Reféns da Distância

Prólogo

Tomás acordou e se remexeu um pouco na cama antes de se aprontar para ir á escola, bagunçou os cabelos — Sem necessidade, pois a situação atual de seu cabelo mostrava que tivera uma boa noite de sono —, tomou coragem para reagir aquela manhã e se pôs sentado na cama; respirou o ar puro que chegava da janela em conjunto com raios solares fortes e vívidos. Pegou o seu celular na mesinha que descansava ao lado da sua cama, ao lado do celular tinha um bilhete com curtos dizeres: '' Tomás, tive que sair mais cedo para o trabalho, deixei o café pronto na mesa da cozinha, mamãe te ama! Tenha um bom primeiro dia de aula meu bebê – Assinado: Marta ''

Ele deixou um sorriso escapar no canto da boca, as vezes esquecia que sua mãe era a pessoa mais caprichosa que conhecia e os coraçõezinhos coloridos com diversas cores só reforçava isso. Olhou as horas no celular e viu que ainda tinha cerca de meia-hora para se arrumar. Seria a primeira vez que iria lidar com pessoas desde que se mudou para Texas, o nervosismo não podia ser ocultado, Tomás nunca fora uma pessoa experiente quando o assunto era socializar-se.

Respirou fundo enquanto tirava as peças de roupa do seu corpo e era atacado por brisas gélidas que arrepiavam todo o seu corpo, se o chuveiro não tivesse aquecedor ele pensaria muito antes de entrar no banheiro. Escovou os dentes rápido, e partiu em direção ao chuveiro, a água estava quente e isso o ajudaria a acordar por completo. Fechou os olhos e imaginou que, a água levaria não só a sujeira do seu corpo, mas também todo o nervosismo que ele escondia dentro de si.

Depois de um tempo no banho finalmente saiu afim de encontrar uma roupa que calharia bem para o primeiro dia de aula. Tirou uma calça jeans preta do guarda-roupas e levantou sob os seus olhos. '' Nada mau'' pensou ele. Pôs primeiro a cueca para depois pôr a calça que ficara demasiada apertado. Agora era a vez da camisa. Mangas longas? Pensou É uma boa nesse frio. Escolheu uma jaqueta xadrez preta com listras brancas e por baixo uma blusa branca comum.

Deu uma última olhada no reflexo no espelho, faltava alguma coisa, as mangas, ele as puxou até um pouco antes do cotovelo. Se perfumou e arrumou o cabelo, depois de um tempo, enfim, pronto. Olhou as horas, ainda tinha dez minutos.

Um garoto de quinze anos, um metro e sessenta, olhos azuis e cabelos negros, pele morena e com dificuldades de se enturmar, o primeiro dia de aula de um inocente garoto em uma escola enorme no Texas.

Desceu as escadas o mais depressa que pôde, nem se importou em comer, pois a possibilidade de chegar atrasado martelava sua mente constantemente, a escola não era tão distante então ele resolveu ir caminhando. O caminho era cercado de árvores, ruas movimentadas, muitas pessoas caminhavam pelas ruas e na maioria estudantes, ele percebeu que já tinham grupos de amigos que estudavam na escola onde ele estudava, refletiu que ele nem sequer conhecia ninguém, isso só aumentou a tensão e a ansiedade.

Chegou enfim á escola, era enorme, já tinha uma boa quantidade de gente, a entrada dava vista ao estacionamento, onde vários alunos deixavam seus veículos e saiam em direção aos bancos que eram espalhados pelo pátio; ou tinha aqueles que resolviam andar mais um pouco e ir em direção a quadra, que era atrás da escola, que por sinal era enorme. Todavia a maioria optava por entrar e ir atrás de suas salas já que, um grande número de pessoas eram novatos ali.

Tomás trilhava o caminho em direção á um banco que se encontrava um pouco depois do estacionamento, no caminho escutou clara risadas e comentários maliciosos entre as pessoas: A quantidade de casais eram enormes. Aqui e ali uns grupos de amigos encostados nos recantos da escola, mas tinha um em específico que ficava estacionado na escadinha que dava a entrada ao corredor das salas, onde eles tiravam sarro de qualquer um que passasse por ali. Finalmente se sentou no banco e abriu a mochila verificando se estava tudo ok. Sim estava.

Agora ele tinha de encontrar a sua sala. Se obrigou a passar por aquele grupinho que pareciam ser os ''descolados'' do colégio. Passou de cabeça abaixada e subiu os degraus olhando para os pés, tentando passar despercebido.

— Ei! — Uma garota ruiva alertou o amigo que estava no lado com um tapinha no braço. — Esse aí até que é bonitinho. — Apontou para Tomás.

— E aí bonequinha, é novato aqui? —Um rapaz perguntou, puxando Tomás pela camisa quase delicadamente. Esse usava uma jaqueta preta e um blusa branca por baixo, uma calça jeans branca colada, cabelos loiros e pele morena.

— Sim, eu me mudei para Texas recentemente. — Tomás respondeu timidamente, rodando os olhos por aqueles garotos e meninas.

— Eu só perguntei uma coisa, não precisa me dizer duas. — O mesmo cara disse, arrancando risadas das pessoas ao redor.

Tomás sentiu suas bochechas arderem de vergonha, saiu em retirada, querendo voltar a sua intenção inicial: Encontrar sua sala. Mas foi puxado novamente antes que entrasse. O mesmo cara.

— Chega man, não vamos assustar a presa logo no primeiro dia. — Draco um cara alto de cabelos pretos e olhos castanhos se manifestou, soltando a mão do louro da jaqueta de Tomás. — Vaza daqui bebezinho.

Tomás saiu e respirou aliviado, o dia já tinha começado da pior forma possível. Depois de um tempinho encontrou a sala e pra sua surpresa o cara que o tinha defendido mais cedo estava na mesma sala que ele: Segundo ano.

Tomás sentou na frente de Draco. A aula foi se desenrolando e como esperado do primeiro dia, a aula foi bem tranquila. Todos anotando o que era dito pela professora de química.

— Escuta aqui. — Draco se inclinou na cadeira e colocou os lábios bem perto da orelha de Tomás, este pulou de um susto e sentiu seu corpo inteiro se arrepiar com aquela voz rouca. — Ou você é a minha puta, ou você é a minha puta e a dos meus amigos, você escolhe, novato.