⚜Capítulo 9⚜

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Peguei o meu celular, o aparelho e subi para o quarto. Eu passava a maior parte do meu tempo trancada e na cama.
Me jogando sobre a mesma passei horas encarando o meu telefone pensando se deveria ligar para o Piter ou não. Entre meus devaneios, achei melhor seguir o conselho da mamãe, mas ainda não estava preparada para contar a verdade para ele.
Apesar de não conhecê-lo bem, havia algo no Piter que me fazia gostar dele. E algo dentro de mim gostaria muito que ele não fosse só mais uma pessoa a cruzar o meu caminho e seguir uma estrada diferente. 

--Me encontre no parque onde nos vimos pela segunda vez.

Digo desligando meu telefone sem dar espaço para o mesmo responder ou dizer qualquer coisa. Agora contaria com a sorte para encontra-lo. Se é que ela realmente existe. E me perguntava se ele havia reconhecido minha voz.        

Estava um clima meio quente, algo raro de se acontecer por aqui.
Depois de um banho gelado para me refrescar do calor mediano, desço para o almoço. 

Vou até às escadas e peço a ajuda do papai para descer com o aparelho.

---- Papai! ---- Grito. - Pode me dar uma mãozinha, se possível?

----- Estou indo! - Ele responde vindo até a escada.

Ele sobe os degraus ao meu encontro. Eu não acostumar ceder a ajuda, mas, algumas vezes, era mais que preciso.

----- Essas escadas me cansam tanto. Por que o meu quarto tem que ser lá encima?! - resmungo me jogando no sofá.

----- Você precisa se exercitar. - Mamãe diz arrumando a mesa para o almoço.

----- Parece que a cada dia acrescentam mais um degrau! - Retruco.

----- É que a cada dia você acorda mais sedentária! - papai brinca.

------ É muito difícil fazer exercício físico quando se está morrendo.- Digo e todos ficam em silêncio.

Já disse que eu sou ótima em estragar climas familiares?

----- Você já colocou comida para a Chloé? - mamãe pergunta quebrando o silêncio e mudando de assunto.

----- Céus, Eu me esqueci completamente! - resmungo. 

----- Não a mate de fome! - papai me repreende.

----- Desculpa.

Procuro a Chloé por toda casa e à encontro no quarto do Nick.

---- Oi Garota! - digo abaixando e à acariciando.

----- Memy, você viu a coleira que fiz pra ela? Radical! - Nick diz pulando da cama.

Tiro a coleira já Chloé e no pequeno pingente estava escrito "Théo". 

---- Por que está escrito Théo? A Chloé é fêmea. - pergunto confusa.

----- Porque esse nome é mais radical! - ele explica. ----E eu queria um menino.

----- Mas o nome dela é Chloé! E ela é uma menina. -resmungo.

----- Olha do outro lado. - ele diz.

Ao olhar estava escrito "Chloé" com uma letra bem pequena e pouco legível.

---- Tá, okay! ---- Concordo. - vem Chloé, hora de comer! E você também, Nick.

Ele passa por mim e corre em direção a cozinha.

----- Nick, eu já disse para você  parar de correr dentro de casa! Você vai acabar quebrando alguma coisa! - mamãe grita.

----- Desculpa mamãe! - ele diz abraçando o papai.

----- Oi Campeão! - papai diz beijando o mesmo.

----- Não vi o senhor chegando! - ele diz animado em ver o papai.

---- Que tal irmos jogar beisebol hoje a tarde? - papai pergunta e o Nick sorri animado com um sim sorridente.

----- Memy, você vai com a gente? - ele me pergunta animado.

----- Eu adoraria campeão, mas tenho aula de literatura! - ele fica cabisbaixo. ---- Mas, olha, derrote o papai por mim, tá?! - sussurro no ouvido dele que sorri olhando para o papai.

---- Pode deixar! - ele grita empolgado.

----- A senhora Brighton vem hoje? - papai pergunta.

----- Sim, ela disse que tem um novo assunto, e na semana que vem terei uma prova. - respondo.

---- Estude bastante. - papai me aconselha.

----- O almoço está pronto! - mamãe diz e seguimos para a mesa.

Como sempre, papai fala sobre seu incrível trabalho na empresa e o quanto estão lucrando. Mamãe conta sobre algumas experiências passadas na sua clínica veterinária, e sobre a senhora Header e seu gato obeso da qual mamãe sempre diz que é sortudo por não ter batido as botas ainda. O Nick contava sobre seus jogos do colégio e seus amigos.

Eu me sentia um pouco deslocada quando almoçava ou jantava com minha família. Eles sempre tinham assuntos interessantes. O papai sempre tinha algo para mencionar, talvez uma promoção na empresa, uma discussão ou até mesmo sobre pagamentos e contabilidade. Mamãe sempre tinha histórias engraçadas e tristes sobre os animaizinhos que ela cuida e também sobre seus donos. Até o Nick mesmo sendo apenas uma criança também tinha experiências para contar, talvez sobre o jogo de futebol no colégio, um novo coleguinha, um desenho ou até mesmo a boa nota em uma prova. E eu? Eu era a única que não tinha uma experiência interessante para uma contar, era sempre a mesma rotina. 

Sou interrompida dos devaneios da minha mente pelo papai, que me fez uma pergunta da qual eu não havia escutado.

---- Emelly? Emelly!! - Ele repete tentando chamar minha atenção. 

----- Ãn, oi.... oi! - digo.

----- Está tudo bem? - Ele pergunta preocupado.

---- Sim, está! Só estava pensando um pouco! - respondo e ele repete a pergunta que havia feito no começo.

----- Tem alguma novidade?  - ele pergunta.

----- Acho que não, não que eu me lembre. - respondo. 

------ Conta para ele sobre o seu livro! - mamãe menciona empolgada.

----- Livro? Você voltou a escrever?  - Papai pergunta curioso.

----- Sim, eu... Eu estou escrevendo um, não que esteja bom, mas eu estou tentando. - Respondo e ele sorri.

----- Você me deixa orgulhoso! - ele sorri.

---- Obrigada pai! - sorrio de volta.

----- Essa é a única novidade?

----- Eu entrei para um grupo de apoio virtual! Não que isso seja uma novidade. - digo e surge um silêncio quebrado pela mamãe novamente. 

------ Um grupo de apoio? Filha isso é ótimo! - ela diz entusiasmada e o papai concorda com a cabeça.

----- E você está gostando? Como se chama? - ele pergunta.

----- J C L! Juntos contra leucemia. - respondo. ----- São pessoas legais, bem interessantes. 

----- Que nome criativo! - mamãe diz.
----- Todos já acabaram?  - Ela pergunta se levantando para recolher os pratos.

----- Eu te ajudo mamãe! -  me levanto também.

----- Obrigada, querida. - ela responde e começamos a tirar a mesa.

Pequenos InfinitosOnde histórias criam vida. Descubra agora