que posso fazer por ela e por mim nesse momento
- Miranda, não vou pedir coisa alguma à você, sei em que posição está e não é justo que se sacrifique novamente sua vida e seus sonhos por mim. - eu olho profundamente nos olhos verdes e só então percebo quanto sacrifício e renúncias se escondem alí por trás daquele sorriso maternal e cansado. Ela só permaneceu no orfanato porque eu cheguei aqui ainda um bebê, e ela se sentiu compelida a me proteger