Persona • Jikook

prólogo

New York, 31 de dezembro de 1928 às 10:30 pm.

Uma leve batida tirou a atenção que Jungkook depositava nas folhas espalhadas na bagunça de sua mesa, ele levantou calmamente seu rosto em direção a porta e soltou um suspiro cansado.

— Entre — Disse, se recostando na cadeira.

A porta foi aberta e ele observou a figura de seu melhor amigo - e colega de trabalho - entrar em sua pequena sala localizada no departamento de polícia de Nova Iorque. O homem caminhou até estar de frente para Jungkook, olhando-o com interesse e curiosidade.

Kim Namjoon era um policial de uma presença notável e intimidante, seus um metro e oitenta de altura e cabelos castanhos escuros faziam qualquer homem temer seu temperamento explosivo. Sua personalidade era espirituosa e brilhante.

— Ainda trabalhando? — Namjoon perguntou sem tirar os olhos do homem sentado. — É quase meia noite e hoje era o seu dia de sair mais cedo...

Jungkook tinha seis anos quando se mudou para os Estados Unidos com seus familiares, tentando escapar de um futuro impiedoso em uma ditadura imposta pelo governo Japonês no território Coreano. Sempre havia sido muito grato pela chance de sobrevivência que recebeu e, aos 17 anos, quando ele finalmente entendeu o privilégio que possuía por viver na chamada "Terra da Liberdade", decidiu que, enquanto vivesse, lutaria por justiça. Foi assim que seu sonho de se tornar um policial nasceu.

Soltou uma risada sem humor, encarando sua mesa. Pensava com escárnio sobre a ironia que era Namjoon ter vindo procurá-lo, visto que só poderia significar uma coisa: mais trabalho.

— Sim, ainda estou trabalhando e, pelo visto, vou continuar.

— Culpado. — Namjoon deu de ombros sem realmente demonstrar arrependimento. — Ramirez está chamando todos do departamento em sua sala, parece que foi um homicídio. — Prestando atenção ao que seu melhor amigo falava, Jungkook bufou. Em geral, os assassinatos que a delegacia investigava eram todos relacionados à briga por poder entre as gangues da cidade, que estavam sempre competindo no tráfico de drogas e, agora, de bebidas. Namjoon, percebendo sua feição desanimada, logo abriu um sorriso de lado. — Se eu fosse você, não ficaria tão desencorajado antes de ouvir os detalhes.

Jungkook cerrou seus olhos em confusão e inclinou levemente sua cabeça.

— Você sabe de alguma coisa! — Acusou.

Namjoon sorriu e se retirou - quase que saltitando de animação - da sala, o que, na visão de Jungkook, era um pouco ridículo para um homem daquele tamanho. Ele suspirou e o que lhe restou fazer foi se levantar e seguir seu parceiro em busca de mais detalhes sobre o suposto caso.

Entrando pela porta entreaberta da sala de Santiago Ramirez, ele encarou todos os seus colegas de trabalho em volta da mesa de seu superior, esperando que lhe explicassem a situação. Ramirez notou a presença do jovem policial e sorriu cortês.

— Agora que estamos todos aqui, podemos começar. — Seu sorriso se desvaneceu e no lugar uma carranca séria e profissional formou-se. — Como todos já devem saber, trata-se de um homicídio. — Todos concordaram. — A vítima é uma mulher branca, na casa dos 20 anos, encontrada nua com sinais de estrangulamento. Foi constatada a presença de sêmen no corpo, mas não foram encontrados sinais de estupro.

Jungkook analisava cada palavra dita por Ramirez. Eram mais frequentes os casos de homens assassinados por envolvimento com gangues, contudo não era totalmente incomum uma mulher ser a vítima desse gênero de crime também. Nada alarmante.

— Essas gangues não dão sossego mesmo! — Esbravejou Brian Davis, um dos policiais presentes na sala.

— É aí que você se engana, Davis. — Falou Namjoon com desprezo.

— Posso terminar de contar ou vocês querem que eu coloque todos para dar multas de trânsito? — A impaciência era perceptível na voz de Ramirez, fazendo todos na sala suspirarem coletivamente. Nada era pior que ficar encarregado das multas de trânsito. — Obrigado. Continuando, poderia sim ser um crime relacionado à traficantes, mas eu, pessoalmente, duvido. — Ramirez falou, encarando o rosto de cada um dos policiais. — E o motivo, é o local onde o crime aconteceu. — Ele parou novamente, quase como se quisesse deixá-los ansiosos. — Manhattan.

O silêncio na sala foi imediato e, por fim, Jungkook entendeu o motivo pelo qual Namjoon estar tão animado com esse caso em especial. Homicídios relacionados à gangues normalmente aconteciam em bairros marginalizados. Não em Manhattan, o antro dos ricos e pessoas da alta sociedade, onde ficavam escondidos os melhores e mais sofisticados cabarés e bares clandestinos de Nova Iorque.

É claro que havia uma remota chance de o crime ter tido o envolvimento de gangues, mas, para os policiais ali, era claro que aquele crime era muito mais que isso.

New York, 31 de dezembro de 1928 às 11:40 pm.

A festa de ano novo emanava magnificência e dinheiro. As pessoas presentes naquela ampla cobertura, situada no centro de Manhattan, conversavam calmamente sobre assuntos triviais e gozavam da tranquilidade que a noite lhes transmitia.

Park Jimin estava magnífico, como sempre. Com seus cabelos loiros em leves ondas divididas no meio e seu smoking especialmente confeccionado para sua silhueta suave e cheia de curvas. O sorriso brincando em seu rosto demonstrava toda sua satisfação ao analisar a festividade de sua família.

— Você está formidável, meu filho — Ouviu a voz de seu pai e logo depois o calor de um corpo se fez presente ao seu lado.

O sorriso de Jimin abriu ainda mais, se é que era possível, e encarou aquele rosto familiar que tanto admirava.

— Obrigado, papai — Pronunciou carinhoso e logo seguida fez uma careta confusa. — Você viu Yoongi por aí? Iremos sair após a contagem do ano novo.

Seu pai fez uma careta. Adorava o melhor amigo de seu filho, Min Yoongi, porém nunca havia apoiado as saídas tarde da noite dos dois jovens. Podia ser tudo, mas não era bobo, sabia muito bem onde eles iam sempre farrear: Personne

Personne era o famoso cabaré clandestino localizado em umas das ruas de Nova Iorque. O estabelecimento visava dar aos clientes um lugar para apreciar shows ao vivo, pessoas dançando e, principalmente, um lugar para consumir álcool.

Park Jimin e Min Yoongi eram clientes assíduos, quase todas as noites frequentavam e curtiam o confortável cabaré. Não poupavam gastos para se divertirem, já eram conhecidos e partilhavam amizades com funcionários e, até mesmo, com o próprio dono.

— Jimin! — Yoongi chamou enquanto andava ao encontro do loiro. Abraçou-o e logo se virou em direção ao homem mais velho, que analisava a cena à sua frente, se curvando. — Boa noite, Senhor Park.

Park Dongsun sorriu fracamente e se retirou, desejando dar aos jovens privacidade. Yoongi se virou novamente para seu melhor amigo.

— Ele já te falou ou ainda está tentando te fazer uma surpresa? — Riu.

— Ele realmente acha que consegue me enganar — Disse Jimin se gabando. Deu um gole na bebida borbulhante em suas mãos. —Eu já descobri que ele me presenteará com um carro, então não lhe tirarei a satisfação de querer fazer-me uma surpresa.

Yoongi riu novamente e ajeitou os cabelos pretos que caíam em seus olhos.

— Pelo menos não teremos mais que pedir o carro emprestado toda noite para sairmos. — Disse e olhou ao redor — Vamos encontrar nossos pais, está quase na hora da contagem para meia noite.

Caminharam até a pequena multidão que se formava na espaçosa varanda do apartamento da família Park. Faltando cinco minutos para a meia-noite, os dois jovens encontraram seus pais e se juntaram aos demais para aguardar ansiosamente os dez segundos de contagem regressiva.

Então, após finalmente o relógio marcar o horário esperado todos se cumprimentaram animados, era oficialmente 1 de Janeiro de 1929. Não podiam estar mais ansiosos para saberem das surpresas e mistérios que o ano lhes preparava.

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postei esse prólogo curtinho pq eu realmente estou muito animada com essa fanfic e queria animar vocês também!!!!! minha cabeça tá com TANTA ideia, vcs nem imaginam...

Me digam se estão gostando e as teorias de vocês pro rumo da história!!!!!